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alinhamentos

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Qua | 16.01.19

A “normalidade” do adiamento do IC35

fcrocha

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Há mais de 20 anos que os vários Governos andam a prometer a construção do IC35, que há-de ligar Penafiel a Entre-os-Rios, passando a ser uma alternativa à EN106. São pouco mais de 13 quilómetros. Para se perceber a importância desta estrada, a EN106 tem uma média diária de circulação de 13 mil veículos, sendo que uma grande parte são pesados de mercadorias. Se tivermos em conta que nestes 20 anos se construíram auto-estradas onde passam menos de três mil carros por dia, tornam-se ainda mais incompreensíveis os sucessivos adiamentos da construção do IC35.

 

Em Julho de 2015, o Governo de então avançou com a adjudicação da construção do primeiro troço do IC35. Seriam 2,5 quilómetros que iriam ligar Penafiel a Rans. À primeira vista, poderia parecer até ridículo lançar a concurso um troço tão curto, mas a verdade é que era a primeira vez que, em mais de 20 anos, havia algum avanço real neste projecto. Na altura, todos queriam ouvir o secretário de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Comunicações a prometer a construção integral da estrada, mas este, de forma honesta, disse: “O Governo só se pode comprometer com as obras que pode pagar”. O certo é que em Setembro do mesmo ano foi publicado, no “Diário da República”, o lançamento da obra.

 

Menos de um ano depois de apresentada e oficializada a empreitada desta primeira fase do IC35, o Governo socialista ainda em funções decidiu adiar, mais uma vez, a construção do IC35. Desta vez para 2017. Chegámos a 2019 e a mesmo Governo decidiu inscrever o IC35 no Plano Nacional de Investimentos que vai de 2020 a 2030. Ou seja, pode ter adiado o início da obra por mais dez anos.

 

Ignorando agora ostensivamente o que tinha sido publicado em “Diário da República” em Setembro de 2015, o Governo socialista demonstra não cumprir a sua palavra, prejudica toda a região e desconsidera as populações e os autarcas locais. Esperava-se, por isso, que os presidentes de Câmara da região reagissem de forma enérgica a este desrespeito, mas, com a excepção de Antonino de Sousa, presidente da Câmara de Penafiel, mesmo assim de forma insuficiente para um assunto tão grave, a sucessão de adiamentos parece ter passado despercebida, se é que não foi considerada “normal”. Na verdade, os autarcas locais estão a dedicar muito pouca atenção a um problema tão grave.

Seg | 14.01.19

Prometo para quando já não for eu a decidir

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O que começou por ser a intenção de diminuir o valor das propinas para os estudantes das universidades públicas, passou a decisão de acabar com as propinas… daqui a 10 anos.

 

Este anúncio do Primeiro-Ministro, o qual o Presidente da República já louvou, levanta três questões:

 

Primeira: Aparentemente, a medida pode até parecer socialmente benéfica, mas, na verdade, não passa de uma medida iníqua e com um resultado quase nulo para as famílias carenciadas.

 

Um estudante de uma universidade pública paga, em média, cerca de 88 euros por mês em propinas. A redução deste valor em alguns euros não é significativa para a globalidade dos estudantes. Para além disso, as famílias mais necessitadas têm acesso às bolsas de ensino.

 

Se o Governo entende que tem margem orçamental para acabar com propinas, então deverá aplicar esse dinheiro de forma a socorrer os estudantes com maiores dificuldades económicas. Neste momento, as maiores necessidades são mais bolsas de estudo e mais residências universitárias com preços controlados pela universidade;

 

Segundo: As universidades portuguesas vivem um grave problema de subfinanciamento crónico. Para acabar com as propinas o Governo tem que garantir que no Orçamento de Estado existam mais 200 milhões de euros para as universidades. Ou seja, se o Governo não tem dinheiro para transferir para as universidades, onde vai encontrar mais 200 milhões euros;

 

Terceiro: A medida é para ser aplicada daqui a 10 anos. O Governo que termina funções em Outubro de 2019 decidiu fazer uma promessa para 2029. É provável que em Novembro de 2019 António Costa seja Primeiro-Ministro, mas não o será, com toda a certeza, em 2029. Ou seja, não passa de anúncio sazonal, fruto da época que vivemos.  

