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alinhamentos

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Qua | 30.06.10

REQUIEM POR SARAMAGO

fcrocha

 Não obstante as suas irreverências literárias, nenhum cristão pode ficar indiferente ante o passamento do Nobel português
 
José Saramago morreu: paz à sua alma. Não obstante as suas reincidentes irreverências literárias, nenhum cristão, digno desse nome, pode ficar indiferente ante o passamento do Nobel português, sobretudo porque o divino Mestre encareceu aos seus discípulos o amor aos inimigos e não há dúvida que, muito embora os fiéis o não fossem dele, ele fez questão de o ser de Cristo e da Igreja.
 
O sincero pesar pelo seu desaparecimento, tanto mais penoso quanto carente, ao que parece, de qualquer indício de conversão, não quer dizer, como é óbvio, que se possa ignorar que a sua vida foi vivida na teoria e prática de uma ideologia anticristã. Por isso, seria despropositada, senão hipócrita, a pretensão de "baptizar" postumamente o finado militante comunista, num disparatado aproveitamento da sua notoriedade. Por isso também, seria incoerente que a Igreja oficialmente sufragasse a alma do defunto escritor, não porque não se possa e até se deva rezar por quem quer que seja, mas porque as exéquias cristãs só podem ser oficiadas aos fiéis católicos e José Saramago, decididamente, o não era. O seu a seu dono: dêem-se a cada qual as honras fúnebres que lhes são devidas, mas de acordo com as suas convicções e no lugar correspondente, também em nome do respeito devido à memória dos que já partiram.
 
Surpreende que, em ocasiões desta natureza, entre as carpideiras habituais do regime laico, se oiçam também algumas lamentações cristãs. Num desconcertante exercício de retórica, esses fiéis politicamente muito correctos fazem questão em homenagear a "coerência" do defunto. Mesmo ressalvando escrupulosamente as teses que o dito professou e viveu ao longo da sua vida, essas caridosas almas sentem como que uma irreprimível e pungente necessidade de elogiar a sua "postura", a sua "verticalidade", a "firmeza" das suas convicções e até, reverentemente, se dignam prestar culto à sua incensada "irreverência".
 
Ora a virtude ética não pode ser apreciada senão na relação com o correspondente valor, que a fundamenta: uma boa acção não é principalmente uma questão de atitude, mas a prática do bem. Quer isto dizer que a "coerência" no mal não é virtuosa, mas defeituosa e, nesse caso, o único comportamento moral digno de louvor é, obviamente, a rejeição do mal e a opção pela verdade e pelo bem. Se ter uma convicção contrária aos mais elementares princípios éticos é lamentável, muito pior é nela persistir toda a vida, porque se errar é humano, perseverar obstinadamente no mal é diabólico. A persistência é louvável no exercício do bem, mas é detestável na prática do mal: não atenua a responsabilidade moral do sujeito, antes a agrava, porque se a falta isolada merece indulgência e perdão, a consciente e voluntária obcecação no erro não é passível de tal compaixão.
 
Com Cristo foram crucificados dois ladrões: um converteu-se à hora da morte e a Igreja venera-o como santo, porque Jesus lhe prometeu dar, naquele mesmo dia, a glória do céu. Do outro não consta que se tenha emendado, pelo que passou à História como o "mau ladrão". Não faria sentido louvar a sua impenitência final à conta da sua "coerência" no mal, quando a única acção que o poderia ter salvo era o corajoso reconhecimento da sua culpa.
 
José Saramago morreu. Queira Deus que não tenha comparecido impenitente ante a Face que perdoa os contritos de coração. Paz à sua alma. 
 
Gonçalo Portocarrero de Almada
 
Licenciado em Direito e doutorado em Filosofia. Vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família (CNAF) 
 
 

Seg | 28.06.10

Será menino ou menina?!

fcrocha

Os manuais de educação sexual distribuídos pelas escolas públicas e produzidos pela Associação para o Planeamento da Família (APF) continuam a escandalizar muitos. Mas só se escandaliza quem não conhece esta afiliada da americana IPPF.

 

Mas afinal o que é a APF? Qual a posição das Associações para o Planeamento da Família sobre a educação sexual? Para que melhor se possa ajuizar, apresenta-se alguma informação, sobre esta questão, relativa à IPPF/APFs e os seus  ideólogos e materiais que distribuem.

 

Numa obra dirigida aos pais, aconselha-se: “... quando virmos as crianças (5-7 anos) acariciando os órgão genitais, basta dizer: ‘eu sei que isso sabe bem, mas é um modo privado de se sentir bem. Procuremos um lugar onde encontres a privacidade de que precisas”[1]. Em relação às dos 8-12 anos, recomendam: “as crianças nesta idade precisam de muita informação explícita [...]”[2] para serem educadas sobre sexo seguro. “Devemos ensinar os adolescentes como excitarem oralmente os órgãos genitais e a masturbarem-se mutuamente [...]”[3]; e que “as relações sexuais sem risco para as lésbicas compreendem: o uso de protecção dentária de borracha para a estimulação oro-vaginal e oro-anal [...], o uso de luvas cirúrgicas para meter os dedos na vagina ou no recto da companheira ... e todas as outras coisas maravilhosas que as lésbicas fazem”[4], pois “não esperamos que as pessoas se ajustem a um modelo determinado e que sejam heterossexuais, homossexuais ou bissexuais [...] seria aborrecido se as pessoas fossem todas semelhantes”[5]. Aliás, os que se opõem a tais práticas, assim como ao “incesto entre irmãos e irmãs e ao contacto sexual com animais[6] [...] são antiquados e desmancha prazeres”[7].

 

Como, evidentemente, a grande maioria dos pais não vai na cantiga, o êxito das APF’s reside ultimamente na capacidade de subtraírem os filhos ao seu controlo, de modo a podê-los manipular à vontade.

 

Como pode ver, o Estado paga uma quantia avultada, sem que tenha sido realizado concurso público, e entrega um assunto sobre educação dos jovens portugueses a essa tal de APF, permitindo que esta escreva o que bem lhe apetecer, mesmo que a informação não tenha rigor científico.

 

Em Portugal, a APF recebe todos os anos centenas de milhares de euros que saem do meu e do seu bolso. Infelizmente, esta relação marcadamente promíscua – entre a APF e os sucessivos governos – vem já de há vários anos. É necessário que façamos tudo o que está ao nosso alcance para colocar um ponto final nesta bizarra e ilícita situação.

 

Antes de terminar, ficam dois exemplos caricatos:

 

- Em 2004, o site do IPJ reproduzia informação da APF que dizia que «por um bebé nascer com um pénis, não faz dele uma pessoa masculina, nem por uma pessoa nascer com uma vagina, faz dela uma pessoa feminina». Ops! E agora? Você será homem ou mulher?

 

- No dia 5 de Outubro de 1998 o Presidente da República, Jorge Sampaio, condecorou, com a “Ordem de Mérito Público”, a Associação para o Planeamento da Família (APF).

 

Esta realidade é bastante dura, mas conhecê-la em toda a sua crueza é o primeiro passo para construir uma sociedade melhor. Não se esqueça que a acção oportuna pode ajudar a acabar com esta relação e, também, a sua indiferença pode retardar. Mexa-se!



[1] Kids and AIDS, A Guide For Parents, p. 10 Abril 1994. Publicado pela filial dos USA da IPPF. Citado in James W. Sedlak, opus cit., p. 44.

