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alinhamentos

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Qua | 29.06.16

O bom coração

fcrocha

Longe vão os tempos em que a televisão na casa dos meus pais tinha apenas dois canais, a RTP1 e a RTP2, e que passavam com muita frequência filmes do faroeste interpretados por Bud Spencer ao lado de Terence Hill. Confesso que não me lembro do título de nenhum dos filmes, mas recordo-me que o enorme Bud Spencer era de bom coração e só distribuía bofetadas aos maus quando tinha motivos e sempre com um toque de humor.

Na verdade, Carlo Pedersoli (era este o seu verdadeiro nome), era muito mais do que um famoso actor de cinema. Nasceu em Nápoles, na Itália, em 1929, com uma juventude repleta de êxitos desportivos como nadador. Participou nos Jogos Olímpicos 1952, em Helsinquia, e nos de 1956 em Melbourbe. Ganhou sete medalhas de ouro pela Itália na modalidade dos 100 metros livres.

Esta personalidade brilhante, que era casado há 56 anos com a mesma mulher e tinha três filhos, para além de actor e nadador, era licenciado em direito e poliglota – falava fluentemente seis línguas, inclusive o português – foi cantor, estilista, autor de roteiros, guitarrista, operário fabril e bibliotecário.

Durante a sua vida de actor nunca recebeu qualquer prémio nem foi laureado, quem sabe, como ele mesmo disse, “porque não sou gay, nem transexual e tenho a mesma mulher há mais de meio século”.

Morreu esta semana, aos 86 anos, sem nunca ter procurado o reconhecimento e tendo participado em muitas iniciativas mundiais contra o aborto e a favor da vida.

Qua | 22.06.16

Informar certo. Sempre!

fcrocha

Comemoramos o hoje o nono aniversário do VERDADEIRO OLHAR, o primeiro em formato totalmente digital.

Quando, em 2007, decidimos fundar um semanário regional, tínhamos consciência de que só seria um projecto ganhador se fosse, de facto, diferenciador e radicalmente novo em relação àquilo que já existia no mercado. O mesmo aconteceu quando tivemos o arrojo de apostar na edição exclusivamente digital e de passar o semanário a diário.

Estávamos absolutamente convictos de que havia espaço para uma oferta digital totalmente diferente. Os últimos meses da antiga edição online, que era semanal, revelavam que havia oportunidade, procura e espaço para esta nova fase do VERDADEIRO OLHAR. Os números da edição electrónica mostravam que os leitores procuravam informação no momento, actualizável e adaptada aos novos hábitos de leitura das notícias.

No entanto, nem tudo tem sido fácil. Hoje, como há nove anos, o nosso maior obstáculo vem da parte de alguns políticos. Em Portugal há sempre a tentação de os agentes políticos fazerem depender o seu relacionamento com os órgãos de comunicação social da imagem que deles derem esses órgãos no momento. Isto é, não interessam os projectos ou as pessoas que os sustentam; o que interessa é que não haja notícias que desagradem a quem detém o poder, mesmo que sejam análises críticas que apenas reflictam as interrogações dos próprios eleitores.

O caso mais recente de oposição, difamação e bloqueio do direito à informação vem do executivo socialista de Paços de Ferreira. Quem não se recorda de ver na rua, nas redes sociais, no material de campanha eleitoral, Humberto Brito e Paulo Sérgio Barbosa a distribuir milhares de exemplares do VERDADEIRO OLHAR porque, então, as noticias lhes agradavam? No entanto, agora no poder, em reacção a pontos de vista críticos da sua acção política e de administração do bem público, tudo tentam para silenciar o VERDADEIRO OLHAR.

Mesmo assim, vemos aqui um bom sinal: um sinal de que, como jornal que serve uma comunidade, pomos em causa quer os poderes, quer as oposições, de modo a que todos sirvam as populações que justificam a sua actividade. Nós, pela nossa parte, tratamos de cumprir a nossa obrigação, que é também a de saber se eles cumprem as deles.

Vem aí mais uma campanha autárquica. Entrevistaremos, como habitualmente, todos os líderes políticos, mas não andaremos atrás das caravanas, nem vamos dar todos os pormenores. O nosso empenhamento é em servir todos aqueles que procuram uma informação rápida, actualizada, fundamentada, com lisura e transparência.

