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alinhamentos

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Sex | 05.02.10

Clubite ou provincianismo?

fcrocha

“Se, por um daqueles artifícios cómodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir num síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo.”


A frase anterior, escrita por Fernando Pessoa, vem a propósito de um comentário feito no Twitter pessoal de um dirigente do PSD/Paredes, no final do jogo dos quartos de final da Taça de Portugal. Um minuto depois de terminado o encontro, em que a equipa do Paços de Ferreira foi eliminada pelo Chaves, Amândio Guimarães escreveu o seguinte: “Os imitadores dos móveis foram-se da taça”.

 

Hesito em escolher, confesso, uma de duas interpretações da frase.

 

A primeira: Amândio Guimarães sofre de clubite e estava a vibrar com a derrota do Paços de Ferreira, num complexo de inferioridade pelo facto da equipa da Capital do Móvel ser a única da região num escalão nacional.

 

A segunda: Numa triste atitude provinciana, Amândio Guimarães aproveitou para alimentar velhas e ultrapassadas rivalidades, não se importando de chamar “imitadores” aos empresários pacenses.

 

Tudo isto teria pouca importância, não fosse o facto de Amândio Guimarães ser um dirigente do PSD local, partido que sustenta a actual maioria camarária. A mesma maioria que, aparentemente, tenta acabar com atitudes provincianas em nome do interesse colectivo da região.

 

Considero Amândio Guimarães uma pessoa razoável e coerente com a sua visão politica e social, pelo qual nutro um enorme respeito, mas quando o assunto mete clubite ou bairrismo não se consegue conter, fazendo afirmações muitas vezes desagradáveis.

 

São atitudes como estas que fazem com que a região não fale a uma só voz, continue a ser uma das mais pobres do país e continue a ser vista e controlada à distância.

 

Como disse Fernando Pessoa, “para o provincianismo há só uma terapêutica: é o saber que ele existe. O provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pelas qualidades por que o não somos. O princípio da cura está na consciência da doença, o da verdade no conhecimento do erro. Quando um doido sabe que está doido, já não está doido”.

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