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alinhamentos

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Ter | 25.09.18

O que andei a ler?

fcrocha

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“Grandes Esperanças” de Charles Dickens. É a história de Pip – um menino órfão e pobre que vive no campo. Pip vive com a irmã e o marido dela, Joe, que é ferreiro e o seu melhor amigo. Pip gosta de passear pelo cemitério local e ler o que consegue entender das frases nos túmulos.

 

Na véspera do Natal de 1812, enquanto faz o seu mórbido passeio, Pip encontra um preso que fugiu do navio prisional (os presos eram levados para a colónia penal na Austrália). O preso ameaça-o para o convencer a trazer algo para comer. Pip rouba algumas coisas da dispensa da irmã para entregar ao condenado, que logo é preso novamente. A partir daqui a vida de Pip muda completamente.

 

Este livro é uma lição sobre as expectativas que criamos, sobre a ideia de que a vida dos outros é sempre mais fácil do que a nossa, sobre a ideia de que se pudéssemos ter o que outro tem, tudo seria diferente. Este livro fala-nos dos dias que gastamos a sonhar com a vida de outra pessoa, sem nos apercebermos que a nossa própria vida vai passando.

 

Embora “Grandes Esperanças” seja um clássico, Charles Dickens é um escritor que poderia ter existido ontem. O livro flui de forma muito natural, com uma escrita que é leve, cheia de momentos divertidos ou, no mínimo, irónicos.

Ter | 18.09.18

Estudos e perrices na Educação

fcrocha

A um ano das eleições legislativas, adivinha-se que o ano lectivo que agora começou seja conturbado. Por dois motivos: primeiro, porque os sindicatos usam as vésperas das eleições para forçarem a sua luta e obrigar os governos a cederem; depois, e talvez o mais importante, porque os professores perceberam que António Costa não vai conseguir cumprir a promessa de repor o tempo de serviço que lhes havia feito em campanha eleitoral.

Na semana passada, e de forma muito conveniente para o Governo, foram divulgados dados que descredibilizam os professores e os sindicatos: “Mais de metade das baixas na educação foram fraudulentas”. Os dados foram divulgados pela Comissão Europeia e prontamente generalizados a todos os professores e amplamente divulgados nos locais do costume.

A terminar a semana, o Governo divulgou outro estudo, este agora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que afirma que os professores portugueses ganham o mesmo que os franceses e os espanhóis e mais do que os italianos. Para dar colorido ao estudo, é ainda dito que a média dos trabalhadores portugueses ganha menos 40 a 55 por cento do que os trabalhadores desses países. O estudo parece ser tão credível que muitos professores reagiram dizendo que não se importam de trocar os anos de serviço que lhes cortaram por um salário idêntico ao dos professores franceses e espanhóis.

Tudo isto parecia estar a correr bem, se não ficássemos a saber que o actual secretário de Estado da Educação, João Costa, tem um cargo de presidência num dos gabinetes de estudo da área da Educação da OCDE, que lhe dá o poder de decisão e de revisão de estudos na organização internacional que mais avalia as políticas e as medidas que são decididas pelo seu ministério.

Resumindo: como não vai conseguir cumprir a promessa feita aos portugueses, o Governo passou para a estratégia de convencer os cidadãos eleitores que os professores são uns senhores que ganham muito dinheiro e que, caso façam greve, é apenas por perrice.

Sex | 07.09.18

Uma oposição agonizante

fcrocha

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Por diversas vezes, neste mesmo espaço, escrevi sobre a importância das oposições. Para além de garantirem a possibilidade de alternância no poder, as oposições são a garantia de que o Estado respeita e preserva os direitos fundamentais dos cidadãos. Embora sejam forças opostas, Governo e oposição complementam-se.

Por isso, exigir que a oposição desempenhe o seu papel é quase tão importante como pedir ao partido do poder que governe com rectidão e de forma ponderada.

Ora, há mais de dois meses que Portugal está sem uma oposição séria. Rui Rio, o líder do Partido Social Democrata, umas vezes descampa e outras aparece para dizer umas coisas avulsas, mas que não se coadunam com o papel de líder da oposição. A única coisa de relevante que Rui Rio fez nestes últimos meses foi avançar com processos em tribunal contra os candidatos autárquicos do seu partido que fizeram gastos excessivos na campanha eleitoral de 2016. É certo que é necessário responsabilizar as pessoas que gastam a mais do dinheiro que não é delas, mas será essa o primado do PSD?

Tivesse Rui Rio capacidade para liderar a oposição e não teríamos tantos disparates nas notícias. Se Rio fosse um líder da oposição, estaria a perguntar ao PS porque é que os habitantes de Vila Real têm que subsidiar os transportes públicos dos lisboetas. Se Rio tivesse a arte da liderança estaria a perguntar ao Governo porque é que vai oferecer 50 por cento de desconto no IRS a quem saiu de Portugal durante a crise e porque é que os que ficamos cá – e aguentamos como pudemos – não temos direito a tal desconto.

Se Rui Rio tivesse interesse em enfrentar o Governo teria exigido saber o que aconteceu ao dinheiro que os portugueses e a União Europeia doaram para as vítimas de Pedrogão Grande e, certamente, teria exigido a demissão do Ministro que geriu este assunto.

Se Rio não tivesse antecipadamente assumido o papel de perdedor estaria a questionar a trapalhada a que chegou a ferrovia nacional e as más opções tomadas pelo actual Ministro.

Com o Partido Socialista refém dos dois partidos de extrema-esquerda e uma posição agonizante, os direitos fundamentais dos cidadãos podem estar em risco.