[2] Idem.

[3] Debra W. Haffner, Siecus Report, Setembro/Outubro 1988

 

[4] I ThinK I Might be A Lesbian...Now what Do I Do, Folheto distribuído a adolescentes pelo escritório da PPFA em Rocky Mountains, Arvada, Colorado.

[5] Sol Gordon and Roger Libby. Citado in Robert Marshall and Charles Donovan, opus cit., p. 103.

[6] 2I have known cases of farm boys who have had loving sexual relationship with an animal and who felt good about their behavior [...] Any of the farm animals may become a sexual object ¾ ponies, calves, sheep, pigs, even chickens or ducks. Dogs are also commonly used, but cats rarely.” In Wardell Pomeroy,  Boys and Sex, Delacorte Press, New York, 1981, pp. 171-172.

[7] Sobre Make it Happy, de Jane Cousins, in Valerie Riches - Foreword by Professor Sir Bryan Thwaites, MA, PhD, Sex and Social Engineering, Family and Youth Concern (The Responsible Society), 1986, p. 21.

Sab | 26.06.10

O Santo do Quotidiano

fcrocha

Em 6 de Outubro de 2002, estava em Roma a assistir à cononização de São Josemaria Escrivá. Na altura, o Papa João Paulo II referiu-se a ele como sendo o santo do quotidiano e disse que "São Josemaria foi escolhido pelo Senhor para anunciar a chamada universal à santidade e para indicar que as actividades comuns que fazem parte da vida de todos os dias são caminho de santificação. Poder-se-ia dizer que foi o santo do quotidiano".

 

Neste dia em que a Igreja celebra o dia de São Josemaría, deixo aqui a biografia do fundador do Opus Dei.

 

 

Josemaria Escrivá nasceu em Barbastro (Huesca, Espanha), em 9 de janeiro de 1902. Seus pais chamavam-se José e Dolores. Teve cinco irmãos: Carmen (1899-1957), Santiago (1919-1994) e outras três irmãs menores do que ele, que faleceram ainda pequenas. O casal Escrivá deu aos seus filhos uma profunda educação cristã.

 

Em 1915, a indústria de tecidos do pai abre falência, e ele tem de mudar-se para Logronho, onde encontrou outro emprego. Nessa cidade, Josemaria dá-se conta pela primeira vez da sua vocação: depois de ver umas pegadas na neve dos pés descalços de um religioso, intui que Deus deseja alguma coisa dele, embora não saiba exatamente o quê. Pensa que poderá descobri-lo mais facilmente se se fizer sacerdote, e começa a preparar-se, primeiro em Logronho e, mais tarde, no seminário de Saragoça.

 

Seguindo um conselho de seu pai, cursa na Universidade de Saragoça a Faculdade de Direito, como aluno livre. Seu pai morre em 1924, e ele fica como chefe de família. Recebe a ordenação sacerdotal em 28 de março de 1925 e começa a exercer o ministério numa paróquia rural e depois em Saragoça.

 

 

Em 1927, transfere-se para Madrid, com permissão do seu bispo, a fim de doutorar-se em Direito. Ali, no dia 2 de outubro de 1928, Deus faz-lhe ver a missão que lhe vinha inspirando havia anos, e funda o Opus Dei. A partir desse momento, passa a trabalhar com todas as suas forças no desenvolvimento da fundação que Deus lhe pede, ao mesmo tempo que continua a exercer o ministério pastoral que lhe fora encomendado naqueles anos, e que o punha diariamente em contato com a doença e a pobreza dos hospitais e bairros populares de Madrid.

 

Quando eclode a guerra civil, em 1936, encontra-se em Madrid. A perseguição religiosa obriga-o a refugiar-se em diferentes lugares. Exerce o seu ministério sacerdotal clandestinamente, até que consegue sair de Madrid. Depois de atravessar os Pireneus até o sul da França, instala-se em Burgos.

 

Quando termina a guerra, em 1939, volta a Madrid. Nos anos seguintes, dirige numerosos retiros espirituais para leigos, sacerdotes e religiosos. Nesse mesmo ano de 1939, conclui os estudos de doutorado em Direito.

Sex | 25.06.10

Acredite que é verdade!

fcrocha

Acredite que é verdade! O sexo dificilmente será uma matéria pacífica, sobretudo quando está em causa a educação das crianças. Com a entrada em vigor da regulamentação da Lei 60/2009, a educação sexual passa a ser obrigatória nas escolas, através das disciplinas curriculares. Como um mal nunca vem só, esta semana ficou-se a saber que o material a utilizar nas escolas será fornecido pela Associação para o Planeamento da Família (APF), uma intuição afiliada da americana IPPF, promotora do aborto e da homossexualidade. Em 2005 foi o jornal Expresso a alertar para o kits e manuais da APF, na semana passada foi o Jornal I a divulgar as imagens e os manuais da APF que, por exemplo, incentivam à masturbação homossexual.

 

 

Tirania. Eu sou um dos pais que jamais vou aceitar a expropriação do meu dever e direito de educar os meus filhos, em particular em matérias que comprometam as liberdades individuais, como é o caso do modelo único de educação sexual que me querem impor. O Ministério da Educação não deu aos pais outra alternativa de educação sexual que não seja o modelo desta APF.

 

Sexo? O que é isso? Cada vez mais, os alunos que terminam os seus estudos secundários acusam a sua deficiente preparação científica e literária. O Governo acha que pior do isso é a falta de conhecimentos sobre sexualidade. Sim, porque ninguém sabe nada sobre sexualidade. A televisão não passa nada de cariz sexual, as revistas não publicam nada sobre o assunto e a Internet nem reconhece a palavra sexo. O Governo e os deputados só podem estar a brincar com os pais.

 

Não obrigado! Impor por decreto a educação sexual é um acto estranho e mostra que os políticos estão mais interessados em causas que desviem a atenção dos cidadãos dos reais problemas do país e dos desgoverno que se vive. Se tudo correr bem, espero que os meus filhos chumbem por faltas às disciplinas em que lhes quiserem ensinar aquilo que o Estado não tem o direito de ensinar.

Qua | 23.06.10

Sexo seguro

fcrocha

No post “VERÃO, PAIXÃO E SEXO… MUITO SEXO!” pus em dúvida o uso do preservativo como método eficaz no combate à SIDA. Por isso, recebi vários e-mails de “protesto”. Alguns afirmaram que não me fundamento em argumentos sólidos para considerar o preservativo como um erro no uso contra a SIDA.

 

Para além de não ser verdade, pois no referido post explico o porquê da minha posição relativamente a este assunto, descrevo de seguida alguns, poucos, dos muitos motivos que me levam a ter uma posição contra o uso do preservativo.

