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alinhamentos

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Ter | 29.03.16

Reversões e imitações

fcrocha

O fim-de-semana foi prolongado, mas nem por isso houve menos notícias. Comecemos por Paredes, onde Celso Ferreira estranha que o processo de fusão do sector das águas ainda não tenha sido revertido. Depois do Governo da “geringonça” ter revertido a privatização da TAP, das concessões de transportes do Porto e de Lisboa, dos feriados nacionais e dos exames nacionais, o autarca entende que deve ser aplicada a mesma receita à fusão das águas. Tudo isto porque Celso Ferreira acredita que a nova empresa Águas do Norte se prepara para obrigar os municípios a aumentar o preço da água.

Por Paços de Ferreira, ou melhor, por Lisboa, o autarca da Capital do Móvel agora denominada Capital Europeia do Móvel, continua o que parece ser uma imitação do autarca vizinho de Paredes. Humberto Brito foi hoje a Lisboa apresentar o “Design to Sale”, um concurso que pretende trazer designers e arquitectos para Paços de Ferreira com o objectivo de criarem e produzirem peças nas fábricas deste concelho. Muito à semelhança do que já fez Paredes.

Esta semana também foi conhecido o Relatório Norte Conjuntura, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, relativo aos dados do desemprego no 4.º trimestre de 2015. No geral, todos os concelhos da região diminuíram a taxa de desemprego, com uma incidência maior em Paços de Ferreira, provavelmente por ser aquele que tinha o maior número de desempregados.

A partir do dia 1 de Abril e até Domingo, 15 restaurantes de Paredes aderem ao fim-de-semana gastronómico. A iniciativa é promovida pelo Turismo do Porto e Norte. O objectivo é atrair visitantes, aliando o melhor da gastronomia da região com a oferta turística, desportiva e cultural do concelho. É uma das nossas sugestões.

Termino com outra sugestão. Passe pelo nosso site e veja a fotogaleria da procissão das Endoenças de Entre-os-Rios. São mais de 30 fotografias daquele que é, provavelmente, o evento da Semana Santa com mais participantes. As margens ficaram iluminadas com mais de 50 mil tigelinhas.

Até sexta-feira!

Qui | 24.03.16

VERDADEIROOLHAR.PT

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Quando o primeiro número do VERDADEIRO OLHAR chegou às bancas de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel, em 2007, existiam vários jornais regionais e outros tantos locais. Diziam os velhos do Restelo que dominavam a comunicação social local que não havia espaço para mais um jornal e muito menos para um semanário. Quatro anos depois, em 2011, alargámos o nosso espaço de cobertura jornalística ao concelho de Valongo. Hoje, nove anos depois, o VERDADEIRO OLHAR é o único semanário regional nestes cinco concelhos.

Mentir-lhe-ia, Caro Leitor, se lhe dissesse que o caminho foi fácil. À semelhança do que aconteceu com a generalidade das empresas nacionais, também nós passámos por muitas dificuldades. Para além das que resultaram das complexidades da crise económica, tivemos as que foram provocadas por vários autarcas da região, tais como boicotes à atribuição de publicidade institucional e mesmo telefonemas feitos a vários anunciantes nossos sugerindo que deixassem de o ser. No entanto, não houve uma única semana em que o VERDADEIRO OLHAR não chegasse às bancas.

Há nove anos, quando apresentámos a nossa primeira edição semanal electrónica, eram ainda poucos os que correspondiam à nossa inovação. Em 2010, eram pouco mais de 3 mil os leitores que assinavam a newsletter semanal e cerca de 18 mil os que, durante o mês, consultavam o jornal na Internet. Hoje, a newsletter do VERDADEIRO OLHAR tem mais de 47 mil assinantes e a média mensal de visitantes do site aproxima-se dos 200 mil.

A cada dia que passa, a tecnologia transforma os nossos canais de informação pessoal, tornando possível que a obtenhamos quase instantaneamente. Aproveitando as ferramentas tecnológicas ao dispor de grande parte da população, queremos corresponder da melhor forma a essa procura, uma vez que sabemos que cerca de 90 por cento dos nossos leitores já o fazem online. Quanto aos restantes dez por cento, acreditamos que passam a ter mais um estímulo para, com a ajuda dos seus familiares mais jovens, aprenderem a lidar com as novas tecnologias.

Assim, por acreditarmos que devemos acompanhar e apoiar os nossos leitores nessa preferência, esta edição do VERDADEIRO OLHAR será a última em papel, iniciando-se aqui uma nova etapa, que também encontra fundamento nas conclusões divulgadas há dias pela Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem, de que as edições em papel continuam a cair drasticamente, ao mesmo tempo que sobem os números dos leitores das edições online.

