Apesar do homem andar ao cimo da terra há uns milhões de anos e não sei quantos meses, de termos dado com a cabeça nas mesmas paredes durante gerações, progredimos muito pouco. Se formos a ver bem, praticamente nada.
Por exemplo, na nossa região, a cada dois dias há uma senhora que é vítima de violência doméstica [dados do Jornal Verdadeiro Olhar]. Estou a falar apenas daquelas que têm ousadia para se queixarem, porque as outras não dizem nada se não vão parar ao hospital.
Exteriormente arranjamos uma série de coisas que nos fazem parecer evoluídos: telemóveis que fazem quase tudo, Internet no WC público, carros eléctricos e até democracia… Mas continuamos a aplicar nas mulheres a mesma brutalidade dos nossos antepassados pré-históricos. A evolução é uma coisa mesmo lenta.
Antes de fotografar estas bolachas de baunilha da Paupério, abri propositadamente uma ao meio. Não foi para vos mostrar o creme, que por sinal é delicioso, mas vos dizer que comer estas bolachas obedece a um ritual: abrem-se ao meio, lambe-se o creme e só depois é que se come a bolacha.
Faz migalhas que nunca mais acabam, mas que sabe bem, lá isso sabe.
Fotografei estes Bolinhos d’Amor no domingo. Escusado será dizer que já não existem. A propósito: repararam que já ninguém morre de amor? Isso era antigamente, em que as pessoas morriam de amor, de desgosto ou de vergonha.
Fiz esta fotografia a propósito de uma conversa que tive com uma amiga. Chegamos à conclusão de que os senhores que fazem as bolachas recheadas Oreo não descobriram nada que nós não fabricássemos há muitos anos.
A receita era simples: duas bolachas Maria, Planta para barrar uma das faces da bolacha e já está.
Garanto-vos que, naquela altura, eram bem mais saborosas do que umas Oreo nos dia de hoje.
Fiz esta fotografia na barra do Douro e estava a pensar que os faróis são uma espécie de comunhão entre a natureza bruta do mar e o talento domesticador do homem. Por mais agitado e turbulento que o mar esteja, o farol nunca deixa de ser uma potente luz que ilumina para lá das trevas e que indica onde acaba o mar e começa a terra segura.
Gosto de fotografia de telemóvel ou da camara toda rebuscada. Gosto da fotografia porque eterniza momentos. Gosto da fotografia porque o momento fotografado é único, meu e insubstituível. Gosto de apreciar a fotografia de quem sabe fazer melhor do que eu (o que não é difícil). Gosto de apreciar a concentração de quem gosta de fotografar, como a deste senhor de idade já bem avançada que, no sábado, estava concentradíssimo a fotografar na Foz do Douro.
Mais ao menos por esta altura do ano, mas em 2013, o Hospital Padre Américo, em Penafiel, começou a cobrar pagamento pelo estacionamento de veículos dos utentes e visitantes. Na altura, a proposta feita por Paulo Sérgio Barbosa, o ex-vogal do Conselho de Administração que é actualmente vereador na Câmara Municipal de Paços de Ferreira, mereceu contestação da esmagadora maioria dos autarcas dos concelhos servidos por aquele hospital, por não aceitarem que, além das taxas moderadoras, os utentes das Consultas Externas ou do Serviço de Urgência do Hospital Padre Américo tivessem de pagar pelo estacionamento dos automóveis que utilizassem na sua deslocação.
Luís Catarino, o então presidente do Conselho de Administração do hospital, justificou a medida como uma forma de os “utentes terem mais segurança” e que o valor a pagar era “simbólico”. Ora, esse tal “valor simbólico”, que pode chegar às dezenas de euros, ditou que os parques de estacionamento do hospital começassem a ficar vazios e os utentes-condutores optassem por estacionar os carros na berma da estrada e nas ruas próximas.