 

Um dos e-mails que recebi dizia que “quando usado de maneira correcta e consistente, o preservativo dá uma boa protecção anti-concepcional”. De facto o preservativo é eficaz para evitar a gravidez, mas mesmo só a gravidez e mesmo essa...  Vejamos:

 

• No passado dia 23 de Junho de 2005, a ONU revelou que o esforço massivo para parar a expansão do HIV/SIDA através do uso do preservativo foi um fracasso;

 

• Em Fevereiro de 2006, a Cruz Vermelha Mexicana, através do seu presidente Dr. José Barroso Chavéz, revelou que o uso do preservativo no combate à SIDA era ineficaz e propôs a abstinência e a fidelidade como os únicos caminhos seguros para evitar o contágio, criticando a campanha do governo lançada para combater a doença a partir da distribuição de preservativos;

 

• O preservativo quando usado para evitar a gravidez, tem uma falha 15 a 25%. Se tivermos em conta que o espermatozóide humano é 450 vezes maior que o vírus HIV, a sua falha é muitíssimo maior no que se refere à prevenção da SIDA;

 

• A fissura do látex (poro), de que é feito o preservativo, é de 50 (nos de melhor qualidade) a 500 vezes (nos mais comercializados) maior que o tamanho do vírus HIV (in Organização Mundial de Saúde);

 

• A revista científica “Social Science and Medicine” publicou no final do ano passado um estudo sobre o uso do preservativo que conclui da seguinte forma: “Presta um mau serviço à população quem estimula a crença de que o preservativo evitará a transmissão sexual do HIV. O preservativo não elimina o risco de transmissão sexual; na verdade só pode diminuir um tanto o risco.”;

 

• Em 2006, o governo Americano investiu 500 milhões de dólares numa campanha chamada “Quem ama sabe esperar”, que tem como objectivo dar a conhecer estes estudos e incentivar a abstinência sexual entre os jovens como o única forma eficaz e segura de prevenir o contágio com o HIV.

 

Embora sejam poucos os argumentos descritos, poderiam ser muitos mais, chega-se à conclusão de que é irresponsável, cientificamente, dizer que o preservativo garante o “sexo seguro”. O pior, ainda, é que esta falsidade vem acompanhada de um estímulo ao sexo livre, sem responsabilidade e sem compromisso, o que o faz promíscuo e vulgar e, consequentemente, provoca o risco de contágio com o HIV.

 

É preocupante, muito preocupante que existam associações, financiadas com o dinheiro de todos nós, a promoverem de forma enganosa e irresponsável o uso do preservativo, criando em muitos jovens a ilusão do “sexo seguro”.

 

Não tenho a intenção de impedir o combate à SIDA, apenas não aceito é que se faça caridade à custa da verdade, nem se imponha a verdade voltando as costas à caridade.

Seg | 21.06.10

Arranque-se o joio!

fcrocha

Houve períodos da história em que o papel das Misericórdias foi mais relevante ou visível do que noutros. Hoje, neste processo de globalização e de esforço pelo acesso de todos aos bens que de todos são, as Misericórdias são das instituições que, vindo do passado, têm mais características de modernidade.

 

Mesmo sendo instituições que acompanham os tempos, as Misericórdias não podem perder o código genético imutável que as caracteriza: associações laicas de inspiração cristã. Ou seja, as Misericórdias são um esforço colectivo de católicos, que afunda as suas raízes na tradição social e religiosa. Por isso são chamadas de Irmandades.

 

O espírito cristão da caridade, o amor ao próximo, impregna do de profunda espiritualidade evangélica, informavam os princípios da Irmandade, sendo o seu objectivo principal viver esses princípios na prática concreta das obras de misericórdia.

 

Hoje, as Misericórdias são olhadas com olhos economicistas, muitas vezes constituídas por Mesários que de católicos não têm nada e que as usam para alcançar objectivos pessoais, sejam eles económicos ou políticos.

 

Por isso, não devemos menos prezar as Misericórdias, porque o futuro promete quanto a questões sociais, a exigirem maiores ajudas à população idosa e aos mais jovens, mas sobretudo uma necessidade maior de apoio à família.

 

Hoje, como há quinhentos anos, as Misericórdias têm um importantíssimo papel social a desempenhar que só terá resultado se apostarem numa organização interna profissional e rigorosa, sem perder de vista os modelos de caridade propostos pela Igreja, perita em humanidade. Esse espírito cristão da caridade só é possível se os Mesários o viverem.

 

É preciso assegurar que o destino das Misericórdias continuará a ser fiel à doutrina da Igreja, o que só é possível se este for decidido por católicos. Já agora, olhe à sua volta e veja se é isto que está a acontecer.

Dom | 20.06.10

Encerramento das escolas - Oposição falha (novamente) o alvo

fcrocha

Na passada quarta-feira, a oposição, em peso, criticou a Ministra da Educação pelo anunciado encerramento de escolas, como se ela tivesse alguma culpa disso!

 

Na realidade, limita-se a enterrar os cadáveres em que as escolas se tornaram por falta de alunos.

 

Este comportamento da oposição é equivalente a criticar-se um metereologista por estar a chover ou responsabilizar-se um cangalheiro pelo morto que está no caixão…

 

Pelo contrário, a responsabilidade do encerramento das escolas cabe aos governos e aos deputados que estiveram no poder há 10-6 anos (alguns dos quais entre os críticos de hoje), e se mantiveram indiferentes ao constante crescente défice de nascimentos na altura, e que conduziram ao actual défice de crianças nessa idade, mostrado no gráfico que se segue.

 

 

O mesmo gráfico mostra que o encerramento de escolas vai manter-se, pelo menos, nos próximos 6 anos, graças às leis aprovadas nesta legislatura, da responsabilidade da maioria parlamentar, onde se incluem alguns dos críticos de hoje.

 

Esse mesmo gráfico mostra, também, o futuro pouco risonho dos estabelecimentos de ensino de grau superior…

 

Se os senhores deputados querem, na realidade, acabar com o encerramento das escolas e desemprego entre os professores, deverão, pelo contrário, chamar o Primeiro-Ministro, e os Ministros das Finanças, da Saúde e do Trabalho e da Segurança Social e revogar imediatamente toda a legislação anti-família e anti-natalidade entretanto aprovadas, para além de terem que esperar seis anos para que os efeitos dessas leis disparatadas deixem de ter efeito negativo na frequência escolar.

 

A APFN aproveita a oportunidade para convidar a FENPROF a fazer coro connosco junto dos verdadeiros causadores do encerramento das escolas, acima indicados, para que o emprego dos professores, entre os quais estão vários pais de famílias numerosas, deixe de estar ameaçado devido à desastrosa e suicida política anti-família e anti-natalista que tem vindo a ser praticada.

 

Como diz o povo português, na sua sabedoria, “Cá se fazem, cá se pagam”.

 

Associação Portuguesa de Famílias Numerosas

Sab | 19.06.10

A uma só voz

fcrocha

A uma só voz I. Nas últimas semanas, temos assistido a uma intensa actividade dos autarcas da região na luta contra as portagens nas SCUT. A batalha parece estar perdida. Não concordo com o preço, mas concordo com a necessidade de portagens. Agora, que o assunto parece ter chegado ao fim, todos gostávamos de ver o mesmo empenho, por exemplo, na luta pelo saneamento básico nestes concelhos.

 

A uma só voz II. Aos autarcas de Paços de Ferreira e Paredes caberia a iniciativa de liderar decididamente o processo de saneamento público. Todos sabem das dificuldades que as concessões nestes concelhos têm tido para conseguir cumprir o investimento previsto no contrato de concessão. Haverá maior assimetria regional do que um concelho sem saneamento básico? Era interessante que estes dois autarcas dissessem claramente, passados tantos anos, qual a cobertura de saneamento básico e o que fizeram e tencionam fazer para acelerar este processo. Fazer isto fora dos calendários eleitorais é uma prova de boa-fé. Caso não o façam, este tema servirá que num uma luva ao calendário eleitoral da oposição.