Sex | 11.01.19

Ontem foi um dia de vergonha para o jornalismo

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O texto é do meu amigo Miguel Cabral e é sobre a reportagem da TVI24:

As ideologias totalitárias do marxismo, comunismo, nazismo, etc. foram caindo (com tantos milhares de mortos e danos colaterais) e agora temos a ideologia do género que cada vez tem mais seguidores e impõe a sua agenda nos meios de comunicação, ensino, leis, etc. Impõe. Obriga. Proíbe quem pensa diferente!

Conseguiram, por pressão ideológica, que a homossexualidade deixasse de ser considerada doença e, agora, proíbe-se qualquer tratamento ou indicação contrária. O que importa é a ideologia. Ignora-se o sofrimento das pessoas. Querem ser tratadas dessa inclinação? Proibido! E se uma pessoa quiser mudar de sexo (com menos de 18 anos, sem conhecimento dos pais)? Faça-se! O Estado (os nossos impostos) paga. E se quiser fazer uma plástica para reduzir o tamanho do nariz? É doença? Não. Então está proibido tratar? Mas uma pessoa que sofra por ter inclinações homossexuais está proibida de ser ajudada, de ser tratada se assim quiser livremente? Nem pensar! Mais, proíbe-se e condena-se quem quiser ajudar!

As ditas consultas são secretas? Mentira! São confidenciais porque assim respeitam melhor quem procura ajuda. Secreto é quem leva uma câmara e gravador ocultos!


O que se passou ontem no programa da TVI 24 não pode ficar impune. Gravar consultas médicas? Gravar conversas com padres? Se são tão valentes experimentem gravar conversas de muçulmanos radicais!
E se gravassem sem conhecimento os encontros de homossexuais? O que seria?!


Tudo muito mau. Ontem foi um dia de vergonha para o jornalismo e da liberdade de expressão que não respeita os outros. Mau para a relação de confiança dos pacientes com os médicos, dos penitentes com os sacerdotes, dos espectadores com as televisões. Muito mau também para a dignidade dos próprios homossexuais, que mereciam mais... Porque ninguém pense que não há muito sofrimento escondido.

Mas, em nome da tolerância, está proibido falar nisso. País da Liberdade?! Só se lhes convém! Porque liberdade sem verdade é mentira! E assim não se respeita a dignidade da pessoa humana.

Miguel Cabral
Padre e médico

Qui | 10.01.19

Nunca é tarde para corrigir um erro

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logo_penafiel_verde.pngEm Agosto do ano passado escrevi sobre a transparência na gestão da empresa municipal Penafiel Verde.

Esta empresa é 100 por cento propriedade do Município de Penafiel e é também um dos principais patrocinadores do Futebol Clube de Penafiel. A nomeação do presidente do conselho de administração daquela empresa municipal é da responsabilidade do presidente da Câmara.

 

Na altura, por nomeação da Câmara Municipal de Penafiel, o social-democrata António Gaspar Dias era o administrador da empresa municipal, sendo em simultâneo o presidente do Futebol Clube de Penafiel.

 

Embora tudo aquilo fosse completamente legal, era, no entanto, eticamente reprovável. Ninguém acharia correcto que o presidente de um clube de futebol fosse, ao mesmo tempo, o presidente da empresa municipal que financia o seu próprio clube com o dinheiro dos munícipes. Por muito legal que tudo isto pudesse ser, havia imensos conflitos de interesses em jogo, acabando por ser os dos munícipes aqueles que ficariam, aparentemente, sem salvaguarda.

 

Ora, entretanto, a Câmara de Penafiel teve a capacidade de reconhecer que tinha cometido um erro e substituiu o presidente do Conselho de Administração daquela empresa.

 

Esta decisão do Município ajuda a garantir a transparência na gestão da coisa pública. O que é de registar com agrado.

Qua | 09.01.19

Vai dar banho ao cão!

