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alinhamentos

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Seg | 26.12.11

Hipocondríacos

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Chegamos ao final deste ano em estado de alarme geral. Os noticiários televisivos, que cada vez duram mais tempo, são dedicados na sua quase totalidade a notícias catastróficas. De repente, parece que o nosso país está em estado de sítio e não há nada de bom que nos possa acontecer. Vivemos na cultura do medo, que nos desassossega por tudo e por nada. Por exemplo, agora mesmo enquanto escrevo este texto, está a ser anunciado que estão dois distritos em alerta amarelo, por causa do frio. No fim do mês de Dezembro as televisões gastam tempo a alertar-nos para o frio? Mas não estamos a meio do Inverno? No Inverno não faz frio? Estranho era se tivéssemos uma vaga de calor. Bem, mas se não é o frio é uma peste qualquer num animal de consumo doméstico. Já tivemos todo o tipo de epidemias, desde as vacas que eram loucas, passando pelos suínos até às aves que apanharam um resfriado. Bem, se a dos porcos ia matar quase toda a gente, a gripe das aves ia exterminar tudo que era humano à face da Terra. Digo-vos uma coisa, chegar à véspera de Natal e não terem inventado uma doença para o bacalhau é muita sorte!

Vem tudo isto a propósito do Natal. Há uns anos, ouvia-se com frequência a expressão “estamos nas mãos de Deus”, uma expressão antiga e piedosa que vale a pena voltar a usar na linguagem corrente e que nos dá um toque de esperança e optimismo. É verdade que a cultura envolvente esquece ou esconde a presença de Deus, mas pormo-nos nas mãos de Deus é o melhor que nos pode acontecer nestes dias difíceis, mas não impossíveis de ultrapassar. De facto, sem Deus este país é mesmo perigoso.

Oxalá que o Menino-Deus que vai nascer no Domingo nos faça ignorar este estado permanente de alarmismo e nos dê ânimo para fazermos uma vida diferente, uma vida de esperança. Desejo-lhe um Santo Natal!

Qua | 21.12.11

Maria da Conceição

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Por: Isilda Pegado

Maria da Conceição era uma rapariga de 15 anos pouco dada aos estudos. Frequentava a escola para estar com os colegas e sair de casa todos os dias. Namorava muito. Ficou grávida e a mãe disse-lhe que “tinha de se fazer à vida”. Não a queria lá em casa porque a vergonha era muita.
 
A São procurou um trabalho que lhe desse tecto para si e para o filho que dentro de meses iria nascer. Encontrou um casal de reformados que a contratou. Ali nasceu o João, no meio da estima e cuidados dos senhores da casa e da mãe. O pai do João falecera antes de ele nascer.
 
A São era uma rapariga muito bonita e, movida por um certo ciúme (não fora o patrão encantar-se pela empregada) a dona da casa propôs-lhe que deixasse o João e fosse fazer um curso correspondente ao 12.º ano para uma cidade bem longe dali.
 
Com quase 17 anos a São deixou o filho entregue aos cuidados daquele casal que lhe parecia tão solícito e amigo.
 
Passados alguns meses o coração do senhor General não resistiu e o João ficou apenas entregue aos cuidados da D. Anita que, dois ou três meses após foi à Segurança Social contar a sua história com a São e com o João.
 
As profissionais da Segurança Social comunicaram ao Tribunal que a São tinha abandonado o João porque há mais de um ano não vivia com ele. E, atenta a idade da D. Anita e a sua viuvez, o João deveria ser entregue para adopção por um casal que lhe desse um futuro promissor.
 
A Maria da Conceição viu-se envolvida num processo judicial que tinha por objecto declarar o João em estado de abandono e em condições para ser adoptado.
 
Como o tempo não pára, a São já tinha 19 anos e o João quase 4 anos. A São vivia com um bom homem, o António, que tinha uma condição económica muito razoável, que a amava, a estimava e lhe dava uma família. De tudo foi feita prova. Mas, lá estiveram, em julgamento, os técnicos da Segurança Social a debitar as razões pelas quais aquela mãe não podia ficar com o filho – acima de tudo porque aquele lhe “cobraria sempre o tempo que não esteve com a mãe”.
 
A São não percebia este processo porque tinha deixado o filho aos cuidados da D. Anita para o proteger. Para o proteger da sua própria imaturidade e da falta de condições que tinha para cuidar do filho. A Maria da Conceição lutou como uma leoa pelo seu João.
 
Foi impedida de ver o filho durante alguns meses. E, a primeira sentença veio decretar que o João iria para adopção. A São não se conformou e recorreu-se para um Tribunal Superior. Em Novembro recebemos o Acórdão que reconhecia as muitas formas em que pode ser exercida a maternidade e por isso revogava a Sentença anterior.
 
Por esta altura de Natal, de há muitos anos, o João (então com 4 anos) foi entregue à Maria da Conceição, com quem cresceu e se fez um homem.
 
Há dias, alguém, que não reconheci de imediato, de lágrimas nos olhos, tocou-me no ombro e disse: “Não me conhece? Sou a mãe da Maria da Conceição. Devo-lhe a felicidade da minha filha. É hoje uma grande mulher. Tem três filhos (o João e mais dois) está casada com o António há quase 20 anos. E o João já é engenheiro. Começou a trabalhar numa das empresas da mãe, e vai casar-se”.
 
A maternidade na adolescência tem destas grandezas.
 
PS – Só os nomes não são verdadeiros.

