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alinhamentos

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Seg | 30.06.14

O zelo da ERC

fcrocha

Há muitas coisas que eu não compreendo. Mas, uma dessas coisas que não alcanço mesmo é para que serve a Entidade Reguladora Para a Comunicação Social (ERC). Na semana passada notificaram-nos, por carta registada, para fazermos prova da periodicidade do jornal VERDADEIRO OLHAR. No mesmo ofício lá foram dizendo que caso a periodicidade não seja a mesma que consta do registo que o mesmo é cancelado oficiosamente. Até aqui nada a opor: na semana passada comemoramos o 7º aniversário do semanário sem que tenhamos falhado uma única semana. Os semanários são assim mesmo: saem todas as semanas, chova ou faça sol.

 

Afinal, o que é que não compreendo? Ora, se a ERC usa de todo este zelo para com o VERDADEIRO OLHAR, porque é que não o usa com os restantes jornais da região? Por exemplo: em Paredes há um jornal quinzenário que sai – às vezes – uma vez por mês; em Valongo temos um quinzenário que sai alguns meses e um outro que está anos sem aparecer e ressurge em altura de eleições; na região há vários que vão de férias. Afinal, a obrigatoriedade para manter a periocidade não é para todos.

 

Já agora: e jornalistas, não é preciso jornalistas? Como é que a ERC permite que existam jornais sem jornalistas?

Seg | 30.06.14

Desculpem lá

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Está na moda a expressão “desculpem lá”, que é peço desculpa, mas ao mesmo tempo afirmo. Tipo: peço desculpa por afirmar o que eu acho ou por pensar assim. O “desculpem lá” está directamente ligado a este costume tão português de não esclarecermos as nossas posições, de sermos vagos. Na verdade, ainda continuamos a achar que “discutir” quer dizer berrar e que “criticar” é só dizer mal. No entanto, todos temos opinião sobre tudo, desde que a nossa opinião não nos responsabilize. Quando é que aprendemos a “discutir” um assunto sem pedir desculpa por possuirmos opinião? Desculpem lá por vos dizer o que penso.

Qui | 26.06.14

Editorial: Sete anos

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Na edição em que se comemoram os sete anos do VERDADEIRO OLHAR, convidei o colunista mais antigo para escrever o editorial desta semana. Fernando Sena Esteves, que é colunista do jornal desde a primeira edição do dia 22 de Junho de 2007, escreveu um texto onde impera o seu habitual bom humor.

 

Sete anos

 

 

Com este número 367 de Verdadeiro Olhar completam-se sete anos da publicação deste semanário, cujo primeiro número saiu em 22 de Junho de 2007. Sete é um número de plenitude, de beleza e até da predileção divina, compreendendo os dias da semana, as notas musicais, os sacramentos e as cores do arco-íris. Se para a idade humana é um início, para um jornal é um prodígio. Fundar um semanário e mantê-lo durante sete anos com esta qualidade, tanto em papel (são 10,000 os exemplares) como na Internet (são 16.000 e tal o número de visitantes diários) é um atrevimento!

 

Para mim é naturalmente uma honra ter colaborado desde o início no Jornal, o que nem sempre é uma tarefa fácil. Como não é fácil escrever um editorial. É a primeira vez que me acontece uma destas e só queria ter a arte de produzir alguma coisa de jeito, correspondendo a tão honroso convite. Até me lembrei de Camões com o seu famoso “Sete anos de pastor Jacob servia”, mas o contexto não vem mesmo nada a propósito. É uma pena.

 

Mas vem a propósito (espero eu) referir alguns aspetos da modernidade com que a equipa de jovens jornalistas produz esta obra-prima. A informática, claro está, mete-se de permeio em cada número que sai. Os colaboradores escrevem os seus textos em computador e colocam-nos no servidor para a respetiva paginação posterior ou então, como é o meu caso, enviam-nos por correio eletrónico. Esta expressão que acabo de escrever tem oito sílabas, enquanto e-mail só tem duas e esta é uma das razões por que o Inglês impera em tudo e mais alguma coisa e na informática também. E nas siglas como PDF e FTP.

O design estabelece um PDF (portable document format) para cada página do Jornal (são 24) e o conjunto é enviado para a gráfica pela Internet via FTP (file transfer protocol). A gráfica, depois de uma afinação de cores em que se gastam umas centenas de cópias, produz os 10.000 exemplares em cerca de 15 minutos. Ficam dobradinhos e tudo, prontos para a expedição, 600 quilos deles!

 

Termino com um cordial agradecimento. Aos leitores, a razão de ser deste semanário, aos anunciantes pelo seu patrocínio. Aos colaboradores que produzem este milagre semanal e ao meu especial jovem/velho Amigo Francisco Rocha que me mete em cada uma!