 

A uma só voz III. Numa região com as piores taxas de abandono escolar, com a mais alta taxa de trabalhadores que escolheram emigrar, com uma taxa de desemprego brutal, não faltam motivos aos autarcas para continuarem a lutar em conjunto.

Sex | 18.06.10

Coincidências

fcrocha

Mais do que uma vez, o Partido Socialista de Paredes acusou o nosso jornal de omitir as notas de imprensa daquele partido, como se fossem os dirigentes do PS/Paredes a definir o que é ou não notícia no VERDADEIRO OLHAR. O que os socialistas de Paredes não explicam é que quase sempre enviam as notas de imprensa depois da edição fechar. O último exemplo deste procedimento discriminatório foi na semana passada. Os socialistas remeteram uma nota de imprensa na sexta-feira, um dia depois dos jornais estarem nas bancas. Nesse mesmo dia, certamente por coincidência, um deles trazia publicada a tal nota de imprensa. Há coincidências que coincidem!

Sab | 12.06.10

VERÃO, PAIXÃO E SEXO… MUITO SEXO!

fcrocha

Estão ambos num bar, ele com o copo na mão a tomar vagarosamente a sua bebida, enquanto vai trocando olhares com uma bela, jovem e sexy mulher que está na outra ponta do balcão. Daqui a pouco ele mete conversa com ela. Duas horas de conversa depois, estão os dois numa cama a fazer sexo com uma paixão ardente. Na manhã seguinte, cada um regressa a sua casa, feliz e satisfeito.
 
Experimente ligar a televisão num qualquer canal e observe uma qualquer telenovela ou filme e verá esta cena vezes sem conta. Mas esta cena é mesmo só na televisão, em que tudo não passa senão de lembranças. Na vida real esta cena pode ter muito mais que lembranças.

 

Vamos analisar esta mesma cena e escrever um possível final bem real.

 

“Duas horas de conversa depois, estão os dois numa cama a fazer sexo com uma paixão ardente.”

 

Seis meses depois: Ela levanta-se da cama, vai urinar e sente um escorrimento com pus. Sente uma dor na região da cintura.

 

Oito meses depois: Ela ao sair da cama dobra-se de dor. Não dá para disfarçar mais. Ela vai ao médico e descobre que tem gonorreia. O médico receita um antibiótico e tudo se resolve. Ela esquece o problema.

 

Quatro anos mais tarde: Ela encontra o seu príncipe encantado. Casam e querem logo ter filhos. Até já escolheram o nome para o caso de ser uma “ela” ou um “ele”. Na primeira consulta com o médico de família ela descobre que está estéril. A gonorreia que teve danificou-lhe as trompas. Já nem se lembra quem foi o homem que a infectou…

 

Mas… e o final feliz?! Ok! Vamos lá tentar outro final. 

 

“Duas horas de conversa depois, estão os dois numa cama a fazer sexo com uma paixão ardente.”

 

Dez meses depois: Acabou o jogo de futebol e ele sente-se mais cansado. Já lá vão uns dias que ele se sente cansado e com dores. Deve ser gripe.

Um ano depois: A gripe parece que não o quer deixar. Marca uma consulta no médico para amanhã.

 

Um ano e um dia depois: Ele nem quer acreditar no que o médico lhe diz: Ele com sintomas de SIDA?! Ele que até sempre usou preservativo?! O quê? Os poros do látex? E ninguém o avisou?

 

Dois anos depois: Ele está deitado na cama a olhar pela janela e a ouvir as crianças lá fora a jogar futebol… tal como ele quando tinha forças. Não se lembra de qual das parceiras lhe passou o HIV, mas tenta-se lembrar de quantas terá infectado.

 

Então?! E o final feliz?

 

Estes finais não são felizes como os das telenovelas, ou como os finais que a APF descreve nos manuais escolares de educação sexual que quer impor aos nossos filhos. A gonorreia e a SIDA não são riscos únicos. Quem pratica sexo sem compromisso arrisca-se a contrair muitas mais doenças:

 

- Clamídia – Essa é a causa mais comum de esterilidade nos homens e mulheres porque normalmente não apresenta sintomas até que seja tarde demais. Anualmente, são registados 4 milhões de novos casos;

 

- Sífilis – Nos homens, aparece inflamações não-dolorosas nos órgãos sexuais, e logo febre e inchamento dos nódulos linfáticos. Nas mulheres, as inflamações geralmente passam despercebidas e levam aos mesmos sintomas que ocorrem nos homens. A fase final traz desordens no cérebro, doença do coração e morte. Anualmente, são registados 134 000 novos casos.

 

- Herpes II – Doença incurável que provoca erupções periódicas de bolhas e úlceras dolorosas. Anualmente, são registados 500.000 novos casos.

 

- Condiloma Acuminado – Nos homens, aparecem formações como verrugas que podem levar ao cancro do pénis. Nas mulheres, o vírus pode causar queimaduras, comichão e dor na vulva. Sem tratamento, pode transformar-se num cancro. Existem hoje vinte milhões de casos. Trinta e três por cento das mulheres estão infectadas com este vírus.

 

Hepatite B – Inicialmente, cansaço, urina escura e fezes de cor acinzentada. Pode causar graves danos no fígado e levar à cirrose e ao cancro do fígado. É a DST mais comum no mundo. Anualmente, são registados 300 000 novos casos.

 

Nos anos 60 apenas existiam a gonorreia e a sífilis que poderiam ser tratadas rapidamente com penicilina. Hoje existem mais de 20 doenças sexualmente transmissíveis, que infectam milhões de pessoas em todo o mundo.

 

Mas afinal o que provoca em tão pouco tempo uma epidemia deste tipo? Nada mais que a promiscuidade sexual da população. À medida que cada pessoa tem cada vez mais parceiros sexuais provoca uma epidemia de DSTs.

 

Os indivíduos com o maior número de parceiros sexuais sofrem o risco mais elevado de contrair DSTs. É difícil compreender o motivo das campanhas “educativas” da APF e do IPJ que recomendam o preservativo como solução no caso deles, pois as razões dos homens e mulheres que têm múltiplos parceiros sexuais são as mesmas razões que os levam a não usar o preservativo nas suas relações.

 

Assim, os indivíduos com maior número de parceiros sexuais e com maior risco de infecção são os menos inclinados a usar o preservativo em todas as ocasiões. Contudo, se a realidade fosse diferente e eles quisessem de facto usar o preservativo sempre para se “proteger” na sua vida de pecados sexuais, conforme as propagandas nos querem fazer acreditar, o que então aconteceria? A saúde deles seria realmente protegida contra as DSTs?

 

Apesar dos meios de comunicação tentarem passar para o público a mensagem de que o preservativo é um meio fiável de protecção contra as DSTs, vejamos o que os factos mostram:

 

1. Os preservativos podem reduzir, mas não eliminam os riscos de se contrair DSTs. Mesmo com o uso do preservativo, o risco de contrair gonorreia é de 40 a 60%. Os resultados mais positivos em relação à eficácia do preservativo para impedir a contaminação do HIV são de 90%.

 

2. O preservativo parece oferecer pouca ou nenhuma protecção contra o condiloma acuminado, uma das DSTs mais comuns e causadora de mais de 90% dos casos de cancro do colo do útero.

