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alinhamentos

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Qui | 30.04.15

Projecções eleitoralistas

fcrocha

 

Porque ainda me recordo do dia em que José Sócrates abandonou o Governo porque o país estava falido, porque ainda sofro na pele as consequências dessa falência, porque me recordo, por exemplo, de que em Paredes a Parque Escolar gastou 7,5 milhões de euros para recuperar uma escola enquanto o Município construía, ao mesmo tempo, uma novinha em folha por 1/5 desse valor, etc., etc., é natural que fique apreensivo ao imaginar a possibilidade de o “número dois” do ex-primeiro-ministro e de outras pessoas que o rodearam e que seguem os conselhos de Mário Soares possam vir a governar o país.

 

No entanto, esperei para ler a proposta apresentada por um grupo de economistas “independentes”, do qual, para além de Mário Centeno, fazem parte Paulo Trigo Pereira (ISEG), Sérgio Ávila (vice-presidente e secretário das Finanças do Governo Regional dos Açores), Manuel Caldeira Cabral (Universidade do Minho), Vítor Escária (ISEG e ex-assessor de José Sócrates), Elisa Ferreira (eurodeputada do PS), João Galamba (do Secretariado de Costa), João Leão (ex-director-geral do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério de Economia), João Nuno Mendes (Comissão Política do PS), Fernando Rocha Andrade (Universidade de Coimbra) e Francisca Guedes de Oliveira (Universidade Católica do Porto). Ou seja, os independentes, para além da ligação ao partido, têm em comum uma coisa: todos têm o Estado como entidade patronal. Só assim se compreende que, para eles, o fim da austeridade seja a reposição dos salários pagos na função pública antes dos cortes e o fim da sobretaxa do IRS.

 

Mas há ainda outro dado que faz desconfiar do cenário macroeconómico traçado por este grupo de economistas: quando, há um ano, o Governo apresentou o Documento de Estratégia Orçamental (DEO), em que previa um crescimento de 1,7% para a economia portuguesa em 2016, grande parte destes economistas classificou essas previsões como “irrealistas” e “excessivamente optimistas”. No entanto, um ano depois, projectam cenários macroeconómicos assentes em revisões de crescimento de 2,6%.

 

Das duas, uma: ou no espaço de um ano aconteceu um milagre económico e o PS faz previsões com base nessa melhoria ou está a construir um cenário ilusório com fins eleitoralistas que, se for posto em prática, irá conduzir o país à mesma penúria em que ficou em 2011.

 

Qui | 23.04.15

Em 2017 voltam a falar do assunto

fcrocha

 

Em 2008, noticiámos aqui no VERDADEIRO OLHAR que a Câmara Municipal de Paredes já tinha uma solução para a comunidade cigana instalada no centro da cidade de Paredes, solução essa que seria transmitida em primeira mão ao Presidente da República, que, por essa altura, visitou o concelho.

 

Os ciganos que se instalaram em Paredes há quase 30 anos vivem neste momento amontoados em barracas, mais ou menos improvisadas com tábuas de madeira a fazer de paredes e chapas a servirem de telhas. O crescimento abrupto, nos últimos anos, da população ali instalada obrigou algumas famílias a uma engenharia cada vez mais arrojada e são visíveis barracas com dois andares. No entanto, as condições de segurança e de higiene continuam como há 30 anos: invisíveis.

 

São precárias as condições de sobrevivência das mais de 120 pessoas que moram no acampamento localizado em plena cidade de Paredes. Desde logo, caminhos de terra batida entre dezenas de barracos de madeira e chapa. Casas de banho não existem, até porque a água vem, ao balde, da fonte pública situada à entrada do acampamento ou de uma mina que existe no local e que é desinfectada, regularmente, pelos próprios ciganos com anti-séptico. Já a luz existe, mas retirada de forma ilegal dos postos da EDP mais próximos. Foi esta a forma que encontraram para poderem ligar os electrodomésticos.