 

Fernando Sena Esteves

Qui | 19.06.14

Liberdade de escolha

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Há quem desconfie da liberdade de escolha das famílias com o mesmo tipo de pensamento que os sindicalistas da CGTP desconfiam de todos os patrões. Vem isto a propósito dos exames nacionais que estão a decorrer e do ranking que a seguir se há-de fazer com base nesses mesmos resultados.

 

Vivemos num país cheio de contradições. Por exemplo, num mesmo noticiário televisivo conseguimos ver pessoas a defender tudo o que é público como sendo muito bom (desde o ensino à saúde) e tudo o que é privado como sendo um grande mal. No entanto, essas pessoas são as mesmas que, no mesmo noticiário, são capazes de atribuir todas as culpas do país a quem nos governa. Mas, afinal, o que é público não é gerido por quem nos governa? Como é que uma coisa pode ser boa e má ao mesmo tempo?

 

Um dos assuntos em que esta contradição aparece vezes sem conta é na discussão sobre a escola pública. Justifica-se a escola pública para dar oportunidades iguais a alunos mais desfavorecidos, depois justificam-se os maus resultados nacionais com o facto de essas mesmas escolas serem frequentadas por alunos de classes desfavorecidas. Ou seja, admite-se que a escola pública não cumpriu a missão que justificava a sua existência.

 

A cada ano que passa, os rankings elaborados pelo próprio ministério mostram um fosso cada vez maior entre escolas públicas e escolas privadas. Por exemplo, no último ranking a escola pública mais bem colocada aparecia no 32.º lugar. Paradoxalmente, foi na escola pública que foi gasto mais dinheiro nos últimos anos. Basta que nos lembremos dos milhões e milhões gastos pela Parque Escolar.

 

Podemos encontrar inúmeras justificações para esta discrepância de resultados, mas, no meu entender, isto acontece por uma razão principal: a escola privada tem de mostrar resultados aos pais para conseguir atrair mais alunos, a escola pública só presta contas a um Ministério, uma coisa distante lá em Lisboa, e não tem que se preocupar em conseguir mais alunos.

 

Apesar de tudo, continua a gastar-se dinheiro a rodos na escola pública e não é dada a liberdade de escolha aos pais. Esta liberdade de escolha seria possibilitar que cada família diga onde quer que o seu filho estude, subsidiando as famílias pobres com o mesmo dinheiro que o Estado gasta com os seus filhos na escola pública.

 

Quando isso acontecer, a escola pública estará em pé de igualdade com as escolas privadas. Nessa altura, deixarão de estar preocupadas com prestar contas ao Ministério, mas sim em prestar contas aos pais, tentando convencer os pais, pelos resultados escolares, a manterem os seus filhos na escola pública. 

 

Enquanto isso não acontecer, vamos continuar a ter uma escola pública cada vez pior, gerida por conselhos executivos nomeados de acordo com a cor política do momento e, ao mesmo tempo, excelentes professores desmotivados e manietados por um sistema de ensino que não reconhece o mérito do seu trabalho.

Qui | 12.06.14

O papel das empresas municipais

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Se há sector da sociedade que quase não sentiu a crise, foi o sector empresarial do Estado. Numa altura em que desapareceram milhares de empresas, o país continua com empresa públicas a mais, gestores públicos a mais, remunerações aos gestores públicos a mais, envidamento das empresas públicas a mais.

 

Entre 2008 e 2010, as empresas públicas não pararam de crescer. Numa altura em que a economia portuguesa já entrava em recessão, as empresas públicas continuavam a nascer como cogumelos. Com o aparecimento das empresas públicas eram nomeados mais gestores públicos. Em 2010, quando o número do desemprego crescia de forma galopante, a única profissão que parecia prosperar era a de gestor público: cresceu quase 12 por cento num ano. Gastam-se, anualmente, mais de 40 milhões de euros em remunerações com gestores de empresas públicas que, na sua maioria, acumulam prejuízos avultados.

 

Não se pode falar de empresas públicas sem falar das empresas municipais. Em 2011, o Governo não fazia ideia de quantas existiam nem em que situação financeira se encontravam. Hoje sabe-se que eram mais de 600, com um grau excessivo de endividamento e com duplicação de funções, muitas delas transformadas num expediente para o endividamento e para a colocação de pessoas. No total, essas empresas fizeram dívidas num valor superior a 3 mil milhões de euros e dão emprego a mais de 14 mil pessoas.

 

Com assinatura do Memorando de Entendimento com as instâncias europeias e FMI (troika), o país comprometeu-se a extinguir as empresas municipais que se entendessem não serem necessárias e que apresentassem uma situação financeira de autêntica falência. O certo é que, na nossa região, são várias as empresas que se encontram nesta situação e, três anos depois do compromisso assumido com a troika, nada foi feito.

 

Não se compreende a resistência das autarquias a cumprirem a lei relativamente às empresas municipais, que deverão ser uma ferramenta idónea à melhor realização do interesse público local e nunca um modo, mais ou menos hábil, de tornear as regras e procedimentos legais.