 


Ter | 20.12.11

Educação

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Embora não tenha muita idade, lembro-me que quando estudava na escola primária, as professoras da minha escola eram personalidades locais e que, a par do padre, eram os únicos com formação superior. Por conseguinte, as professoras eram influentes e veneradas, ouvidas muito para além do âmbito estrito da respectiva esfera.

Lembro-me que quando a minha mãe ia falar com a professora fazia-o respeitosamente, com a reverência devida a quem tinha a missão de dar ao filho o que não podia dar-me e que sabia que era importante – a formação escolar.

Hoje os professores são, em muitos casos, conhecidos como uns rapazes e raparigas que vivem nuns quartos alugados ao mês, que são de muito longe e só lá vão estar até conseguirem colocação numa escola mais a seu jeito.
 
Mas este aspecto exterior deteriorado é apenas uma das mudanças dos tempos, a pior é quando os encarregados de educação vão falar com os senhores professores, falam-lhes de alto, quando não com agressividade e arrogância.

Vem isto a propósito de quê?

Esta semana, estive à conversa sobre educação com dois amigos. Um contou-me que a mãe, que é professora há 30 anos, foi ameaçada por um aluno do 6º ano com uma faca. O outro, um jovem professor, contou-me que tem alunos com comportamentos pouco recomendáveis. Dizia-me ele que para os pais o professor era responsável por quase tudo o que acontecia à cria do progenitor: tem que o instruir devidamente, sem o traumatizar com contrariedades ou esforços e ainda ministrar-lhe a educação que em casa não se pode, porque nunca há tempo e aliás, mesmo que houvesse, é da responsabilidade do professor.

Se os pais já não têm respeito por quem educa os seus filhos, que educação vão ter os homens do futuro?

 


Qui | 15.12.11

Baralhado

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Fernando Melo justificou a retirada do pelouro das Finanças ao vereador Arnaldo Soares para lhe dar força “política e institucional”. O que terá mais força perante um financiador? Um vereador empenhado em resolver a dívida contraída em mandatos anteriores (em que ele não participou) ou o homem que a fez de forma irresponsável? E como é que pode dizer que chamou a si o pelouro para lhe imprimir força politica se quem representa a Câmara Municipal nas reuniões com o ministério e a banca é o vereador João Paulo Baltazar? Não devo ser apenas eu que estou baralhado com esta história.

 


Qua | 14.12.11

Miragem

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O filme do IC35 continua. Desta vez, veio um Secretário de Estado dizer que o dinheiro para a sua construção poderá vir de uma reestruturação dos fundos europeus. Alguém acredita nisto? É preciso dizer, de uma vez por todas, que até agora o IC35 não foi construído porque não houve vontade política e agora não vai ser construído porque, mesmo havendo vontade, não há dinheiro.

 

Ter | 13.12.11

Desculpas

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Nas eleições do PSD/Paredes, mais de 350 militantes votaram na lista única encabeçada por Celso Ferreira. Este resultado tem duas leituras: os militantes quiseram dizer que confiam no autarca para preparar as eleições autárquicas de 2013; a segunda leitura, os militantes deram um cartão vermelho a José Henriques Soares. É certo que este não concorreu, mas alimentou essa hipotese até à última hora. No artigo que escreve esta semana, José Henriques Soares diz que já há mais de um mês que tinha decido não ser candidato, no entanto, não se coibiu de dar uma entrevista a um outro jornal, uma semana antes do acto eleitoral, onde travava Celso Ferreira por “meu adversário” e por “o outro candidato”. As desculpas agora apresentadas soam a isso mesmo: desculpas. Até porque, os militantes dificilmente aprovariam para presidente do PSD um militante que há menos de quatro meses fez declaradamente campanha eleitoral por outro partido.

 


Sex | 02.12.11

Preocupante

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A Misericórdia de Paredes vive dias tumultuosos. No passado sábado, a mesa da direcção viu rejeitada a sua proposta para tentar salvar o Hospital da Misericórdia de Paredes, abrindo um conflito que, provavelmente, levará à demissão do provedor e dos mesários. Ora, esta crise só acontece porque durante anos a fio houve um descuido na admissão dos "irmãos" da Misericórdia. Neste momento, a assembleia é constituída por algumas pessoas que não têm o espírito cristão da caridade, do amor ao próximo, impregnado da profunda espiritualidade evangélica que informavam os princípios da Irmandade. Por isso, está aberto o caminho para que o próximo provedor seja um não-católico.

 

Hoje, como há quinhentos anos, as Misericórdias têm um importantíssimo papel social a desempenhar que só terá resultado se as suas direcções não perderem de vista os modelos de caridade propostos pela Igreja, perita em humanidade. Esse espírito cristão da caridade só é possível se os mesários o viverem.

 


Qui | 01.12.11

Anedótico

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Há umas semanas, neste mesmo espaço, defendi que Fernando Melo era um empecilho para o PSD e para o concelho de Valongo. Este último mandato tem sido marcado por ausências constantes, em que – toda a gente sabe – a gestão corrente da Câmara Municipal tem sido assegurada pelo vereador João Paulo Baltazar. Se Fernando Melo já era maléfico para o concelho de Valongo (basta observar o caos urbanístico e as contas municipais) agora é também uma desgraça para o próprio PSD. Esta semana, Fernando Melo resolveu retirar parte dos pelouros ao vereador Arnaldo Soares, o independente que, provavelmente, lhe garantiu a reeleição nas últimas autárquicas. Fernando Melo está cada vez mais só e o PSD cada vez mais perto de uma anunciada derrota eleitoral.