Hoje, em dia de aniversário, há duas coisas que me orgulham: o sucesso da edição online, que já atingiu o número de leitores que só prevíamos para daqui a um ano e meio; e a vitória de, em nove anos de existência, nunca ter publicado uma única noticia que viesse a ser desmentida por quem quer que fosse. E assim continuaremos a informar: certo. Sempre!

Qua | 15.06.16

Cristianofobia

fcrocha

Para além do Europeu de futebol, que se começou a jogar em França, a semana começou com um atentado em Orlando, nos Estados Unidos da América, que fez meia centena de mortos.

Ora, o assassino, simpatizante de um grupo jihadista, poucos minutos antes de entrar numa discoteca frequentada por gays e disparar indiscriminadamente sobre as pessoas, ligou para um número nacional de emergência a jurar fidelidade ao grupo terrorista islâmico ISIS ou Daesh.

O Primeiro-Ministro português, através da sua conta no Twitter, chamou-lhe um ataque homofóbico. A Comunicação Social nacional e internacional chamou-lhe um ataque contra a comunidade gay. Ora, estes grupos terroristas são conhecidos por ter ódio a quase tudo, não apenas aos homossexuais. Eles têm ódio às mulheres, aos negros, aos cristãos, a judeus, a ateus, a tudo e a todos os que não cumpram escrupulosamente as regras da seita, executando-os em público. Pouco depois do atentado, o grupo jihadista a que pertencia reivindicou o acto terrorista.

Este atentado mostra a dualidade de critérios no tratamento de assuntos idênticos. No passado dia 2 de Abril de 2015 o mesmo grupo islamita atacou brutalmente a Universidade de Garissa, no Quénia. Os jihadistas entraram na universidade e decapitaram todos os que fossem cristãos. Morreram três vezes mais pessoas do que na discoteca de Orlando. Na altura, não me recordo de qualquer órgão de Comunicação Social ter classificado o acto terrorista como um ataque contra cristãos, nem António Costa escreveu o que quer que fosse sobre o assunto no seu Twitter.

Parece que se alguém é assassinado por ser cristão, oculta-se, mesmo que seja a religião mais perseguida do mundo. Se o ataque teve como motivo a fé das vítimas, oculta-se e fala-se de um acto terrorista. Se as vítimas são homossexuais, difunde-se largamente, tentando fazer apagar as informações mais relevantes: foi um acto terrorista reivindicado por um grupo islâmico.

Vivemos um tempo de cristianofobia.

Ter | 07.06.16

Uma oposição sem alma

fcrocha

Muitas vezes, um melhor ou pior desempenho de um executivo municipal deve-se à oposição. Uma boa oposição pode ajudar a tornar um executivo mais forte. Quando a um executivo que é por natureza fraco se junta uma oposição paupérrima, o resultado pode ser desastroso. É o que parece estar a acontecer em Paços de Ferreira.

O desempenho do executivo liderado por Humberto Brito é, provavelmente, na região, o mais recheado de trapalhadas e atropelos às mais elementares regras democráticas. Estas atitudes, que num qualquer outro concelho vizinho seriam motivo de forte oposição e que acabariam por ser noticiadas nos jornais nacionais, vão passando, no entanto, ao lado da maioria da população, muito por falta de preparação do PSD local para essa função essencial na vida democrática que é apresentar ideias e políticas alternativas.

Assim, tanto não há na Assembleia Municipal uma única voz capaz de argumentar com conhecimento como, até agora, a Comissão Política Concelhia do PSD tem sido presidida por quem faz o que pode, mas não o suficiente, por falta de capacidade para mais. Por outro lado, os vereadores que sempre desempenharam funções enquanto foram poder ainda não conseguiram adaptar-se à nova realidade de ser oposição e não agem como tal.

Fazendo um balanço resumido, pode dizer-se que o PSD de Paços de Ferreira passou o primeiro ano a recuperar do choque de ter perdido as eleições, o segundo ano ao abandono e no terceiro ano anda a pensar no candidato para as eleições do próximo ano. Mas, para vencer as próximas eleições, não basta ter um bom candidato, é necessário que a população queira mudar de gestão municipal. E isso não vai acontecer se o PSD, enquanto oposição, não explicar por que é preciso mudar. Se o fizer apenas no ano das eleições, o efeito será praticamente nulo.

É pena que o PSD da Capital do Móvel não tenha ideias próprias, não tenha projectos e, acima de tudo, já não tenha alma.