 


3. As informações disponíveis mostram que o preservativo oferece protecção mínima contra a clamídia.

 

4. Cerca de 15% dos casais que usam o preservativo como anticoncepcional engravidarão no primeiro ano de uso.
 
5. Uma pesquisa nacional nos EUA revelou que só entre 5 e 17% das pessoas declararam usar o preservativo em cada encontro sexual que tinham com outros indivíduos.

 

6. Quando se menciona que o preservativo não oferece total protecção contra as DSTs, só se está a levar em consideração os casos em que há uma utilização perfeita e consistente do preservativo. Assim, o risco de infecção de DSTs torna-se muito maior nos casos em que não há um uso constante e perfeito do preservativo. Os factos mostram que os jovens que são sexualmente activos confessam que usam preservativos só entre 5 e 40% das vezes, e ainda assim o usam incorrectamente em pelo menos 50% do tempo. [1]

 

O preservativo dá pouquíssima protecção contra o condiloma acuminado, sem mencionar o facto de que não é necessário ter uma relação sexual ou completar o acto sexual para se infectar com esta DST. O preservativo também quase não protege contra o herpes genital e a clamídia e não oferece segurança contra o risco extremamente elevado do sexo anal. Muitas pessoas acham que o sexo oral é relativamente livre de riscos, mas o facto é que o herpes, a gonorreia e outras doenças podem ser transmitidos pela boca.

 

A contínua propaganda que promove o sexo seguro está a levar as mulheres à beira de uma epidemia de cancro do colo do útero. Esta é a opinião de médicos americanos. Há um ano atrás, um estudo realizado nas mulheres que se matricularam na Universidade da Califórnia em Berkeley mostrou que 50 por cento eram portadoras do condiloma acuminado. Há evidências de que este vírus é uma das causas do cancro do colo do útero. As propagandas que promovem o preservativo não impedem a propagação do condiloma acuminado. Um estudo feito pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA revelou que o preservativo é incapaz de proteger uma mulher deste vírus. [2]

 

Existe uma solução fiável para a crise das DSTs. A solução é valorizar o casamento como única forma saudável de canalizar o sexo. A solução é apoiar mensagens que incentivem os jovens a prepararem-se para o casamento, não para o sexo. As DSTs nunca encontram terreno fértil em homens e mulheres casados, que vivem em mútua fidelidade e que não passaram por experiências sexuais antes do casamento.

 

Esperar até o casamento para se ter relações sexuais com um cônjuge sem doenças sexuais é a única maneira garantida de um jovem ou adulto não se contaminar com uma DST. Muitos jovens, sem dúvida alguma, esperariam até ao casamento para se envolverem sexualmente com o seu parceiro, tornando-se e permanecendo abstinentes, se fossem correctamente instruídos e encorajados.

 

Esperar até ao casamento para se ter sexo é o único caminho que oferece uma vida livre das DSTs e outros tipos de sofrimento.


[1] - Pesquisa sobre Saúde Reprodutiva e Sexualidade do Jovem (BEMFAM, Rio de Janeiro), p. 44.
[2] - Don Feder, Who’s Afraid of the Religious Right? (Jameson Books: Ottawa, Illinois), p. 54.


 

Sex | 11.06.10

O que nasce torno…

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De três em três anos, a OCDE elabora um estudo (Programme for International Student Assessment) que consiste em exames realizados a alunos com 15 anos em mais de 60 países. Este estudo converteu-se na primeira obra de referência sobre a qualidade do ensino no mundo e dá pistas muito concretas sobre o que funciona e o que não funciona na educação.

 

Ao contrário do que dizem os sindicatos e alguns representantes do ensino público, o dinheiro não é decisivo na qualidade do ensino. A Austrália triplicou os gastos por aluno e não consegue alcançar a Singapura que é dos países que menos gasta com a educação. Os Estados Unidos da América duplicaram o investimento na educação, baixou o número de alunos por professor e não consegue sair do terço inferior da lista da OCDE.

 

Mas o problema parece que também não se resolve com o aumento do número de horas de aulas. Se alunos finlandeses são os primeiros a literatura e a ciências e os segundos na matemática, não se deve ao número de horas de estudo, pois são os que menos tempo passam na escola.

 

Os países que aparecem no topo desta lista (Hong Kong, Finlândia, Coreia do Sul, Japão e Canadá) têm três características comuns: contratam apenas os melhores professores, apostam em muita formação contínua aos docentes e avaliam periodicamente e individualmente cada aluno.

 

Os países com melhores resultados limitam o número de vagas dos cursos para a educação. Por exemplo, na Singapura e na Finlândia, dos alunos saídos dos cursos via ensino, apenas 5% dos melhores podem ser professores primários.

 

Na Finlândia, o professor primário tem muito prestigio, ao contrário do professor do ensino secundário que não é tão bem considerado. Segundo este estudo, a resolução do problema da educação tem que começar na formação dos docentes e no ensino primário.

 

Qui | 10.06.10

Pequenos ditadores

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Com regularidade temos noticiado crimes, vandalismo, consumo e tráfico de drogas, que deixaram de ser notícia nos grandes centros urbanos, para também o serem na nossa região.

 

O novo mapa do crime é hoje muito mais do que a grande cidade. O novo perfil da delinquência é, em parte, o reflexo de uma edução permissiva e da demissão do exercício de paternidade. A omissão da família na educação das crianças começa a revelar números assustadores de criminalidade e comprometimento, talvez irreversível, de grande parte de uma nova geração.

 

Javier Urra, um psicólogo forense de Espanha, escreveu o livro “O pequeno Ditador”, que já vendeu 20 mil exemplares no nosso país. O livro ajuda os pais a evitarem que os seus filhos se transformem em pequenos ditadores, colocando limites e regras fundamentais na educação. Na perspectiva de Javier Urra, as crianças de hoje olham para os pais como uma caixa multibanco: dão-lhes dinheiro para tudo, compram-lhes todas as novidades e quando vão ao supermercado exigem sempre alguma coisa.

 

A maioria dos pais não se apercebe disto, alguns até acham que passa com os anos, que a situação vai melhorar. Mas se não fizerem nada a situação só vai piorar.

 

A valorização do sucesso sem limites éticos, a apresentação de desvios comportamentais num clima de normalidade e a consagração da impunidade tem ajudado no aparecimento dos pequenos delinquentes.

 

Em 2005 tivemos mais de 3 mil denúncias contra menores que agrediram os pais. Mas este número é bem menor que a realidade, porque as mães não denunciam. Quem denúncia é o médico, o vizinho…

 

Para resolver o problema da delinquência é preciso ir às causas profundas. O resultado final da pedagogia da concessão, da desestruturação familiar e da crise de autoridade pode levar nos a uma onda de violência idêntica à que se deu em França.

 

 

 

Qua | 09.06.10

Fazer letra-morta

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A nossa região, como quase todo o país, tem falta de médicos. Em várias intervenções públicas, os autarcas da região têm insistido na necessidade de colocar mais médicos nos centros de saúde. Cada vez há mais pessoas sem médico de família. Uma situação que tende a agravar-se.

 

Nos primeiros três meses deste ano, mais de 15 mil funcionários públicos apresentaram pedidos de reforma. Na saúde, assiste-se a uma verdadeira sangria nos recursos humanos dos hospitais e dos centros de saúde. Há mais de meio milhão de portugueses na eminência de ficar sem médico de família, única e exclusivamente por causa da corrida às reformas antecipadas.

