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Qui | 31.05.12

OS ESPINHOS DA ROSA

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OS ESPINHOS DA ROSA I. As eleições de amanhã para as concelhias do PS terão uma importância que ultrapassa a esfera dos socialistas. A menos de dois anos das próximas eleições autárquicas, este acto eleitoral vai ser decisivo para a escolha dos candidatos socialistas e para a definição de estratégias dos outros partidos. Se há concelhia onde isto é evidente é em Valongo. A saída de cena de Fernando Melo, mais cedo que o que se esperava, e a chegada de João Paulo Baltazar à presidência do Município baralhou as contas aos socialistas. No entanto, é mais do que provável que o movimento Coragem de Mudar não apresente candidatura. Por isso, os socialistas sonham com os votos que em 2009 fugiram para Maria José Azevedo e alimentam a esperança de ganhar as próximas autárquicas. Isso mesmo sabem José Manuel Ribeiro e Afonso Lobão. O primeiro, está em rota de colisão com o vereador e já disse que quer ser o cabeça de lista. Afonso Lobão quer dar continuidade ao trabalho enquanto vereador e por isso vai disputar a liderança com Ribeiro. A ver vamos quem fica com a rosa e quem fica com os espinhos.


OS ESPINHOS DA ROSA II. Em Lousada, a candidatura de Pedro Machado é uma operação de marketing de preparação da candidatura deste como o cabeça de lista socialista às próximas autárquicas. Tenho dúvidas que o processo interno que levou à escolha de Pedro Machado para suceder a Jorge Magalhães tenha sido tão pacífico como aparenta, no entanto, o partido soube passar para o exterior uma imagem de unidade socialista. Uma rosa sem espinhos.


OS ESPINHOS DA ROSA III. Em Penafiel, as eleições no PS fazem ecoar os alarmes dentro da coligação de direita. André Ferreira e Nuno Araújo juntos indicia unidade interna e demonstra que o Partido Socialista não vai cometer o mesmo erro de 2009, que foi o de brincar às facções. André Ferreira não quer deixar fugir esta oportunidade única de reconquistar a Câmara. Os socialistas sabem que dentro da coligação de direita reina uma paz podre e, por isso, preparam uma candidatura de unidade, na esperança que a coligação se desfaça. Os espinhos da rosa podem ferir o PSD e o CDS.


OS ESPINHOS DA ROSA IV. Em Paredes, Alexandre Almeida prometeu renovação, mas apareceu rodeado dos mesmos bolorentos que dirigiram o PS durante anos e obtiveram os resultados que todos conhecemos. Para Alexandre Almeida poder sonhar com um bom resultado vai ter que aprender a fazer oposição como os socialistas de Penafiel. Ao penafidelense André Ferreira movem-no apenas, e só, motivos políticos nos seus ataques ao executivo. Em Paredes, e até agora, os ataques a Celso Ferreira (não ao PSD) são motivados por razões pessoais que todos conhecem. Se Alexandre Almeida inverter esta situação terá muito mérito e fará com que comece a florir a rosa onde, até agora, só se vêm os espinhos.


OS ESPINHOS DA ROSA V. Em Paços de Ferreira, a candidatura Paulo Sérgio Barbosa em lista única está longe de constituir consenso. Em 2009, Humberto de Brito conseguiu o melhor resultado que alguma vez os socialistas alcançaram numas eleições autárquicas na Capital do Móvel e, por isso, acalenta a esperança de ser novamente o cabeça de lista. Mas também é certo que Paulo Sérgio Barbosa há muito que corre numa pista paralela à de Humberto de Brito, com o intuito de ser ele próprio o candidato. Esta rosa, que parecia não ter espinhos, pode transformar-se num cardo.

Qui | 31.05.12

O NOSSO MAL É SONO - HUGO DE AZEVEDO

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O nosso mal é sono. Chega-se a casa tarde; tarde se janta; tarde se arruma a cozinha; tarde se liga a tv; tarde se resmunga sobre os assuntos da família; tarde se acorda no sofá; tarde se deita...e cedo se levanta. Que vida é esta? Um disparate pegado.

Com sono tudo se faz, excepto pensar. Excepto sorrir. Excepto prever. Excepto planear. Excepto ter gosto no trabalho, na família e no convívio com os colegas; e muito menos com os chefes. Excepto sonhar acordado, sobretudo com o fim de semana...em que novamente a gente se deitará tarde.

