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alinhamentos

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Qui | 29.01.15

Agora somos todos Syrisa

fcrocha

 

 

Se até agora éramos todos Charlie, parece que agora somos todos Syrisa. Uma enviada especial do jornal espanhol “El Mundo” escreveu um texto em que deu alguns exemplos de como a Grécia conseguiu acumular uma dívida de 340 mil milhões de euros. Segundo a jornalista, há um hospital público de Atenas, o Hospital Evagelismos, que tem 45 jardineiros para tratar dos únicos quatro pequenos arbustos que existem na entrada. Também existe o caso de um departamento da Administração Pública grega que tem 50 motoristas contratados para conduzir apenas um carro oficial. São alguns exemplos de um país falido onde três em cada quatro empregados não pagam impostos. Não consta que alguém tenha reagido às revelações da jornalista espanhola.

 

Em Portugal, as coisas parecem acontecer de forma diferente. O enviado especial da RTP para cobrir as eleições gregas, José Rodrigues dos Santos, também deu alguns exemplos do descalabro grego. Por exemplo, contou-nos que os gregos, para não pagarem impostos sobre as piscinas particulares, mandaram-nas cobrir. Só na cidade de Atenas existem mais de 27 mil piscinas cobertas, mas oficialmente apenas 150 estão declaradas ao fisco. Este e mais alguns exemplos da absurda forma de vida financeira grega dados pelo jornalista português parecem ter feito cair o Carmo e a Trindade entre a Esquerda portuguesa. O mesmos que há uns dias gritavam “Somos Charlie”, defendendo a liberdade de opinião de um jornal francês que insulta tudo e todos, são os mesmos que agora se indignam pelo facto de um jornalista ter contado como vivem os gregos.

 

Confesso que depois de assistir às muitas reacções às eleições naquele país, fiquei com a sensação de que o Bloco de Esquerda, o PCP, o Livre e o PS ganharam as eleições na Grécia. Relativamente ao último, sinto alguma confusão quanto ao seu regozijo pela vitória do Syrisa, uma vez que o PASOK, o partido socialista grego, obteve uns admiráveis 4,6 por cento dos votos.

 

 

Qui | 22.01.15

Pelo direito a nascer

fcrocha

Um grupo de cidadãos avançou com uma iniciativa legislativa de apresentação de um projecto de lei que tem como objectivo apoiar a maternidade e paternidade. A plataforma cívica chama-se “Pelo Direito a Nascer”.

 

O movimento de cidadãos, do qual o leitor também pode ser um dos subscritores, pretende obrigar o Parlamento a apreciar e a votar um conjunto de alterações à lei da interrupção voluntária da gravidez e forçar o Governo a criar mais condições de apoio à maternidade e paternidade. Entre as alterações propostas estão, por exemplo, acabar com a equiparação do aborto à maternidade para efeito de prestações sociais ou aplicar taxas moderadoras a quem faz um aborto num hospital público. Portugal é o único país da Europa onde o aborto é gratuito e a mulher que faz o aborto ainda recebe um subsídio idêntico ao de uma senhora que teve um bebé.

 

Todos nós sofremos na pele as consequências de um Estado à beira da bancarrota, que alega não ter dinheiro para quase nada e que, por exemplo, obriga a maioria da população a pagar 20 euros por uma simples ida às urgências de um hospital público. Este mesmo Estado financia com o nosso dinheiro quase 20 mil abortos por ano, sem taxas moderadores, e ainda paga a 100 por cento uma licença de “parentalidade” a uma mulher que aborte.

 

De forma resumida, este projecto de lei pretende: apoiar a Família, a maternidade e paternidade responsáveis em meio profissional e social; pôr termo à actual equiparação entre IVG (aborto) e maternidade, para efeitos de prestações sociais, eliminando o seu carácter universal e atendendo a factores de saúde e de condição de recursos; promover o apoio à gravidez dado pelo outro progenitor ou por outro familiar que a grávida não afaste; acompanhar o consentimento informado dado pela grávida ao aborto, com consulta interdisciplinar e subscrição do documento ecográfico impresso; dignificar o estatuto do objector de consciência; apoiar a grávida em risco de aborto para suprir, caso o queira, as dificuldades que se lhe apresentam; reconhecer expressamente o Direito a Nascer; reconhecer o nascituro como membro do agregado familiar; criar uma Comissão e Plano Nacional de Apoio ao Direito a Nascer.

 

Para que o projecto de lei possa ser apreciado na Assembleia da República, são necessárias 35 mil assinaturas. Se concorda com estas alterações, pode ser um dos signatários. Para tal, basta ir página web do movimento em www.pelodireitoanascer.org e descarregar o respectivo impresso.

 

Faça-se ouvir!

