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alinhamentos

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Sex | 28.01.11

Como se comportam as escolas públicas

fcrocha

Portugal é o segundo país da Europa com o maior número de crianças obesas. Estudos recentes revelam que 34 por cento das crianças portuguesas têm excesso de peso, dessas, quase 26 por cento são pré-obesas e oito por cento são mesmo obesas. Estes dados preocupantes vêm a propósito das máquinas de chocolates, bolos e sumos que existem nas escolas.

 

Há duas semanas, estive em duas escolas do concelho de Paredes que dentro dos bares tinham enormes máquinas que servem para vender dezenas de chocolates, das mais variadas marcas, aos alunos.

 

Ora, se as escolas públicas continuam a vender chocolates aos alunos, dentro da própria escola, lucrando financeiramente com isso, é porque a direcção da própria escola está mais interessada nos lucros gerados pela venda dos produtos do que na saúde dos alunos.

 

No entanto, na anterior legislatura, a Assembleia da República aprovou uma resolução que proíbe a vende de produtos hipercalóricos nas escolas públicas. A mesma resolução que, por exemplo, para a Escola Secundária de Baltar e para a EB2,3 de Paredes continua a não ter força de Lei. De nada serve aprovar leis que o próprio Estado não consegue aplicar nas suas próprias escolas.

 

A obesidade infantil é a doença infantil com maior incidência em Portugal, sendo por isso urgente que se tomem todas as medidas indispensáveis para a travar. Por isso, é evidente que é necessário que se comece por pôr em prática algumas das leis já em vigor, neste caso, retirando das escolas as máquinas de chocolates. Depois disso, para evitar que as crianças e jovens optem por alimentos hipercalóricos existentes nos bares das escolas em vez de refeições mais saudáveis, uma das medidas praticáveis, e que já existe em algumas escolas, seria fechar o bar à hora do almoço, levando assim os alunos a preferir o refeitório, onde a alimentação é mais saudável.

 

Aqui ficam as fotografias do conteúdo de uma das máquinas:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sex | 21.01.11

Venha o diabo e escolha

fcrocha

No próximo domingo realizam-se as eleições presidenciais. Olhando para a lista dos seis candidatos, fico com a ideia que esta é a pior lista de pretendentes que Portugal já teve desde o 25 de Abril. Na hora de decidir o voto, descobri que não tenho em quem votar.

 

Jamais votaria em qualquer um dos candidatos que concorrem contra o actual Presidente da República, porque todos eles defendem politicas contrárias a muitos dos princípios que defendo.

 

A candidatura ideologicamente mais próxima dos valores humanistas seria a do actual presidente, só que mesmo essa está descredibilizada pelo seu reiterado apoio às leis anti-vida, anti-casamento, anti-família e anti-liberdade de educação. Eu não acredito num candidato que promulgou um decreto-lei que quase acaba com o ensino privado em Portugal e que passados poucos dias, em campanha eleitoral, consegue o malabarismo de se mostrar solidário com os pais que protestam contra essa mesma lei. Eu não acredito num candidato que fez uma declaração pomposa ao país, enumerando uma série de argumentos lógicos contra a lei do casamento homossexual, para no final dizer que não teve verticalidade suficiente para vetar a mesma lei. Cavaco Silva, passou cinco anos a pensar na reeleição. É admirável a forma como nesta campanha eleitoral denuncia, um a um, os reais problemas do país. Mas, onde esteve durante cinco anos? Porque se manteve quase sempre em silêncio? Os problemas do país não nasceram como cogumelos nos quinze dias de campanha eleitoral.

 

Não venham com o argumento da crise económica para votar no mal menor. Antes de ser económica, a crise que Portugal atravessa é uma profundíssima crise de valores. As crises de valores são mais importantes que as crises financeiras.

 

É certo que Cavaco Silva é o menos mau dos candidatos, mas em consciência jamais votarei nele. Só me resta uma opção digna: votar em branco.

Sab | 15.01.11

Um tempo morno

fcrocha

Passado pouco mais de um ano desde as últimas eleições autárquicas, assistimos a um tempo que vai sendo característico por esta altura: os executivos deixaram de apresentar projectos e ideias em catadupa e as oposições ficaram amorfas, sem iniciativa política, desgastadas e sem ambição. Em alguns casos, as oposição são, hoje, partidos do “contra”, que se limitam a criticar as poucas ideias de quem está no poder, sem terem a capacidade de apresentarem novas ideias.

 

Em Paredes e Penafiel temos um PS sem ideias, um partido amargo que se esgota no papel de comentador da vida política. Em Paredes a situação é ainda mais grave, com o PS a ser dominado por um personagem estranho à região, de uma esquerda arcaica, nervoso e truculento, que está a transformar o PS/Paredes num partido retrógrado, mumificado, ultrapassado e sem ideias. Em Penafiel, o partido parece querer renovar-se, só que o faz a um ritmo tão lento que, a continuar assim, dificilmente impedirá a coligação de direita de repetir a vitória em 2013. Numa altura em que o actual presidente da câmara cumpre o seu último mandato, o PS/Penafiel tem pela frente um grande e decisivo desafio: conseguir ganhar a credibilidade que perdeu, apresentando novas ideias para o concelho.