A primeira das mudanças em curso no VERDADEIRO OLHAR será na periodicidade: vamos passar de semanário em papel a diário digital. Ao passarmos a diário, o leitor terá acesso quase em tempo real a tudo o que se passa na região, o que nos dará a possibilidade de adaptarmos as nossas secções a esse dinamismo, incluindo os editoriais. A edição será gratuita.

Neste novo formato introduziremos uma linha editorial que dará menos destaque às notícias relacionadas com crimes e julgamentos e mais às reportagens e aos temas relacionados com a política local. Diz-se que o que não sabemos não nos afecta. Por isso, acreditamos que quanto mais o Leitor souber da realidade local, maior será a sua intervenção pública, nem que seja no momento de eleger os autarcas que o vão governar.

Não ignoramos que as mudanças trazem riscos. Da mesma forma que em 2007 foi um risco editar um semanário regional, também o é dar este passo de o transformar em diário. Mas tal como vencemos então os obstáculos que se nos punham, acreditamos que os esforços de consolidar um meio de comunicação social sério, independente, dinâmico, eficaz e à altura do nosso tempo serão reconhecidos pelos leitores que fizeram do VERDADEIRO OLHAR um exemplo de resistência e de procura de excelência nos concelhos que tem o orgulho de servir.

A partir de agora, estamos em WWW.VERDADEIROOLHAR.PT 

Até já!

Qui | 17.03.16

Por lá, por cá, por aí

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A fuga de Lula. Esta foi uma semana com vários acontecimentos relevantes. Comecemos pelo Brasil e pelo polémico pedido de detenção de Lula da Silva. Aqui é importante salientar a manifestação ordeira do povo brasileiro. Saíram à rua num domingo, sem perturbar quem quer trabalhar e encheram ruas e avenidas a pedir a demissão da Presidente Dilma Rousseff. Embora a comunicação social portuguesa quase tenha ignorado o evento, eram tantos que, se a manifestação tivesse acontecido em Portugal, ter-nos-iam dito, na abertura dos telejornais, que todo o país e mais uns espanhóis tinham-se manifestado na rua. Neste episódio brasileiro, é de salientar a possibilidade de Lula da Silva vir a ser nomeado ministro para conseguir, assim, um estatuto privilegiado e conseguir fugir a uma possível detenção. O Governo dos brasileiros aproxima-se, a passos largos, do dos seus vizinhos venezuelanos.

 

Nem de menos, nem de mais. Por cá, a semana fica marcada pela tomada de posse do novo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso redondo em que tentou agradar a todos, sem dizer nada em concreto. Começou o seu mandato de “afectos simbólicos”. Ora, já em tempos tivemos um Presidente da República que nos encheu de afectos que contaminaram até o Governo da altura, que distribuiu empregos públicos, nos deu estradas de que não precisávamos, nos baixou o IVA, aumentou os salários aos funcionários públicos e faliu o país. Mas o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa também parece ser um mandato de simbolismo. Visitou simbolicamente Mário Soares na sua casa, terminou simbolicamente a festa de tomada de posse no Porto e até falou ao país simbolicamente por causa da morte de um actor. Ora, se até aqui o Presidente da República falava ao país em ocasiões especiais e excepcionais, agora temos um Presidente que falará por tudo e por nada. Falará tanto que um dia que que tenha qualquer coisa de importante para dizer já ninguém o vai ouvir. Não estranharia nada que, um dia destes, tivéssemos uma comunicação ao país para felicitar o campeão nacional de futebol.

 

Saída “irrevogável”? A semana terminou com o que parece ter sido a saída de Paulo Portas da presidência do CDS-PP. Escrevi “parece” porque de Paulo Portas pode esperar-se quase tudo. Já em 2005 tínhamos assistido à sua saída da presidência do partido, para, um ano depois, voltar ao mesmo lugar. Durante os seus quase 20 anos de vida política activa, cometeu várias contradições, a mais relevante das quais estará no caso da “demissão irrevogável”. Certamente que o CDS-PP o recordará como o líder que mais tempo pôs o partido no poder. No entanto, o poder do CDS-PP foi construído com base na sua imagem e não no valor real do partido. Por todo o país, Portas deixou um partido com concelhias vazias (basta olhar para as concelhias de Paredes, Paços de Ferreira e Valongo) e irrelevantes politicamente e distritais dominadas pelos mesmos há quase 20 anos. O caminho de Assunção Cristas será duro e penoso.