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Há uns anos, um santo sacerdote de quem tive o privilégio de ser amigo, falou-me do “apostolado do palavrão”. Na altura, confesso, fiquei meio baralhado. Então, ele explicou-me:

 

“Supõe que quando acabarmos a nossa conversa eu te acompanho até ao carro. Nessa altura, passa um amigo teu que me vê vestido com esta batina negra ao teu lado. Mais tarde, quando te encontrar diz: -‘Então andas metido com os padres?’ Nessa altura a tua resposta pode ser mandá-lo para qualquer lado com um simpático palavrão.” E continuou: “Não vale a pena gastares tempo a explicar o que quer que seja a alguém que não fala a mesma linguagem que tu, nem tão pouco está de boa-fé?”.

 

Lembrei-me deste episódio quando, hoje de manhã, recebi a notificação que tinha sido identificado num texto escrito pelo Manuel Pinho (que antes se chamava José Manuel Ferreira) e que, de forma presunçosa, achou que tinha a importância necessária para eu lhe dedicar o texto do meu post “Queira Deus que corra mal!”.

 

Li o texto onde estava identificado. Pensei em responder, mas o texto revela uma de duas coisas: ou o autor não teve capacidade cognitiva para compreender o que escrevi, ou está de má-fé. Por isso, a única resposta que será capaz de entender é esta: Vai dar banho ao cão!... para não ter que te mandar para um sítio muito feio.

Ter | 08.01.19

Queira Deus que corra mal!

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Este deve ser o pensamento dominante das oposições (oficiais e oficiosas) da nossa região.

 

Vem isto a propósito das declarações que o ministro Pedro Marques fez à jornalista do Verdadeiro Olhar sobre a linha ferroviária que poderá vir a ligar Valongo a Felgueiras.

 

O título da notícia diz: “É viável acreditar que vamos estudar a Linha do Vale do Sousa”. O que leu a oposição: “Se calhar nem vamos fazer o estudo”. Logo, sem tempo para lerem o corpo da notícia, num estilo de “quanto pior, melhor”, desataram as escrever comentários de chacota sobre o projecto.

 

Caso tivessem lido a notícia (lido e compreendido), descobririam que o Ministro afirmou que “está previsto começar a estudar o tema [a Linha do Vale do Sousa] no âmbito do Programa Nacional de Investimentos 2030” que será brevemente aprovado na Assembleia da República.

 

Mas o Ministro disse mais: disse que “percebe bem” esta reivindicação da região, porque “são concelhos com muita dinâmica económica e muita população também, muito fortemente integrados na dinâmica exportadora do país”. Por isso, o Governo “tem que olhar para outras regiões e ver se efectivamente a procura o justifica e quais as condições técnicas de execução desse tipo de investimento”.

 

Já aqui escrevi que não acredito na visão dos que dão a construção da linha como certa, como se fosse acontecer dentro de dias. Mas também não compreendo os pessimistas, para os quais a ideia é uma fantasia que jamais será possível alcançar.

 

A conferência sobre a ferrovia teve mérito: primeiro, porque pôs os políticos locais a discutir sobre um assunto novo; segundo, porque obrigou a Governo a estudar a possibilidade da construção de uma nova linha ferroviária e a pronunciar-se sobre o mesmo.

Seg | 07.01.19

O que antes era uma falha grave, agora é visto como normal

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Estou em crer que o que leva a população a manifestar-se e a protestar está directamente ligado a quem as governa e não com as carências que dizem reclamar.

 

Há pouco mais de um ano, eram reiteradas as queixas de pais que, descontentes com as condições dos vários centros escolares de Paredes, muniam-se de faixas e manifestavam-se à porta de uma qualquer escola do concelho. A um ano das eleições autárquicas protestavam por tudo e por nada. Ou melhor, só não protestavam do frio, porque as escolas tinham aquecimento.

 

As aulas do segundo trimestre começaram na passada quinta-feira. Desde esse dia até hoje, as temperaturas têm estado próximas dos zero graus. Desde esse dia até hoje, o aquecimento das escolas da cidade de Paredes (não sei se acontece o mesmo nos restantes centros escolares) estão desligados.

 

Os mesmos pais que no passado manifestavam-se porque os filhos tinham aulas numa “estufa quente”, são os mesmos que aceitam com normalidade que, numa escola provida com sistema de aquecimento, os alunos tenham aulas em salas frias, apenas porque é preciso poupar.

 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.