Ter | 20.01.15

Uma surpresa com mais de cinco anos

fcrocha

E não é que fomos todos apanhados de surpresa com a debandada dos americanos da Base das Lages? Mas é que fomos mesmo todos apanhados de sobressalto: foi apanhado de surpresa o ex-Ministro da Defesa socialista, Augusto Santos Silva, que recebeu o documento dos EUA em 2009; foi mesmo apanhadinho de surpresa o ex-número dois do Governo de Sócrates, António Costa, porque se esqueceu de ler o documento que recebeu em 2009; foi mesmo apanhado de surpresa o actual Governo que não se lembrou de ler os documentos que antecipavam resultados futuros. De facto, fomos todos apanhados de surpresa porque ler documentos dá muito trabalho. Se os documentos já tiverem mais de cinco anos dão uma trabalheira ainda maior.

Qui | 15.01.15

Seremos todos Charlie?

fcrocha

Seremos todos Charlie? Nos últimos dias, o ataque terrorista ao jornal “Charlie Hebdo” tem dominado as notícias internacionalmente. É certo que o jornal francês ultrapassou todos os limites do bom senso, não só contra o islamismo, mas também contra o cristianismo e outras religiões; no entanto, nada justifica o massacre ocorrido. Eu condeno o atentado porque sou a favor da tolerância e da liberdade de expressão, mas não sou “Charlie”, porque não me identifico com um jornal que vai contra os meus princípios, ao fazer chacota de todas as religiões e, com isso, não demonstrando respeito pela liberdade religiosa dos cidadãos.

 

A Nigéria não é “Charlie”? Na mesma semana em que morreram 17 pessoas em Paris, uma aldeia nigeriana foi exterminada pelos radicais islâmicos, o mesmo grupo que reivindica o atentado em Paris. Morreram quase três mil pessoas, quase todas crianças e idosos que não conseguiram fugir ao ataque. Um verdadeiro genocídio. Como se isto não bastasse, no fim-de-semana passado o mesmo grupo extremista usou meninas de dez anos como activistas suicidadas e matou mais 19 pessoas noutra cidade nigeriana. Em números redondos, em menos de um ano os islamitas radicais sequestraram 200 meninas e assassinaram 15 mil pessoas naquele país. Entretanto, o Exército da Nigéria pediu ajuda às Nações Unidas e ainda não recebeu resposta ao pedido. Se a Nigéria fosse num qualquer país europeu, certamente que teríamos todos os líderes mundiais a desfilar nas ruas, em sinal de solidariedade.

Qui | 08.01.15

Por lá e por cá

fcrocha

 

 

Por lá. O ano é novo, mas alguns dos temas já são velhos. Um desses temas que transitaram de ano é o “caso José Sócrates”. Os notáveis continuam a visitar o preso 44 na prisão, as declarações deles continuam a ser idênticas e Mário Soares continua a disparar em todos os sentidos. Parece até que ser dirigente socialista e não ir a Évora é como ir a Roma e não ver o Papa. Tal como no ano passado, continuaremos a ouvir todos os dias que Sócrates foi preso por ser político e que lhe roubaram a liberdade de movimentos, esquecendo-se que o ex-Primeiro-ministro está a ser investigado há mais de um ano e que sobre ele recaem suspeitas de actos ilícitos e não julgamentos políticos. No entanto, parece-me que no meio disto tudo estamos a esquecer-nos de discutir o mais importante: o que José Sócrates fez legalmente enquanto Primeiro-ministro. Se não analisarmos bem o que fez enquanto governante, corremos o risco de voltar a falir e ter outra troika cá, dentro de poucos anos.

 

Por cá. Politicamente, parece-me que vai ser um ano que nos devemos manter atentos.

Em Lousada, irá começar a ficar definido se Leonel Vieira consegue que o partido o proponha para uma terceira tentativa da conquista da presidência da Câmara Municipal ou se vai ser ultrapassado por Simão Ribeiro.

Em Paços de Ferreira, deverá ser o ano em que o PSD irá acordar do coma induzido em que tem vivido, certamente com uma nova liderança.

Por Paredes, será um ano complicado para o PSD, em que os potenciais candidatos vão querer afirmar-se. Será o ano em que Joaquim Neves e Manuel Fernando Rocha continuarão, num jogo surdo, a digladiar-se. Raquel Moreira da Silva vai querer mostrar que está viva e que é uma pretendente ao cargo. Celso Ferreira irá tentar que a escolha caia sobre a deputada Conceição Ruão. Granja da Fonseca irá assistir a tudo isto de camarote, à espera que “o menino” lhe caia nos braços.

Em Penafiel, será interessante seguir os partidos do poder e da oposição. No PSD, Mário Magalhães vai tentar flutuar, para não desaparecer de vez do mapa político, talvez através de uma candidatura à comissão politica local. No PS, será interessante perceber se André Ferreira sobreviverá como próximo candidato autárquico à vontade de Fernando Malheiro e Nuno Araújo.

Por Valongo, se até agora a oposição mais forte a José Manuel Ribeiro foi feita por Celestino Neves, do seu próprio partido, e pelo vereador da CDU, Adriano Ribeiro, neste novo ano deverá aparecer com mais visibilidade João Paulo Baltazar. O PSD parece unido em torno de uma recandidatura do ex-presidente da Câmara e Baltazar vai querer mostrar-se.

Como se vê, será um ano interessante para acompanhar aqui, no VERDADEIRO OLHAR. Um bom ano!