 

Vale a pena, por isso, tornar esta discussão pública.

 

 

Sobe

Câmara Municipal de Paredes

 

Naquele que é um dos concelhos mais jovens do país, os jovens vão ser chamados a dizer o que querem que o concelho faça por eles e para eles. O Município de Paredes apresentou um programa que permitirá aos jovens participar na criação da agenda para a juventude e desenvolver alguns dos projectos apresentados pelo Município ou apresentar novas ideias de iniciativas que gostariam de ver acontecer no concelho. O objectivo é responsabilizar os mais jovens e ajudá-los a criar oportunidades de emprego.

 

Desce

Acidentes de trabalho

 

Todos os anos ocorrem mais de 200 mil acidentes de trabalho que vitimam mortalmente cerca de 200 pessoas. Esta semana noticiamos mais um com uma vítima mortal. Os acidentes de trabalho, na maior parte das vezes, acontecem por culpa das empresas que não obedecem às normas de segurança e não procedem preventivamente. Em regra, causam resultados dolorosos para as famílias e para as empresas. Por isso, parece-me necessário que as entidades empregadoras assegurem que se cumpre a legislação e invistam em medidas de segurança.

 

 

Ter | 10.06.14

Observar: Malmequer amarelo

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Dizem que é uma flor de menina. Outros, que é uma flor de verão. Para mim é uma flor alegre e singela, sinónimo de felicidade. Este fazia parte de um enorme tapete amarelo que fotografei num campo de cultivo.

 

Qui | 05.06.14

Actualidade e lucidez

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Para marcar a apresentação do livro “Estórias com História”, convidei o Duque de Bragança para uma tertúlia no auditório do Museu Municipal de Penafiel. Confesso que quando me sentei na cadeira para lhe lançar a primeira questão, estava preparado para respostas saudosas de um tempo distante e um discurso ultrapassado. Enganei-me redondamente: na minha frente estava um homem culto, com um sorriso sincero, com um sentido de humor contagiante e com um discurso de quem domina todos os temas da actualidade. 

 

Conduzi a tertúlia ao sabor da minha curiosidade: queria saber como era ser “rei” numa república; se se sentia especial por ser pretendente ao trono (até porque tinha feito a viagem de Sintra a Penafiel de comboio); o que pensava dos problemas que o país enfrenta e que solução propunha. Todas as perguntas tiveram uma resposta de um bom senso desarmante e uma grande clareza. A cada resposta às minhas questões fui descobrindo que naquele homem existiam duas preocupações constantes: a Pátria e o seu Povo.

 

Por momentos, senti-me desconfortável. Tinha tantas ideias fixas sobre a monarquia e sobre a república e, de repente, aquele discurso sereno, lúcido e que fazia sentido ia contra tudo o que eu tinha pré-concebido, desmontando todas as minhas certezas.

 

Os lugares do auditório onde decorreu a tertúlia não foram suficientes para todos, mas até as dezenas de pessoas que ficaram a assistir em pé não se desmobilizaram, ficando agarradas pelas palavras de Dom Duarte de Bragança. No fim, quase todos ficaram para cumprimentar, conversar ou tirar uma fotografia com o Duque de Bragança. Sentia-se que quase todos estavam rendidos ao seu discurso e, tal como eu, surpreendidos pela sua actualidade e lucidez.

 

 

Sobe

A D Valongo

 

A equipa da Associação Desportiva de Valongo venceu o FC Porto na última jornada e, pela primeira vez em 60 anos, sagrou-se campeã nacional de hóquei em patins. Com um pavilhão vestido de verde, onde não cabia mais ninguém, a equipa de Valongo quebrou a hegemonia do Benfica e do Porto. Importa realçar que, esta época, a equipa da AD Valongo é campeã distrital em todos os restantes escalões.

 

Desce

Mário Magalhães

 

 

Perante a notícia que dava conta de que o deputado Mário Magalhães estava a ser acusado de não pagar material de propaganda política, o deputado reagiu dizendo que o VERDADEIRO OLHAR tinha posto em causa o seu bom-nome, que a notícia só podia ter sido preparada por alguém que caracterizou do seguinte modo: “Quem, movido por interesses pessoais, possa inventar um enredo novelesco onde só na ficção o meu nome pode entrar”. A notícia referia-se apenas aos factos que constam nos autos: a acusação e a contestação. Ora, um dia depois da publicação da notícia do VERDADEIRO OLHAR, o advogado da empresa que reclamava a dívida foi contactado pelo advogado que representa o deputado e foi feito um acordo para terminar o processo judicial. Não me interessando apurar de que lado estava a razão, registo apenas os factos: é verdade que o processo judicial existiu; é verdade que o processo chegou ao fim por acordo; é verdade que a empresa recebeu o dinheiro. Fim da história.