 

Dividir votos. Pela região, temos assistido à tentativa de sobrevivência do ex-deputado Mário Magalhães. Em 2011, para facilitar o processo de sucesso na Câmara Municipal de Penafiel, o então presidente Alberto Santos conseguiu incluir o nome de Mário Magalhães na lista a deputados do PSD à Assembleia da República, afastando-o da vida política concelhia. Depois da sucessão tratada e da eleição de Antonino de Sousa, em 2015 Mário Magalhães já não conseguiu concorrer em lugar elegível nas listas a deputados. No que parece ser uma tentativa por se manter à tona da água e forçar o seu partido a encontrar um lugar para si, o ex-deputado desatou a adquirir meios de comunicação social e, na primeira oportunidade, anunciou que é candidato à Câmara Municipal. Mário Magalhães não deve conseguir levar a sua candidatura até ao fim, mas, se conseguisse, a coligação PSD/CDS-PP não seria a mais prejudicada. Em 2013, foi público que Mário Magalhães e outros militantes que se opunham à nomeação de Antonino de Sousa como candidato da Coligação Penafiel Quer incentivaram o voto no candidato do Partido Socialista e talvez isso explique os mais de 40 por cento alcançados por André Ferreira. Ora, aparentemente, uma candidatura de Mário Magalhães serviria apenas para dividir votos com a oposição.

Qui | 10.03.16

Adjudicar obras contornando a lei

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Em 2013, José Manuel Ribeiro prometeu, caso vencesse as eleições autárquicas, fazer uma auditoria às contas da Câmara Municipal de Valongo. Mas foi a CDU que, mal chegou ao executivo, propôs a realização da tal auditoria. A proposta foi aprovada por unanimidade. Dois anos depois, a auditoria foi concluída e parte dos resultados é divulgada nesta edição. O documento com mais de 70 páginas a que o VERDADEIRO OLHAR teve acesso revela várias irregularidades na gestão do anterior executivo. Mas a mais evidente é a que diz respeito às contratações por ajuste directo. No período compreendido entre 2010 e 2013, há 16 casos em que a contratação ultrapassou o limite legal imposto por lei e convites recorrentes às mesmas empresas, apesar de estas nunca terem apresentado propostas, entre outros. O relatório dá particular destaque ao caso de adjudicações realizadas a cinco empresas diferentes, mas com o mesmo sócio maioritário. No total, foram 49 ajustes directos a estas empresas, entre Agosto de 2008 e Dezembro de 2013, num total de mais de 1,5 milhões de euros. Certamente que o problema das contratações à mesma pessoa utilizando nomes diferentes para contornar a lei não é um problema exclusivo do município de Valongo, mas mostra que ainda há muito a fazer a nível legislativo para travar este tipo de procedimentos. Até lá, resta-nos ter a esperança em que o poder seja exercido com comprometimento pelo bem público.

 

“Salvação” eleitoral. Na semana passada, a Câmara Municipal de Paredes, terminando a ronda de homenagens aos seus ex-presidentes, distinguiu Granja da Fonseca. Confesso que tenho alguma dificuldade em compreender a homenagem a quem quer que seja pelo simples facto de ter sido autarca, sem que se consiga apontar algo de extraordinário durante o seu mandato. Mas o mais relevante foram as palavras do homenageado ao jornalista a propósito de uma eventual recandidatura à presidência da câmara: “Não ponho de lado a hipótese de dar o meu contributo. Muitas pessoas vêem em mim uma referência, outras não gostarão, e se me disserem que eu sou a salvação – o que eu não quero que aconteça – estamos cá para contribuir para que o concelho continue no rumo que traçámos em 1993”. É certo que Granja da Fonseca ainda goza de alguma popularidade, mas a sua candidatura ao lugar que ocupou durante 12 anos, em vez de “salvação”, seria o regresso ao comportamento aparelhístico, espécie de mercearia partidária que se dedica a criar legiões de fiéis dependentes. Não, a “salvação” dos eleitores seria a de poderem votar em candidatos à câmara municipal que tivessem um pensamento estruturado para o concelho.

Sab | 05.03.16

A BOLA PRETA DO JOGO

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Para quem observa a política da região, não passa despercebido o esforço de alguns políticos para se manterem à tona. Basta olhar para a Penafiel estar atento à aflição com que alguns tentam aparecer nem que seja na última das fotos.

 

Deverá ser um duro golpe aperceber-se que a luz do palco mediático se vai apagando aos poucos. Dois anos depois deixaram de ser a bola branca do jogo de bilhar, o centro das atenções da máquina partidária, e transformaram-se definitivamente na bola preto, aquela que só se toca no fim do jogo porque não há outro remédio.

 

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