É verdade que mesmo assim, somos capazes de nos metermos no trabalho até às orelhas, até porque, se não, despedem-nos ou desclassificam-nos, ou falimos. Mas que não nos incomodem com mais nada! Estamos fartos!

Depois, não há quem entenda esta mulher, quem ature este marido, quem compreenda estas crianças, quem suporte estes sogros, quem tenha pachorra para os eternos problemas daquele irmão ou do sócio...

E ainda por cima esta crise! e estes engarrafamentos...

Não é o nosso único mal, o sono, mas é um dos mais insidiosos e que nos passa mais despercebido.

Qua | 30.05.12

A SUPREMA REBELDIA - JOÃO CÉSAR DAS NEVES

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Nesta triste crise existem alguns casos patuscos e divertidos. Um dos mais hilariantes foi a reacção da imprensa ao novo ministro das Finanças, que ainda não parou de evoluir ao fim de quase um ano de relação ambígua.
 
O primeiro momento foi de surpresa. O professor Vítor Gaspar não constava em nenhuma das longas listas de candidatos, tão demoradamente elaboradas e comentadas durante semanas. Isso não chega para criar espanto jornalístico, pois é comum os novos ministros serem desconhecidos. Só que isso costuma acontecer por mediocridade ou apagamento. Neste caso o nome tinha todas as características adequadas: vasta e profunda formação técnico-científica, larga experiência governamental e administrativa, forte curriculum internacional. De qualquer ponto de vista, parecia a solução ideal, em que nenhum dos especialistas tinha pensado. Era desconcertante!
 
O pior foi quando o professor abriu a boca. Foi logo evidente que ele não iria obedecer às regras mediáticas há décadas ditadas pelo jornalismo. Exigência de pontualidade, estilo pausado e meticuloso, intransigente linguagem técnica, tudo violava os princípios elementares da comunicação social, a que todos os políticos obedecem cegamente. À primeira podia ser ignorância, à segunda deslize, mas a partir da terceira a conclusão era inegável: havia um ministro com ideias próprias.
 
Os espantados jornalistas não sabiam como classificá-lo. Autista? Pedante? Retardado? Brincalhão? Todas as teses aderiam mal ao curriculum. Então espalhou-se uma pergunta feita a qualquer um que tivesse conhecimento mínimo da personagem: Vítor Gaspar tem sentido de humor? Quando os amigos confirmavam que ele era, não só muito inteligente com vasta experiência nas Finanças, mas divertido e irónico, a confusão explodia. Dado não ser tolo ou distraído, tinha de ser opção pessoal de não atender às regras totalitárias do discurso mediático. Como é que alguém na sua posição se atrevia a desafiar as imposições jornalísticas?
 
Já se andava há largas semanas nisto quando surgiu um elemento ainda mais surpreendente. Gaspar era primo direito do professor Francisco Louçã, outro académico fortemente envolvido na política. A situação era insólita mas não inédita, pois existem muitos casos de familiares com orientações divergentes. Mas surpreende que ninguém tenha meditado no contraste dos dois estilos de rebeldia.
 
A atitude do ministro das Finanças perante a comunicação social só pode ser considerada subversiva. Há décadas que todos os políticos aprendem a seguir linhas bem definidas nas relações com a imprensa. Existem mesmo cursos e ensaios para os mais limitados. Agora aparecia um responsável que se atrevia a fazer à sua maneira, sem ceder à formalidade.
 
Rebeldia é a própria imagem de marca do seu primo, há muitos anos líder dos radicais descontentes. Só que a insubordinação do Bloco de Esquerda é do género confortável. Louçã desafia as regras, mas perante o aplauso generalizado e fazendo as delícias da comunicação social. Afinal são raros os casos em que os seus atrevimentos lhe tenham trazido amargos de boca, num tempo que apoia a heterodoxia e acarinha a indisciplina. Tudo somado, arrisca muito mais o primo ministro, quando defende medidas duras e necessárias de forma serena, pausada e pouco mediática, do que o primo coordenador da Comissão Política com as suas propostas extremistas e superficiais. É caso para perguntar qual dos dois é realmente mais rebelde.
 
