Assim vai a comunicação social nacional.
Na passada terça-feira, dia 25, estes foram alguns dos títulos da comunicação social portuguesa:
RTP: “Mitt Romney defende que janelas dos aviões deveriam poder ser abertas”;
SIC: “Mitt Romney parece desconhecer porque não se abrem as janelas dos aviões”;
Expresso: “Mitt Romney não percebe porque as janelas dos aviões não podem ser aberta”;
TSF: “Mitt Romney quer abrir as janelas dos aviões”;
Público: “Há uma razão para que as janelas dos aviões não se abram, mas Mitt Romney parece ter dúvidas”;
Diário Digital: “Mitt Romney quer poder abrir as janelas dos aviões durante o voo”;
JN: “Romney indignado porque janelas dos aviões não abrem”.
Às tantas, dei comigo a pensar o que é que leva um homem que é Juris Doctor e MBA por Harvard, empresário de sucesso, governador do Estado de Massachusetts, CEO dos Jogos Olímpicos de inverno de 2002 e candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos da América a fazer uma declaração tão estupida. Mas o que mais me intrigou foi porque é que a imprensa americana, mesmo aquela que é hostil ao candidato republicano, não falou sobre este assunto e a imprensa portuguesa deu o destaque que se vê nos títulos que acabei de publicar. O jornal Público até se deu ao trabalho de falar com uma professora do Instituto Superior Técnico para ela explicar porque é que as janelas dos aviões não abrem.
A imprensa americana não deu destaque a esta notícia porque estava presente no jantar de angariação de fundos para a campanha eleitoral onde Mitt Romney, a propósito de um incidente com um avião em que viajava a mulher, contou uma piada sobre as janelas dos aviões não abrirem para arejar no caso de ficarem com fumo, como tinha sido o caso do avião que transportava a sua mulher. Na sala todos se riram porque perceberam a piada, inclusive a imprensa americana que não tratou do assunto por se tratar de uma piada.
De todas os órgãos de comunicação social que citei no início deste texto, apenas o jornal Público teve a dignidade de publicar uma rectificação e declarar que, afinal, tratava-se de uma piada contada por Mitt Romney.
Isto dá-nos uma ideia do ponto a que chegou o jornalismo que se pratica em Portugal.