Para atenuar este problema, a Câmara Municipal de Penafiel disponibilizou um terreno contíguo ao hospital que passou a ser utilizado como espaço de estacionamento, apoiando as pessoas que não tinham condições económicas para pagar o custo exigido no hospital. Mas, há uns meses, aquele terreno foi alcatroado, colocaram-lhe uma rede e passou a ser de estacionamento pago. Lá se foi o parque gratuito.
A medida é o resultado de um protocolo entre a Câmara Municipal de Penafiel e a Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Guilhufe e Urrô que estabelece o pagamento de um euro por dia pelo estacionamento de veículos, valor que reverte para a construção do novo edifício do Centro de Dia daquela associação.
É certo que um euro por dia não é muito e que os fins a que se destina o dinheiro arrecadado até parecem nobres, mas a intenção de ajudar as pessoas mais carenciadas e, ao mesmo tempo, de contestar o pagamento do estacionamento no hospital foi por água abaixo. E os argumentos usados pela Câmara Municipal são os mesmos que em 2013 tinham sidos invocados pelos administradores do hospital para justificar a cobrança.
Na politica, há medidas que se tomam mais pelo simbolismo do que pelo resultado material. Ora, dois dias depois de publicarmos a notícia que dava conta desta mudança no estacionamento gratuito, 320 pessoas já a tinham partilhado nas redes sociais e havia mais de 29 mil pessoas a falar sobre o assunto nas mesmas redes. Parece-me que a medida simbólica funcionou de forma oposta ao que a Câmara Municipal pretendia.
Desculpem-me o vernáculo, mas ele é necessário para perceberem a classe do convidado para o simpósio "Violência vs Valores" no futebol, a realizar no próximo Sábado.
Então, diz o ilustre orador com o megafone na mão: "Oh corno, vai pra baliza pá! Oh corno… vai pra baliza, ó filho da puta! Oh Felgueiras… seu corno!"
Compreendo a importância histórica do Dia da Mulher enquanto marco da conquista de direitos civis e políticos. Num país como o nosso, a celebração deste dia, de forma paternalista, tentando equiparar as mulheres aos homens, não será um paradoxo?
Se este é o Dia da Mulher, os 364 dias são de quem? Será que as mulheres precisam de quotas ou outras medidas de discriminação positiva para mostrarem que têm a mesma dignidade dos homens?
Neste dia, em vez de organizarem jantares com strippers e ofertas de flores e chocolates, devíamos concentrar-nos, homens e mulheres, em garantir que seja permitido a todas as mulheres, no exercício da sua liberdade pessoal, serem tudo aquilo que querem e podem ser.
Em cima da minha mesa de trabalho há sempre uma flor fresca, quase sempre uma rosa vermelha. A escolha da flor não obedece a qualquer simbologia, é unicamente pela beleza da flor. Esta é a de hoje.
Faz falta um partido de Direita em Portugal. Faz falta um partido de Direita que não seja “docinho” como o PSD; que não seja “fofinho” como o CDS-PP, que não seja saudosista da monarquia; que não seja racista nem xenófobo. Faz falta um partido a sério, com ideias de Direita.
Para visitar a igreja da Lapa bastaria recordar que é lá que o coração de D. Pedro IV está guardado, dentro de um mausoléu, que para ser aberto precisa de cinco chaves e seis homens.
Mas na igreja da Lapa também está o maior órgão de tubos de Portugal, que pesa 32 toneladas, tem 15 metros de altura, 10 de largura e 5 de profundidade e com 4.500 tubos.
Também é na Lapa que está o cemitério romântico mais antigo de Portugal. Do tumulo de Camilo Castelo Branco, passando pelo do industrial José Ferreira Borges, da família Pinto Leite, até à sepultura em que o cão que nunca abandonou o jazigo do seu dono, foi imortalizado com uma estátua após a sua morte natural.
Tudo isto é ainda mais encantador quando é narrado pela historiadora de arte Eva Mesquita Cordeiro.