Após meses de governação já passou a surpresa, e todos se foram habituando ao novo estilo ministerial. Chegámos à fase mais hilariante: de vez em quando um comentador põe a sua atitude mais pomposa para afirmar gravemente que a pose de rigor e seriedade do ministro foi seriamente beliscada por uma qualquer decisão ou afirmação. No fundo, isto tem muito de orgulho ferido, perante um político que parece genuinamente mais interessado na substância que na forma, mais respeitador da realidade que da imagem, mais centrado no país que na elite. Enfim, a suprema rebeldia.

 

DN 2012-05-28

Sab | 26.05.12

É preciso abortar a lei

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Sabia que o Estado (nós todos) gastou no ano passado 11,5 milhões de euros a fazer abortos? Sabia que cada aborto que feito nos hospitais públicos custou 700 euros? Sabia que desde que a lei entrou em vigor, a meio de 2007, o Estado já gastou 45 milhões de euros? Estes números são reais e foram revelados pelo Ministério da Saúde. Outro dado revelado pelo Governo: o número de abortos aumenta de ano para ano, nos últimos dois anos fizeram-se 64 mil abortos. Outro dado que talvez não saiba é que as senhoras que recorrem ao aborto estão isentas do pagamento de taxas moderadoras e têm prioridade sobre a maioria dos pacientes. Os números provam que cada vez há mais mulheres a recorrer ao aborto como método contracetivo. É preciso abortar esta lei.

Sex | 25.05.12

Porto ou Tâmega?

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A intenção do Município de Paredes em integrar a Área Metropolitana do Porto tem já vários anos, sendo uma ideia defendida pelo PSD e pelo PS. Este assunto já foi tema nas últimas campanhas eleitorais e tem sido notícia em vários jornais. Há dois meses, a Junta Metropolitana do Porto aprovou, por unanimidade, a adesão do concelho de Paredes à Área Metropolitana do Porto. No entanto, o estudo de opinião que divulgamos hoje mostra-nos que a maioria da população desconhece completamente o assunto e não tem qualquer opinião sobre ele.

 

Confesso que desconheço quais as vantagens, ou desvantagens, que trará a Paredes a integração na Área Metropolitana do Porto, mas não se pode ignorar que 40 por cento da população ativa do concelho, cerca de 23 mil pessoas, efetua diariamente um movimento pendular entre Paredes e os concelhos da AM do Porto. Acredito que a população de Paredes está sociologicamente mais ligada ao Porto do que ao Tâmega, mas isso continuará a ser assim, independentemente da configuração administrativa do concelho. O que importa neste momento saber é se Paredes tem mais a ganhar com a entrada na AM do Porto do que a perder com a saída da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa. Essa é o tema que falta ver esclarecido.

Qua | 23.05.12

Amar Portugal

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Partilho este texto de João César das Neves:

Ainda há muita gente que ama verdadeiramente Portugal. Ama-o, não por ser grande e próspero, não pelas suas obras e feitos, não omitindo fraquezas e misérias. Ama-o por ser o que é. Ama-o por ser nosso. Ama-o por ser aquilo que somos.

Hoje é preciso dizer isto, pois o que se ouve é precisamente o contrário. A crise é má conselheira e a cada passo alguém sente a necessidade de denegrir a sociedade e insultar o País. Estamos mal e não era suposto estarmos. Houve erros, roubos, abusos que não eram para acontecer. Devíamos ser perfeitos, e afinal somos humanos. Isso prova que o País não presta e temos de o censurar.

É indiscutível o terrível sofrimento de tantos e a legítima indignação por erros inacreditáveis, ultrajes descarados, crimes impunes. Mas tudo isso remete apenas para pessoas concretas, factos particulares, circunstâncias específicas. Extrapolar de situações individuais para injúrias colectivas é, em si mesmo, um erro, um ultraje, um abuso. Apesar de comum.

Existe mesmo um prazer mórbido em exagerar os males, uma satisfação doentia em coleccionar misérias e maldades. Muitos sentem ânsia em apregoar desgraças, em afirmar que sempre foi assim, que Portugal nunca saiu da "cepa torta", que "este país" não tem emenda. Em blogues e conversas de café surgem verdadeiros desafios, concursos, congressos de injúrias, aliás, no cumprimento de antiga tradição nacional. Há gerações que alguns intelectuais, cheios da própria superioridade, fazem questão em analisar e explicar a pretensa boçalidade nacional, esmiuçando causas de uma suposta decadência lusitana. Sem se darem conta de que esses esforços são, em si mesmos, os verdadeiros sinais da alegada decadência. O País não é mau, apesar da inegável mediocridade dessas elites.