 

Desde o tempo de Granja de Fonseca que assistimos a mais recuos do que avanços nas negociações para encontrar um local digno para instalar estas famílias. Nunca foi possível encontrar uma solução para um problema que marcou os últimos anos da vida política e social da cidade. A última solução foi apresentada, ainda no mandato anterior, por Celso Ferreira. No entanto, acabou por não sair do papel, aparentemente, porque todos querem resolver o problema dos ciganos, desde que não os tenham à porta da sua casa. A solução apresentada por Celso Ferreira passava pela construção de uma pequena “aldeia cigana” na freguesia da Madalena, a poucos quilómetros do centro da cidade, o que poderia ter sido, senão uma solução, pelo menos uma melhoria das condições de vida e de segurança dos habitantes relativamente ao actual acampamento. Na altura, o Partido Socialista e o CDS-PP, que juntamente com um vereador do PSD tinham a maioria no executivo municipal, opuseram-se fortemente e acabaram por inviabilizar o projecto.

 

Até hoje, nem autarquia nem oposição voltaram a falar do assunto. Possivelmente, só nas próximas autárquicas se voltarão a lembrar deles e estarão, novamente, dispostos a ajudar aquelas 120 pessoas.

 

Qui | 16.04.15

A religião como delito

fcrocha

 

 

Não raras vezes, temos assistido a vagas de indignação mundial, algumas das quais sobre assuntos de discutível importância. A maioria das vezes, essas vagas são impulsionadas pela comunicação social, que tem a capacidade de criar uma agenda mediática e dar visibilidade a alguns assuntos que, de outra forma, passariam despercebidos à maioria das pessoas. No entanto, alguns assuntos de gravidade extrema merecem, da parte da mesma comunicação social nacional e internacional, pouco mais do que umas notas de rodapé, uma insignificância, à primeira vista, incompreensível.

 

Um relatório recente da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre trata de um destes casos, ao revelar que, dois mil anos depois da morte de Jesus Cristo, há milhares de pessoas a morrer em vários países, simplesmente porque cometeram o crime de seguirem o Seu exemplo e praticarem a sua Fé. Por essa razão apenas, há pessoas que estão a ser perseguidas, torturadas e executadas no Afeganistão, República Centro-Africana, Egipto, Irão, Iraque, Líbia, Maldivas, Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Síria, Iémen, Mianmar (a antiga Birmânia), China, Eritreia, Coreia do Norte, Azerbaijão e o Usbequistão.

 

O último desses ataques foi feito a uma universidade, no Quénia, onde um grupo radical islâmico executou 150 estudantes católicos. Para perceberem a gravidade da perseguição religiosa, é importante que se saiba que os testemunhos dos sobreviventes relatam que os assassinos iam de divisão em divisão e perguntavam quem era muçulmano e cristão, executando de imediato os cristãos.

 

Ora, se a comunicação nacional e internacional tem força suficiente para dar visibilidade ao que selecciona, criando até ondas de indignação, este é um assunto que merece ser colocado na agenda mediática, uma vez que é muitas vezes dessa visibilidade que depende uma actuação efectiva dos políticos dos países ditos civilizados. E essa actuação é urgente.

 

 

Qui | 09.04.15

“Feira Franca”? Francamente!...

fcrocha

O Parque José Guilherme é o parque mais antigo do concelho de Paredes. São cerca de 10 mil metros quadrados em pleno centro da cidade de Paredes, numa área que já foi de tranquilidade e confraternização e que é também um local de homenagem ao Comendador José Guilherme Pacheco, cidadão benemérito do concelho.

 

Ao longo dos anos, aquela que era considerada a sala de visitas do concelho sofreu várias alterações. Já lá existiu um rinque de patinagem que foi demolido para dar lugar a um lago com patos, e, há poucos anos, a Câmara Municipal decidiu requalificar aquele espaço, reconstituindo o formato original do jardim, típico do século XIX. Na altura da inauguração das obras de requalificação, Celso Ferreira apelidou o Parque José Guilherme de “jóia da coroa da cidade de Paredes”, realçando que havia sido devolvida à cidade a dignidade que esta merecia.

