Este monge, que fotografei enquanto caminhava pelo jardim do convento, faz parte da Ordem Beneditina, a mais antiga ordem religiosa de clausura monástica. Entre as regras de São Bento há a Regra 34 que devia ser aplicada por todos nós e que diz: “É proibido resmungar!” Não é proibido discutir ou discordar. É proibido resmungar! Só resmunga quem não quer encontrar soluções.
Assim como os olhos, as mãos podem ser expressivas. Estas mãos que fotografei são acolhedoras, são solidárias, são bondosas, são contemplativas e são essenciais para fazerem um produto extraordinário. Amanhã mostro-vos o que fazem estas mãos.
Talvez por ter nascido na época pré-ebook, gosto muito do livro-objecto. Os livros têm um cheiro característico e a magia de se tornarem em âncoras da memória. Quantas vezes pego num livro que já li e recordo-me do momento em que o comprei ou do local onde o li. Os livros, para além de conterem histórias no seu interior, também são parte da história enquanto objecto. Quantas dezenas de milhar de histórias haverá nesta cave?
Já passou um ano desde as últimas eleições autárquicas. Por esta altura, poder e oposição costumam fazer balanços. No entanto, à excepção de um ou outro executivo, não houve avaliações tornadas públicas sobre o trabalho de um ano dos partidos no poder ou na oposição. Por isso, justificava-se plenamente que fornecêssemos aos nossos leitores elementos de análise sobre este último ano autárquico. Esta semana, ocupamo-nos das oposições.
Lousada é, provavelmente, o concelho onde a oposição está mais bem organizada e com um objectivo muito bem definido. A chegada de Simão Ribeiro à liderança do PSD local deixa antever que estará a preparar o seu caminho rumo às próximas eleições. O PSD tem a maioria das juntas de freguesia e percebeu que, embora o PS tenha vencido as eleições, conseguiu-o com um resultado um pouco magro para conquistar um segundo mandato. A boa articulação entre Leonel Vieira, os restantes vereadores e Simão Ribeiro poderão obrigar o PS a mexer-se.
Paços de Ferreira tem aquela que deve ser a oposição mais encrespada da região. O PSD mantém na vereação um registo bastante agressivo, perdendo-se muitas vezes com o acessório em vez do essencial. No entanto, é, na região, a única que vai fazendo algumas propostas. Se na vereação o PSD se mantém bem vivo, o mesmo não parece acontecer fora da Câmara Municipal. O PSD de Paços de Ferreira teve o pior resultado eleitoral regional. Embora tenha trocado de líder, a verdade é que na prática não se renovou, pois o presidente do partido é o mesmo candidato que saiu derrotado. Nestes próximos três anos, Joaquim Pinto, caso queira recandidatar-se, terá que se esforçar muito mesmo para convencer a população a votar nele.
Em Paredes, o PSD parece uma espécie de doente bipolar: vota de uma forma na Câmara Municipal e de forma oposta na Assembleia Municipal. Na Câmara, os vereadores do PSD fazem oposição defendendo o legado de 24 anos em que o partido esteve no poder. Na Comissão Política, o PSD faz oposição tentando descolar do passado, numa espécie de “não foi nada connosco”. O exemplo mais flagrante foi a última conferência de imprensa do actual presidente, em que acusou o anterior executivo de irregularidades, supostamente graves, e o PSD não reagiu. Fez de conta que não viu, não ouviu, nem leu. Ou o partido tem um candidato muito forte para as próximas eleições, ou, a Alexandre Almeida, para vencer, bastar-lhe-á anunciar que será candidato.
Desaire idêntico ao de Paredes é o que acontece em Valongo. Durante um ano, o partido quase não fez oposição, com intervenções nas reuniões de Câmara que deixaram muito a desejar. O PSD de Valongo, para além de ter a difícil tarefa de fazer oposição a um PS com maioria absoluta, tem ainda a árdua empreitada de passar a falar a uma só voz e acabar com as facções interessadas na sua promoção pessoal. Só depois disso tratado é que poderá pensar em fazer oposição ao PS.
Penafiel é o único concelho onde os socialistas são oposição e, provavelmente, são os que mais trabalho dão a quem está no poder. Têm conseguido capitalizar mediaticamente alguns assuntos menos abonatórios para o concelho, apesar de terem pela frente o executivo mais atento e que melhor responde aos ataques da oposição. O maior problema do PS de Penafiel é a sua dupla liderança. Na Câmara Municipal, é liderado por André Ferreira, um socialista mais moderado e perto do centro, e na comissão concelhia do partido, por Nuno Araújo, um socialista mais próximo da ala esquerda do PS. É por de mais evidente que os dois ambicionam chegar à presidência da Câmara Municipal, embora com estratégias diferentes.
Faz hoje 90 anos que S. Josemaria Escrivá fundou o Opus Dei. No próximo sábado, dia 6 de Outubro, faz 16 anos que fui a Roma assistir à canonização de S. Josemaria. Na altura, o Papa S. João Paulo II referiu-se a ele como sendo “o santo do quotidiano”, na seguinte consideração: “S. Josemaria foi escolhido pelo Senhor para anunciar a chamada universal à santidade e para indicar que as actividades comuns que fazem parte da vida de todos os dias são caminho de santificação. Poder-se-ia dizer que foi o santo do quotidiano”.
Por vezes, os meus amigos, que sabem que sou da Obra, questionam-me sobre o que é o Opus Dei. Resumidamente, digo-lhes que o Opus Dei me ajuda a encontrar Cristo no trabalho, santificando-o. Mas também me ajuda a encontrar Deus nas minhas actividades do dia-a-dia, seja na família, seja nas conversas com amigos.
Em regra, surge sempre uma segunda pergunta: o que é santificar o trabalho? Aos meus amigos, dou-lhes exemplos concretos, mas a si, caro leitor, deixo-lhe a resposta que, certa vez, o Beato Álvaro del Portillo, primeiro sucessor de S. Josemaria, deu a esta questão:
“A primeira condição para santificar e para se santificar no trabalho é realizá-lo bem, com perfeição humana (…). Apresenta-se a ocasião de nos examinarmos a fundo e com valentia: realizo o meu trabalho com consciência, espremendo as horas para que rendam mais, sem nada conceder à preguiça? Tenho desejo de melhorar todos os dias a minha preparação profissional? Cuido dos detalhes para terminar bem as minhas tarefas diárias? Abraço a Cruz com amor — as contrariedades, as dificuldades, o cansaço do trabalho — com que tropeço nas minhas ocupações quotidianas? Se te comportas assim, meu filho, asseguro-te que já começaste a santificar o trabalho e a santificar-te por meio do trabalho.”
Ou seja, para santificar o meu trabalho não faço nada de extraordinário. Apenas me esforço por fazê-lo bem feito e ofereço isso a Deus. Ser do Opus Dei é continuar a fazer o que fazia antes, mas consciente da presença de Deus.
Por isso, este 90.º aniversário da fundação do Opus Dei é, para mim, um dia de alegria. Ontem, o Prelado recordava-nos que, embora 90 anos possa ser uma idade um pouco avançada para uma pessoa, para uma instituição da Igreja Católica é apenas um início.