Esta crise, como todas as anteriores, não é sinal de especial fraqueza e inferioridade. Dramas destes existem em todas as épocas e latitudes. Todos os povos passam continuamente por momentos altos e baixos, épocas de grandeza e sofrimento. Faz parte da natureza humana. Afinal, cada crise é apenas um desafio à presente geração para vencer as dificuldades que lhe competem, como as anteriores fizeram. Como elas, podemos conseguir ou falhar. Mas a culpa do resultado não é do País, cultura ou tradição nacional. É mesmo só nossa.

Outro sinal, este inverso, do mesmo problema é a reacção que exalta a grandeza lusitana de forma exagerada e mítica. É verdade que, ao contrário do que dizem os mórbidos, há muito de que nos orgulhar na história, que tem características únicas e espantosas: as mais antigas e estáveis fronteiras do planeta, enorme diversidade em pequeno espaço, influência espalhada pelo mundo, resiliência, hospitalidade, bonomia, imaginação, improvisação. Tal não deve gerar orgulho, raiz de todo o mal, mas alegria e humildade.

Em tudo isto há mérito e sorte, empenho e acaso, misturado com muita mesquinhez. Afinal somos humanos. Grandes artistas e pensadores, grandes epopeias e resultados são sempre realizações de luz e sombra. Os Descobrimentos, gesta ínclita e decisiva, incluíram as maiores baixezas e vergonhas inimagináveis. Simplesmente porque foram humanos.

Além disso, como todas as realidades naturais, nasceram, cresceram, diminuíram e passaram. Chegou uma época, aqui como noutros locais, em que coube a Portugal traçar o rumo da humanidade. Fizemo-lo com grandeza e eficácia, no meio de muitos erros e males. Depois esse tempo passou, não por falha ou fado, mas simplesmente porque, como sempre através dos séculos, a história muda e outros apanham a onda. Não é portanto justificado nem o pedantismo patrioteiro nem o decadentismo masoquista. Portugal é humano, e por isso tem crises e prosperidades, grandezas e misérias.

Acima de tudo, como todos os humanos, anseia ser amado. Amado precisamente como é. Esta é a única atitude séria: amar o País por ele ser nosso. O único que temos. Sem ele nada somos. Amá-lo com tudo o que tem de bom, e é muito, e o que fez de mal, que deve ser mais. Felizmente muita gente ama Portugal.

Dom | 20.05.12

Alegado larápio vira vítima.

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O semanário SOL, na edição desta semana, traz uma notícia que nos faz lembrar os países terceiro-mundistas. Diz o SOL que o deputado Ricardo Rodrigues acusou os dois jornalistas da revista SÁBADO de “crime de gravações ilícitas”. Segundo o deputado do socialista, os jornalistas não tinham legitimidade para usar as imagens de vídeo onde o deputado aparece a roubar os dois gravadores dos jornalistas. Ou seja, o alegado larápio acusou criminalmente as vítimas de roubo por estas terem gravado o roubo.

 


Sab | 19.05.12

Sondagens

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Sondagem I. Tal como tínhamos dito, iniciamos a divulgação de uma série de sondagens encomendadas pelo VERDADEIRO OLHAR ao Gabinete de Estudos de Mercado e Opinião do Instituto Português de Administração de Marketing, a mesma entidade, certificada pela ERC, a quem incumbimos as sondagens de 2007 e 2009. Para a semana publicaremos um estudo de opinião à população de Paredes sobre a integração deste concelho na Área Metropolitana do Porto.

 

Sondagem II. Um dos aspetos a ter em conta é que testamos a intenção de voto nos mesmos candidatos das últimas eleições autárquicas, da mesma forma que em 2007 testamos os candidatos às autárquicas de 2005. No entanto, há dois dados que importam realçar: o primeiro é que as últimas duas sondagens mostravam o PSD a crescer, o que efetivamente veio a acontecer nas eleições de 2009, e esta sondagem aponta para um crescimento ainda maior; o segundo dado é o inverso, ou seja, as duas primeiras apontavam para um mau resultado do PS, o que se verificou nas urnas, e esta última atira o PS para valores catastróficos.