 

Há uns tempos, a Câmara Municipal decidiu ali promover a “Feira Franca” ao domingo de manhã. Confesso que o modelo me pareceu interessante: o Parque José Guilherme transformava-se numa feira onde era possível encontrar artigos de artesanato, produtos hortícolas e até bolos caseiros, tudo vendido directamente pelos respectivos produtores. Na verdade, o modelo funcionava e trouxe vida ao centro da cidade.

 

Infelizmente, assistiu-se a uma degradação progressiva desse modelo inicial: os artesãos quase desapareceram, os produtos hortícolas estão reduzidos a fruta vendida por comerciantes e grande parte do espaço disponível foi sendo ocupado de forma caótica por pessoas que tentam vender artigos em segunda mão que em muitos casos deixam muito a desejar. 

 

Por entre a desordem que actualmente se estende da escadaria do Tribunal até à entrada do edifício dos Paços do Concelho, é possível encontrar, entre outras bugigangas, guarda-lamas de motorizadas, rodas de bicicletas, chaves de rodas, toalheiros em ferro, telemóveis usados (em quantidades industriais), torneiras velhas, jantes de automóveis, telecomandos da MEO, antenas parabólicas da ZON, cartões de telemóveis da Vodafone, chaves de parafusos e até pneus usados. Os passeios, por seu lado, passaram a estar ocupados pelos veículos dos “feirantes”.

 

Parece-me ser forçoso reavaliar com urgência a validade da “Feira Franca”, a qual, tal como está, a continuar, deveria ser transferida para o parque da feira, com duas vantagens:  a feira funcionaria no local próprio e o Parque José Guilherme seria devolvido à cidade, com o seu prestígio recuperado.

 

Enquanto assim não for, a “jóia da coroa” está transformada na “rainha da sucata”.

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Qui | 02.04.15

O mistério da Cruz

fcrocha

Nesta Semana Santa há uma pergunta que inquieta: Porque é que passados 2015 anos ainda existem milhões de pessoas (mais de um terço de toda a população do planeta) a celebrar a Páscoa? Porque é que se celebra de forma tão solene um acontecimento bárbaro: a condenação à morte de Alguém, ainda por cima a uma morte de cruz? Confesso que muitas vezes não compreendo este processo que levou à crucificação de Jesus. Mas, conta o Evangelho de São Marcos que até os discípulos que Ele escolheu não compreendiam o seu caminho.

 

Na procura de uma resposta, encontrei uma dada por São Josemaria Escrivá que me ajuda a compreender melhor este mistério da Cruz e que espero que também ajude o leitor. Diz São Josemaria Escrivá que “a doutrina cristã sobre a dor não é um programa de fáceis consolações. Começa logo por ser uma doutrina de aceitação do sofrimento, inseparável de toda a vida humana. Não vos posso esconder - e com alegria pois sempre preguei e procurei viver a verdade de que, onde está a Cruz está Cristo, o Amor - que a dor apareceu muitas vezes na minha vida; e mais de uma vez tive vontade de chorar. Noutras ocasiões, senti crescer em mim o desgosto pela injustiça e pelo mal. E soube o que era a mágoa de ver que nada podia fazer, que, apesar dos meus desejos e dos meus esforços, não conseguia melhorar aquelas situações iníquas.

 

Quando vos falo de dor, não vos falo apenas de teorias. Nem me limito a recolher uma experiência de outros, quando vos confirmo que, se sentis, diante da realidade do sofrimento, que a vossa alma vacila algumas vezes, o remédio que tendes é olhar para Cristo. A cena do Calvário proclama a todos que as aflições hão-de ser santificadas, se vivermos unidos à Cruz.

 

Porque as nossas tribulações, cristãmente vividas, se convertem em reparação, em desagravo, em participação no destino e na vida de Jesus, que voluntariamente experimentou, por amor aos homens, toda a espécie de dores, todo o género de tormentos. Nasceu, viveu e morreu pobre; foi atacado, insultado, difamado, caluniado e condenado injustamente; conheceu a traição e o abandono dos discípulos; experimentou a solidão e as amarguras do suplício e da morte. Ainda agora, Cristo continua a sofrer nos seus membros, na Humanidade inteira que povoa a Terra e da qual Ele é Cabeça e Primogénito e Redentor.”