 

Esta autêntica corrida às reformas não acontece de forma acidental. Isto acontece porque o Governo resolveu precipitar para este ano a entrada em vigor de uma regra prevista para 2015. Ou seja, os trabalhadores que queiram antecipar a sua reforma terão uma penalização de 6%, ao invés dos 4,5% que o Governo tinha acordado com os trabalhadores.

 

Antes, quero dizer que não sou contra a penalização das reformas antecipadas, até porque é preciso acautelar o envelhecimento activo da população. Mas sou contra a quebra da palavra dada pelo Governo e defendo a boa-fé do Estado. O Governo tem que se comportar como uma pessoa de bem. Não é aceitável que o Governo quebre as regras que ele próprio criou e desrespeite os contratos que ele próprio assinou.

 

O mesmo Primeiro-ministro e o mesmo Ministro das Finanças que haviam feito um acordo com os trabalhadores em 2007, rasgaram no mês passado esse mesmo acordo e fizeram letra-morta do que tinham assinado.

 

Que medidas deviam ser tomadas: honrar a palavra. Ao Governo pede-se que governe e que também seja de confiança.

 

Os profissionais que agora pedem a reforma não são jovens de 20 ou 30 anos. São pessoas com mais de 50 anos que vão passar a receber reformas bastante inferiores ao que estavam à espera.

 

O Governo que disse que ia encontrar uma solução no sentido de cada cidadão ter um médico de família, é o mesmo que se vê agora confrontado com centenas de médicos a anteciparem a reforma.

Ter | 08.06.10

Não se acelera nem se atrasa a morte

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Hoje, decidi publicar uma entrevista ao Prof. Daniel Serrão. O tema é os cuidados paliativos. O Prof. Daniel Serrão é uma das pessoas com mais autoridade nesta matéria e que luta há mais de 20 anos por uma maior dignidade da pessoa, ainda que doente, vulnerável e limitada.

 

Quando terminar de ler a entrevista ao Prof. Daniel Serrão, vai perceber que os cuidados paliativos não são cuidados menores do sistema de saúde, não se resumem a uma intervenção caritativa bem-intencionada, nem se destinam a um grupo reduzido de situações. Os cuidados paliativos constituem hoje uma resposta indispensável aos problemas do final da vida.

 

Em nome da ética, da dignidade e do bem-estar de cada Homem é preciso torná-los cada vez mais uma realidade.

 

A entrevista foi feita pela nossa jornalista Fernanda Pinto.

 

 

Daniel Serrão, professor no Instituto de Bioética da Universidade Católica

 

“Não se acelera nem se atrasa a morte”

 

Estivemos à conversa com o professor Daniel Serrão que nos abriu as portas da sua casa e da sua vida/”morte”, partilhando connosco algumas das suas convicções e experiências de vida.

 

Este professor, formado em anatomia patológica, que se dedica à luta pelos cuidados paliativos há já 20 anos, “quando ainda ninguém falava de cuidados paliativos em Portugal”, adiantou que este interesse surgiu por causa da questão da eutanásia. “Nenhum de nós tem ‘moral’ para dizer que não admite a eutanásia quando não é capaz de dar às pessoas o cuidado que faz com que a eutanásia se torne absurda e que não seja solução para ninguém”, afirmou Daniel Serrão, insistindo na importância de uma boa rede de cuidados paliativos.

 

O objectivo principal destes cuidados é promover o conforto do doente até à hora da morte e, nesse sentido, este professor, que é também membro da Academia Pontifícia para a Vida, garante que a família tem um papel fundamental, mas que também é importante que haja um bom acompanhamento por parte de médicos e enfermeiros.

 

Na semana em que se fala dos cuidados paliativos, o que se tem feito em Portugal nesta área é suficiente?

 

Não, é absolutamente insuficiente. O cuidado paliativo é uma nova forma de assistência aos doentes, é uma especialidade médica que ainda não foi desenvolvida em Portugal na mesma medida que foi noutros países. A verdade é que foi criada uma estrutura chamada de cuidados continuados em que os doentes em recuperação saem do hospital e vão para uma instituição que é ‘meio hospital’, ficando ali a continuar os cuidados até terem condições para ir trabalhar. O cuidado paliativo é completamente diferente, é a assistência, o apoio, a medicina feita para pessoas que vão morrer. E que vão morrer num prazo de tempo relativamente curto, já que o conceito de doença terminal vai até aos seis meses, mas a maior parte das vezes falamos de semanas. São doentes em que todas as intervenções com finalidade curativa para curar a doença principal estão excluídas. O objectivo é promover o conforto da pessoa até ao momento da morte.

 

O que é que pode ser então feito para diminuir o sofrimento desses doentes e dos seus familiares?

 

O cuidado paliativo tipicamente orienta-se para o doente e para a sua família. Pode ser inclusivamente feito no domicílio. Eu reconheço que actualmente há muitas casas que não têm condições para poder ter os doente até ao momento da morte, até porque infelizmente, e isto é uma coisa desagradável de dizer, há habitações em Portugal em que o caixão não cabe no elevador nem cabe nas escadas estreitas. Portanto, em muitas situações os doentes precisarão de morrer ou no hospital, numa área que não seja de cuidados curativos, ou morrer em instituições destinadas a cuidados paliativos.

 

Os cuidados paliativos devem estar presentes em todos os hospitais e ter condições específicas?

 

As unidades de cuidados paliativos específicas que existem são no Instituto de Oncologia do Porto, no Instituto de Oncologia de Coimbra e na Misericórdia da Amadora em Lisboa. Mas os cuidados paliativos podem ser feitos como acontece em França, dentro dos grandes hospitais, havendo uma área destinada ao atendimento dos doentes em fase terminal. Estas áreas habitualmente têm uma ligação directa com o exterior para que as visitas possam entrar e sair com a maior facilidade, e sem estarem sujeitos à regulação hospitalar das visitas. No cuidado paliativo, a situação é diferente. A família é chamada a participar e a pessoa que está a morrer, tendo os familiares próximos, sente-se muito melhor. O cuidado paliativo exige critérios que não sejam burocrático-administrativos, não é matéria para burocratas. E tem que ser tecnicamente impecável. Médicos, enfermeiras, psicólogos, assistentes sociais, todas essas pessoas têm que ser muitíssimo competentes, e ter um sentido de abertura e de humanização, de modo a que os doentes possam revelar as suas necessidades mais profundas, que vão além do tratamento da dor.

 

Há quem defina cuidados paliativos como uma intervenção de carácter caritativo, bem-intencionada. O cuidado paliativo é só isto ou esta é uma visão muito redutora?

 

Não, com certeza que não. O cuidado paliativo é, segundo a Organização Mundial de Saúde, um cuidado multidisciplinar, orientado para o bem-estar do doente, físico, psíquico, social e espiritual. É tudo o que possa ajudar essa pessoa a viver bem até ao momento da morte. Não se acelera nem se atrasa a morte, mas a dor tem que ser rigorosamente tratada, até porque hoje não há justificação para que haja dor, não há dores que não sejam tratáveis. O sofrimento deve ser também tratado por especialistas, uma unidade de cuidados paliativos tem que ter psicólogos capazes de acolher a dor. E o que é isto. É eu colocar-me na posição da pessoa, imaginar que estou a viver como ela e ser capaz de comunicar com ela nesse momento. De certa maneira, transferir o sofrimento dessa pessoa para mim.