 

Sondagem III. Ora, se as últimas duas foram ao encontro dos resultados eleitorais, não temos motivo algum para não acreditar nos resultados que hoje publicamos. Isso prova que a estratégia do PS-Paredes não tem sido a mais correta. Para poder sonhar com um bom resultado daqui a um ano e meio, os socialistas vão ter que mudar de estratégia e, acima de tudo, mudar de protagonistas.

 

Sondagem IV. Eu compreendo que as sondagens sejam desagradáveis para quem sai a perder, mas é preciso não esquecer que a oposição não fez campanha eleitoral e que quem está no poder tem muito mais notoriedade. Por isso, mais importante do que encontrar justificações para estes resultados é tentar compreende-los estudando-os e usa-los para tentar inverter esta tendência.

Dom | 13.05.12

Fátima só se entende de joelhos

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Foram mais de 300 mil os que ontem à noite estiveram em Fátima para participar na procissão de velas. Hoje, alguns jornais tentam encontrar justificações para este fenómeno de Fé.

 

É uma pena que os jornalistas ainda não tenham alcançado que para se compreender Fátima é preciso ter pernas de peregrino e coração de criança. Fátima só se entende de joelhos.

 

Sex | 04.05.12

Tenha cuidado!

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Na semana passada, um prestigiado jornal alemão publicou uma notícia que nos deve deixar preocupados. Segundo esse jornal, os idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia. (Não, não me enganei a escrever o nome do país. Não é a Coreia do Norte ou a China, é mesmo a Holanda, aquele país do norte da Europa) Inclusive, há um asilo alemão que se converteu num abrigo para idosos holandeses que têm medo de serem vítimas de eutanásia a pedido da própria família. Com a liberalização desta prática assassina, há médicos que propõem a eutanásia (leia-se: matar o doente) para pacientes crónicos com diabetes, com esclerose múltipla, SIDA ou cancro. O medo é tanto que há idosos que transportam consigo junto com os documentos um cartão a dizer “não me matem”.

 

O mais grave é que o medo que os idosos holandeses (para os holandeses uma pessoa com mais de 60 anos é idoso!) sentem tem fundamento. Uma análise feita pela Universidade de Göttingen de sete mil casos de eutanásia praticados na Holanda justifica o medo de idosos de terem a sua vida abreviada a pedido de familiares. Em 41 por cento destes casos, o desejo de antecipar a morte do paciente foi da sua família. 14 por cento das vítimas eram totalmente conscientes e capacitados até para responder por eventuais crimes na Justiça. Ou seja quase metade dos casos de eutanásia foi provocada pelos familiares. O mesmo estudo revela que muitas das pessoas com mais de 60 anos não têm confiança nos médicos e acham que a família pode ser uma ameaça para a sua vida no caso de ficarem doentes.

 

Tudo isto está a fazer com que muitos holandeses estejam a optar por passar a velhice do outro lado da fronteira. Por isso, se tem mais de 60 anos e está a pensar ir passear até à Holanda (não certifique-se que não lhe acontece nada de grave. Se for parar ao hospital por causa de um problema grave de saúde corre o risco de morrer da cura.

Qua | 02.05.12

Os donos do 1º de Maio sentiram-se ofendidos

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Eles estão revoltados, indignados, ofendidos e protestam de forma inflamada contra a promoção do Pingo Doce.

 

Os donos do 1º de Maio chamam escravatura ao facto dos funcionários terem trabalhado durante o dia de ontem. Mas não dizem que esses mesmos funcionários que trabalharam no dia feriado optaram por receber mais 50 por cento pelo dia de ontem e mais um dia extra de folga. Escravatura, dizem eles.

 

Os donos do 1º de Maio estão indignados porque milhares de portugueses decidiram ir às compras e poupar metade do dinheiro que habitualmente gastam em compras. Chamam miseráveis e pobres a quem decidiu poupar.

 

 Os donos do 1º de Maio estão chateados porque uma empresa que dá trabalho a muitos milhares de portugueses, paga a tempo e horas aos seus funcionários e fornecedores decidiu lançar uma campanha de marketing que teve resultados positivos para todos: a empresa conseguiu os níveis de notoriedade que pretendia e bateu a concorrência; os funcionários ganharam um dia de folga e mais 50 por cento no vencimento; os clientes puderam poupar metade do dinheiro das compras.