 

As oposições mais fortes estão em Paços de Ferreira e Lousada. Na Capital do Móvel, o PS não tem dado tréguas a Pedro Pinto, chegando por vezes à irónica circunstância de conseguir que o PSD faça oposição à oposição. Fruto de um partido renovado e revigorado, a oposição forte tem contribuído para melhorar a acção do executivo. Em Lousada, o PSD parece não ter desmobilizado a sua máquina de campanha, mas tem-se focado apenas no desgaste dos outros. Se quer ser poder, o PSD/Lousada vai ter que se empenhar na construção de uma alternativa e isso não se faz apenas com visitas às freguesias, faz-se com ideias novas e concretas para o concelho.

 

Custa-me a perceber como é que, nos tempos que vivemos, as oposições ainda permitem executivos tíbios.

Qui | 13.01.11

Sugestão de Leitura: Vir ao Mundo

fcrocha

A Bertrand lança a 21 de Janeiro de 2011 o livro Vir ao Mundo, um novo romance de Margaret Mazzantini, autora do consagrado "Não te Movas", vencedor do prémio Strega. Recorde-se que este último livro teve uma adaptação ao cinema, em 2004, protagonizada por Penélope Cruz e realizada por Sergio Castellito, precisamente o marido de Margaret. Esta prevista para breve uma adaptação deste novo Vir ao Mundo, também ela protagonizada por Cruz e dirigida por Castellito.


Vir ao Mundo venceu o prémio Campiello.

 

Margaret Mazzantini volta para os seus leitores seis anos depois de Não te Movas, propondo com Vir ao Mundo uma trajectória audaz: da pequena história de uma mulher e de um amor inférteis, ao cerco de Sarajevo, e regresso. Dois pontos de partida e chegada improváveis: um casal de jovens italianos desnorteados, cada um à sua maneira, viciados por um país de pais velhos, absorvidos por uma tragédia histórica e depois cuspidos. Contudo, ambos têm nas mãos um precioso material vivo: um filho da guerra.

 

São 529 páginas de um livro trabalhado, ambicioso, intenso e muito bem-sucedido muitas vezes nas partes menos romanescas, dedicadas ao cerco de Sarajevo. Um conflito hoje quase esquecido e que reviveu enquanto desaparecia juntamente com o século que o tornou célebre através do seu atentado, um instante antes de cair no buraco negro da nossa memória, com o Hotel Holliday Inn na avenida onde apontavam os atiradores, as explosões das granadas num mercado rico mais pelos compradores do que pelos bens em oferta nas bancas.

 

Só fica uma dúvida, que se reforça em presença da autora, uma mulher elegante e delgada, quase transparente, mãe de quatro filhos, esposa de um homem inteligente, encontrada no seu contexto quotidiano de cidadã num bairro rico de uma rica cidade ocidental, e o facto de ser Roma é uma casualidade.

 

Margaret Mazzantini é considerada uma das melhores e mais originais escritoras italianas e uma das mais internacionais.

 

Vir ao Mundo
Autor: Margaret Mazzantini
Editor: Bertrand

 

Sex | 07.01.11

Uma região pobre

fcrocha

Uma região pobre I. Esta semana, publicamos os dados do Atlas Social de Portugal com os dados económicos referentes à região. Se relativamente à demografia temos os concelhos mais jovens do país, no que diz respeito ao poder económico das famílias, temos as mais pobres de Portugal. Aqui, o salário médio é uns cêntimos acima do salário mínimo nacional. Para que se possa compreender melhor estes dados, diga-se que em Portugal a média de pessoas da classe média-baixa, ou seja, as que ganham pouco mais que o salário mínimo nacional, é de 31 por cento, enquanto na região são 70 por cento as pessoas vivem com menos de 500 euros por mês. Estes números revelam bem o estado económico da região.

 

Uma região pobre II. Não deixa curioso que seja nesta mesma região que têm sido anunciados vários hiper-mega-super projectos de investimento de milhões de euros, que haveriam de gerar milhares de postos de trabalho. Resultado: zero! Foram várias as notícias que no último ano encheram as páginas do nosso jornal e que davam conta de muitas intenções de investimento. Mas, infelizmente, foram raras as páginas utilizadas para anunciar a concretização desses projectos. É preciso acabar com o show off. Esqueçam as cerimónias de lançamento da “primeira pedra” e passem-nos a chamar sempre que colocarem a última pedra.

 

Uma região pobre III. Embora os dados que hoje revelamos sejam do conhecimento dos autarcas, muitos deles continuam a agir como se nada disto se passasse. Um exemplo de despesismo: o Município de Paredes tem um gabinete de comunicação, como tem qualquer outra autarquia. A diferença é que esta Câmara gastou no ano passado mais de 100 mil euros com o seu funcionamento. As contas são fáceis de fazer: no ano passado foram pagos pela autarquia 36 mil euros a uma empresa de consultadoria para o Gabinete de Comunicação, mais quase 59 mil euros a uma outra pelos serviços de comunicação. Para além disso, a Câmara ainda afectou a este gabinete outro funcionário do município. Não se pense que isto acontece só em Paredes, a região está impregnada de exemplos como este.