 

Estes cuidados paliativos não se restringem então só a “moribundos”?

 

Na unidade de cuidados paliativos do IPO tem uma secção de pintura, de modelagem de barro, muitas actividades que podem fazer durante o tempo que estão a aguardar o momento da morte. Dependo da doença, há pessoas que ainda têm capacidade para sair e devem até quanto possível manter uma relação com a sociedade e que de preferência sejam visitados pela família, pelos colegas de emprego, enfim, mantê-los ligados ao mundo. É essa a diferença, enquanto o hospital extrai a pessoa do mundo, no cuidado paliativo, até onde for possível, permite-se essa ligação. Há algumas unidades paliativas com extensão domiciliária em que o doente passa muito tempo na sua própria casa e em que a família é ensinada para perceber o que deve fazer perante certas situações.

 

Os cuidados paliativos são considerados muitas vezes pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) como sendo cuidados muito dispendiosos. Concorda com esta afirmação?

 

Em termos económicos, e admitindo que o SNS tem vergonha de mandar para casa pessoas que sabem que vão morrer e que vão ficar abandonadas, já que muitas das casas e das famílias em Portugal não têm condições. Admitindo que não têm coragem de fazer isso, essas pessoas vão ocupar uma cama com finalidades curativas. Uma cama de hospital de cuidados curativos por dia custa quatro ou cinco vezes mais que uma cama de cuidados paliativos. Porque na cama de cuidados paliativos a despesa global com aquela unidade e com aquele doente é mínima. É muito importante a relação humana e tudo o que se faz por aquela pessoa, mas o consumo de medicamentos é muito inferior ao dos cuidados curativos, onde o doente continua a ser tratado e a fazer exames à espera que aconteça sei lá o quê. Se o doente for transferido dos cuidados curativos para os paliativos vai poupar dinheiro ao SNS.

 

Em termos de formação para esta área, Portugal está a seguir o caminho correcto?

 

A dificuldade dos cuidados paliativos é o pessoal técnico que não existe e precisa de ser preparado. As três grandes unidades que há em Portugal podem preparar médicos, enfermeiros e assistentes sociais para cuidados paliativos. Senão passamos a ser amadores que não sabem fazer nada. Já está a fazer-se alguma coisa mas é preciso fazer-se mais. É necessário que se calcule quantos profissionais especializados são necessários, especialmente na área de enfermagem, que é a mais importante. Também convém lembrar que nenhuma enfermeira nem nenhum médico suportam viver sempre em cuidados paliativos, porque todos os seus doentes morrem, e eles investem muito nos seus doentes. Aquilo que é aconselhado é haver rotação, em que ao fim de dois anos os profissionais voltam aos cuidados curativos, para verem os pacientes recuperar. Isso é que dá alegria.

 

É preciso ter vocação para lidar com estes doentes?

 

É preciso uma vocação própria. Há enfermeiras para as quais isso seria perfeitamente impossível. Depois há outra questão de que ainda não falei que é o cuidado paliativo de crianças. Acompanhar um idoso que vai morrer é uma regra, é uma coisa natural, agora uma criança é muito duro. É difícil para o jovem e para quem o acompanha, porque pensamos que “Deus não devia permitir tal coisa”. Mas as crianças aceitam a morte com muito maior resiliência do que as pessoas com 50 ou 60 anos.

 

Os cuidados paliativos devem ser olhados sobretudo como uma forma de manter a dignidade de pessoa humana até à hora da morte?

 

Com certeza. Eu costumo dizer que a dignidade humana não está nos esfíncteres, não é por um indivíduo perder a urina ou as fezes que perde a dignidade. A dignidade humana está no respeito que os outros têm pela condição em que eu me encontro. O que me dá dignidade é que quando o outro olha para mim não me despreze, mas que me respeite na minha condição de moribundo, de pessoa que vai morrer. Isso é o que o cuidado paliativo procura dar. A minha dignidade humana é vista no olhar que o outro apresenta. É quando ele olha para mim que eu me sinto digno ou não.

 

Numa altura em que se discute esta ideia do que será uma morte digna, surgem duas correntes, uma que defende que passa pela eutanásia, a outra que é fazer com que a pessoa viva intensamente os últimos momentos. O que é para si uma morte digna?

 

Eu tenho dito muitas vezes esta frase e vou repeti-la agora: a morte mais indigna é eu morrer às mãos de outra pessoa. O facto de eu pedir ao outro que me mate não retira a indignidade do acto. Portanto não se pode nunca falar nem de dignidade nem de autonomia quando se fala de eutanásia. Porque se um tem autonomia para pedir o outro tem autonomia para recusar. E entre estas duas autonomias qual é a mais digna? É aquela que recusa matar o outro. A solução não é a eutanásia é tratar os motivos pelos quais a pessoa pede a eutanásia.

 

Uma aposta nos cuidados paliativos poderia evitar que se considere a hipótese de eutanásia?

 

Nenhum de nós tem “moral” para dizer que não admite a eutanásia quando não é capaz de dar às pessoas o cuidado que faz com que a eutanásia se torne absurda e que não seja solução para ninguém. Enquanto eu não tiver um rede de cuidados paliativos a funcionar bem em Portugal, eu recusando a eutanásia aos doentes, que estão maltratados, abandonados, que têm dores que ninguém trata, estou a ser hipócrita. Só tenho razão ao dizer que a eutanásia não é solução porque tenho uma solução melhor, se não a tiver então o melhor é matar as pessoas. O cuidado paliativo vale por si próprio, não é por causa da eutanásia. Só o bom cuidado paliativo torna legítima e moralmente aceitável a recusa da eutanásia. E isto é a forma mais dura de explicar às pessoas que em vez de lutarem pela eutanásia devem lutar pelos cuidados paliativos.

 

Segundo a presidente do Movimento de Cidadãos Pró-Cuidados Paliativos, apenas cinco em cada 100 portugueses tem qualidade ao morrer. Concorda com esta ideia?

 

Acho que actualmente se morre muito mal em Portugal. Bastava uma pequena alteração, acrescentar uma palavrinha na Constituição da República para os cuidados paliativos passarem a ser uma obrigação constitucional. Isso bastava para que houvesse mais respeito por esses doentes. Posso-lhe dizer que nos cuidados paliativos o clima é de alegria, não é um clima fúnebre, nem se trata de nenhuma antecâmara da morte. As pessoas vivem com alegria o tempo que têm para morrer.

 

O que é que alguém pode fazer se achar que tem essa vocação para se ligar aos cuidados paliativos?

 

O voluntariado é importante. As pessoas nesta fase terminal querem contar a sua vida a alguém, têm essa necessidade de falar. O voluntário faz de elo de ligação entre o mundo social que o doente deixou e entre a pessoa e a família. Até para lhes explicar que a pessoa sabe que vai morrer e que não é necessário continuar a fingir.

 

Em Portugal já há muitas pessoas com este espírito de voluntariado?