 

Ontem, os donos do 1º de Maio descobriram que, afinal, já não são os donos.

Ter | 01.05.12

A insólita inversão

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Por: JOÃO CÉSAR DAS NEVES

A relevância da homossexualidade na nossa sociedade é surpreendente. Um assunto do foro privado, igual ao que sempre foi, saltou para o centro da actualidade. Mais estranha ainda a inversão de atitude. De prática condenada e repudiada passou a algo que todos se esforçam por considerar normal. Aliás, qualquer outra avaliação é inaceitável.

É verdade que, apesar dos importantes avanços na tolerância, ainda se encontram aí casos graves de discriminação e violência que devem ser denunciados e resolvidos. Mas no meio de tantos problemas sociais, económicos e políticos, vivendo-se fortes conflitos de muitos tipos, é inusitada a atenção e a inversão.

Um paralelo resolve a estranheza. O horror nazi ensinou ao Ocidente a suprema injustiça do racismo. Alguém que é desprezado por ser judeu, mulher ou negro sofre por algo inevitável, que não depende da sua escolha. Mas isso é muito diferente da crítica contra atitudes pessoais, como cristão, comunista ou engenheiro. Em ambos os casos, a injustiça é comparável, mas no primeiro existe pura arbitrariedade, enquanto o segundo visa actos da responsabilidade da pessoa, que deve assumir as suas escolhas. Como diz o velho provérbio jurídico, "ninguém é preso por ser ladrão, mas por ser apanhado a roubar".

A chamada "ideologia do género" tem feito o impossível para conseguir que a opção sexual seja classificada como congénita, identificando assim a homofobia com o racismo. No entanto, nesse campo, a única coisa demonstrável é a existência de uma tendência. Todos temos múltiplas inclinações pessoais, que o nosso comportamento depois promove ou contraria. Não existe no acto sexual uma necessidade inelutável. Cada um continua senhor das suas escolhas e nunca pode atribuir o seu estilo de vida a uma predeterminação genética.

Aqui surge uma segunda confusão entre discriminação e opinião. Existe realmente o crime grave de homofobia, que consiste no tratamento injusto, ou pior a agressão, a alguém por opção sexual. Isso é muito diferente da opinião que cada um possa ter sobre essa actividade. Chamando "homófobo" a quem quer que, sem prejudicar ninguém, considere a prática uma perversão, confundem-se as coisas e comete-se uma outra discriminação, aqui por delito de opinião. Também existem no mundo graves perseguições contra católicos, que não podem ser confundidas com o repúdio particular por essa religião, manifestado de forma civilizada. A fúria actual contra qualquer pessoa que não alinhe com a visão dominante da naturalidade e equivalência de todas as opções sexuais é, ela sim, uma forma grave de totalitarismo cultural.

Ultimamente, esta ideologia tornou-se institucional. Aquilo de que tratam os jornais não é sexualidade, mas decretos. O problema não é erótico, é jurídico. Esta terceira confusão vem de deduzir do repúdio da homofobia a exigência de leis que concedam a esses casais uma paridade com as famílias. O erro abandona o campo especulativo e torna-se político.

O Estado não regula amor e paixão. Se assim fosse, teria de criar muitos contratos para além do casamento. O motivo por que instituiu apenas este tem razões político-sociais, não sentimentais. De facto, a família é a célula base da sociedade, e convém que a lei a estatua, regulamentando os direitos básicos. Fora disso há múltiplas formas de amizade e relação que seguem as partes genéricas do Código Civil.

A razão do interesse jurídico está na paternidade, nascimento e educação de futuros cidadãos, que apenas a família estável realiza com qualidade. Isso não significa que o casamento só se aplique a casais férteis; também o contrato de sociedade é dirigido à produção e lucros, mas uma empresa não deixa de o ser se estiver inactiva. Estas considerações são óbvias, mas a lógica cede num tempo em que as questões da sexualidade têm impetuosidade doentia. O prazer venéreo adquiriu estatuto absoluto, e a regra suprema é "vida sexual e reprodutiva saudável, gratificante e responsável". Que significa gozo sem regras.

Esta é a verdadeira causa das confusões.