 

Felizmente já há. Mas o voluntariado não é só para reformados. Eu dirigi durante algum tempo o voluntariado do Hospital de S. João e tínhamos lá estudantes, gente nova. Mas também temos que seleccionar as pessoas e têm de ser preparadas, têm que fazer uma formação especial para saberem o que devem e o que não devem fazer. Os voluntários dos cuidados paliativos também têm que ser pessoas muito equilibradas para não descarregarem sobre o doente as suas frustrações e ansiedades. Por isso, toda a gente que trabalha em cuidados paliativos tem que aceitar a sua própria morte como uma coisa normal.

 

É difícil para os doentes aceitarem a ideia de que vão morrer?

 

Felizmente Deus deu-nos esta facilidade de aceitação da morte quando estamos doentes. Quando a pessoa aceita que vai morrer entra na via da morte com paz, segurança e tranquilidade. Eu tenho acompanhado muitas pessoas em fase terminal e nunca vi ninguém que se tenha desesperado. Eu espero também aceitar a minha quando chegar a minha vez.

 

Há alguma história que recorde de alguém que tenha acompanhado e que o marcou mais até agora?

 

Foi a de um jovem, de 12 ou 14 anos, que tinha uma doença para a qual na altura ainda não havia tratamento e que chegou a um ponto em que já não se podia fazer mais nada. Eu estava formado à apenas um ou dois anos e saí da enfermaria do Hospital de Santo António pelas quatro horas da tarde, chegando a casa com a convicção de que ele ia morrer naquela noite. Quando cheguei no dia seguinte às oito horas e entrei na enfermaria nem coragem tive para olhar para o lado esquerdo, já que a cama dele era a primeira desse lado. Tinha a certeza que ao olhar para lá a cama estaria vazia. Mas entretanto olhei e ele estava lá e fez-me sinal. Quando cheguei ao pé dele vi que ele estava muito mal e abaixei-me, ele passou-me os braços pelo pescoço, num abraço, e morreu. E a minha convicção, nesse momento como hoje, é que ele esperou por mim para morrer, porque eu era muito amigo dele, já que ele não tinha família que o visitasse. Ele não quis ir embora sem me dizer adeus. Fiquei muito impressionado nessa altura.

 

 

Histórias de vida

“Num hospital em França, numa dessas unidades de cuidados paliativos, estava lá internada a mulher de um emigrante português que trabalhava na construção civil e estava também a mulher de um almirante. Na França, um almirante é uma pessoa importantíssima, pertence à alta sociedade. Mas o português e o almirante falavam normalmente, porque ali não estava nem o almirante nem o trabalhador da construção civil. Eram dois seres humanos que tinham as esposas a morrer. Conversavam muita coisa. E o português um dia referiu em conversa que só tinha o desgosto de não poder levar o corpo da mulher para Portugal, mas que não podia porque era caro. E isto passou-se, não voltaram a falar nisso.

 

Entretanto, a mulher do almirante morreu e ele foi-se embora e nunca mais lá voltou. Passado um mês morre a mulher do português e ele foi à secretaria tratar do funeral para um cemitério de Paris. Lá disseram-lhe que a mulher iria para Portugal e ele disse que gostaria mas que não tinha dinheiro, ao que lhe responderam que não se preocupasse porque o senhor almirante antes de se ir embora tinha deixado tudo pago. Na unidade de cuidados paliativos criam-se relações humanas que estão acima do fingimento social. Em face da morte somos todos iguais, morremos todos da mesma maneira, o rico e o pobre, o bandido e o santo.

 

Podia contar muitos outros exemplos que tenho da minha vivência pessoal relativamente ao acompanhamento destes doentes. Os doentes em fase terminal sabem todos que vão morrer. Como me disse uma vez uma doente ‘mas isto agora é de morte’, quando ela já sabia que era, e eu respondi ‘pois é, pois é’ e mudamos de assunto, porque não era preciso dizer mais nada, estava tudo dito”.

Sab | 05.06.10

Lombardia (Itália) ajuda mães grávidas em dificuldades

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O presidente da região da Lombardia (norte de Itália), Roberto Formigoni, anunciou que o governo local pretende oferecer cinco mil euros às mulheres grávidas que desistam de abortar.

 

Para receber o dinheiro, que será pago ao longo de 18 meses, as mulheres terão de provar que enfrentam problemas financeiros.

 

Formigoni, que é católico, disse que nenhuma mulher na Lombardia deveria interromper uma gravidez por causa de dificuldades económicas.

 

A notícia foi divulgada ontem pela BBC e refere ainda que o número de abortos na Itália tem diminuído todos os anos.

 

 

Sex | 04.06.10

God in the streets

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Ontem, celebrou-se o Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus. Em muitas cidades e aldeias viveu-se costume de levar Jesus Sacramentado em procissão pelas ruas. Um costume de origem muito antiga e que constitui um testemunho público da piedade do povo cristão para com o Santíssimo Sacramento.

 

Como disse São Josemaría Escrivá, “a procissão do Corpo de Deus torna Cristo presente nas aldeias e cidades do mundo. Mas essa presença [...] não deve ser coisa de um dia, ruído que se ouve e se esquece. Essa passagem de Jesus lembra-nos que devemos descobri-lo também nas nossas ocupações habituais. A par da procissão solene desta Quinta-Feira, deve avançar a procissão silenciosa e simples da vida comum de cada cristão, homem entre os homens, mas feliz de ter recebido a fé e a missão divina de se conduzir de tal modo que renove a mensagem do Senhor sobre a terra.”

 

O vídeo que se segue mostra várias procissões do Corpo De Cristo na cidade de Nova Iorque.

 

Qua | 02.06.10

Em 2013 lembrar-se-ão deles

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Há quase três anos, noticiamos que a Câmara Municipal de Paredes já tinha uma solução para a comunidade cigana instalada no centro da cidade de Paredes. Solução essa que seria transmitida em primeira mão ao Presidente da Republica que, por essa altura, visitou o concelho.

 

Os ciganos que se instalaram em Paredes há 20 anos vinte anos vivem neste momento amontoados em barracas, mais ou menos improvisadas com tábuas de madeira a fazer de paredes e chapas a servirem de telhas. O crescimento abrupto da população cigana nos últimos anos obrigou algumas famílias a uma engenharia cada vez mais arrojada e são visíveis casas com dois andares. No entanto, as condições de segurança e de higiene continuam como há 20 anos: invisíveis.

 

São precárias as condições de sobrevivência das 120 pessoas que moram no acampamento localizado em plena cidade de Paredes. Desde logo, caminhos de terra batida entre dezenas de barracos pré-fabricados construídos com placas de madeira e cobertos com chapas. Casas de banho não existem, até porque a água vem, ao balde, da fonte pública situada à entrada do acampamento ou de uma mina que existe no local e que é desinfectada, regularmente, pelos próprios ciganos com anti-séptico. Já a luz existe, mas retirada de forma ilegal dos postos da EDP mais próximos. Foi esta a forma encontrada pelos membros desta etnia para poderem ter frigoríficos, televisões e outros electrodomésticos.

 

Desde o tempo de Granja de Fonseca que assistimos a mais recuos do que avanços nas negociações para encontrar um local digno para instalar estas famílias. Nunca foi possível encontrar uma solução para um problema que marcou os últimos anos da vida política e social da cidade.

 

A solução para os ciganos parecia ter sido encontrada há três anos. Afinal, até hoje, nem autarquia nem oposição voltaram a falar do assunto. Nas próximas autárquicas todos voltarão a lembrar-se deles e estarão, novamente, disposto a ajudar aquelas 120 pessoas.