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alinhamentos

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Qua | 31.12.14

Ano novo, luta nova!

fcrocha

 

 

 É habitual na última edição do ano se façam desejos para o próximo ano. Por isso, faço minhas as palavras de Gonçalo Portocarrero de Almada.

 

“É da praxe que, ao finalizar Dezembro, se façam contas ao ano transacto. Jornais, rádios e televisões fazem as suas selecções dos eventos e das personagens que, no seu entender, mais marcaram os últimos doze meses. Essas sínteses, sobretudo quando incidem sobre os factos mais dramáticos, ressumam um travo amargo sobre o desarranjo do mundo e a nossa impotência para o consertar.

 

Também no âmbito das nações, das empresas e das famílias se procura fazer um apanhado das mais marcantes datas do nosso passado colectivo recente, nacional e familiar. Estes factos, embora mais prosaicos, como nos são mais próximos, são também os que mais nos tocam, porque acontecidos na nossa terra, trabalho ou família.

 

É verdade que a doença da vizinha nos afecta mais do que uma tragédia asiática, mas é natural que, não podendo prestar a todos a mesma atenção, nos centremos naqueles que, por estarem mais perto, são o nosso próximo mais próximo. Só por seu intermédio se pode chegar, afinal, ao todo universal. Um amor a todos, que o não seja a alguém, não é caridade, mas uma vã utopia filantrópica.

 

A nível individual, este tempo de final de ano também convida a uma mais profunda reflexão. Nada se altera apenas porque a terminação do ano se modifica: só há verdadeira mudança se houver uma autêntica conversão pessoal. Acreditar que o novo ano é mesmo um ano novo é mera superstição: só a realidade de um novo coração pode renovar a vida e o mundo.

 

Ninguém pode, sozinho, mudar todo o mundo, mas há algo que todos podemos e devemos mudar: a nossa vida. Como ensinava São Josemaria: ano novo, luta nova! Se cada um der, agora, esse salto de qualidade, teremos, famílias mais felizes, empresas mais produtivas, um país renovado e um mundo melhor!”

 

 

Ter | 23.12.14

Editorial: Fava no bolo-rei, gente despercebida e lambarices

fcrocha

 

Saiu-lhe a fava. Este final do ano parece estar a ser agitado no seio do PSD-Paredes. Há umas semanas, neste mesmo espaço, questionei o que teria levado Celso Ferreira a apoiar uma candidatura de Joaquim Neves, até então um forte opositor à sua própria gestão. A resposta parece ter chegado agora. É certo que Celso Ferreira tinha prometido demitir-se da Comissão Política do PSD, o que veio efectivamente a acontecer, mas nunca disse que a restante equipa o seguiria nessa decisão. Ou seja, Celso Ferreira demitiu-se para cumprir a palavra dada, mas deixou no seu lugar Adriano Campos, um homem da sua confiança que garantirá que até 2016 o candidato às autárquicas será escolhido por Celso Ferreira e não por Joaquim Neves. Ou seja: quando Joaquim Neves pensava que estava a partilhar do bolo-rei do PSD, Celso Ferreira entregou-lhe a fatia com a fava.

 

Não é nada com ele. Por Paços de Ferreira, o partido da laranja está mais calmo, não por estar a trabalhar serenamente, mas porque parece estar numa calma típica de quem está em estado de coma. Na entrevista publicada na passada semana, Humberto Brito centrou o seu discurso na gestão anterior feita pelo PSD, garantindo que encontrou uma Câmara Municipal “sem rei nem roque” relativamente às contas públicas. Afirmou que a gestão do PSD era tão desastrosa que bastou algum rigor para conseguir reduzir seis milhões de euros naquilo a que chamou “gorduras”. Teve até tempo para conseguir a vitimização, ao dizer que o PSD o tinha impedido de resolver o problema da água e saneamento. Em resposta a esta entrevista, o PSD reagiu na sua página pessoal do Facebook, através do seu presidente, num discurso redutor e pobre, para fazer a sua defesa dizendo que nunca tinha feito ataques pessoais. Relativamente às acusações de má gestão, nem uma palavra sobre o assunto. José Valentim Sousa, o presidente do PSD-Paços de Ferreira, continua a agir como se o PSD do passado recente fosse um outro longínquo e que nada tem que ver com o que preside.

 

Uma lambarice. O Natal é já amanhã e a sugestão que lhe deixo já não pode ser usada na noite de consoada, mas pode sê-lo várias vezes ao longo do ano. Aqui mesmo ao lado, em Vila das Aves, há o Mosteiro da Visitação, de umas freiras muito simpáticas que confeccionam uns bombons de chocolate caseiros. A produção destas iguarias é uma das formas de garantir algumas receitas para fazer face às despesas do mosteiro. Caso queiram provar os bombons e, ao mesmo tempo, ajudar o Mosteiro da Visitação, enviem um email à responsável por este projecto, a Irmã Raquel, e façam a vossa encomenda. O endereço de email é ir.raquelsilva@ordemdavisitacao.com .

 

É Natal. Feliz, feliz Natal que nos consegue trazer de volta às ilusões dos nossos dias de infância; que recorda aos mais velhos os deleites da juventude; que conduz os mais novos à alegria dos presentes; que transporta muitos dos portugueses dispersados pelo mundo até à serenidade do seu lar; que nos faz acreditar que o Menino-Deus nos trará um ano melhor. Feliz Natal!

 

Qui | 18.12.14

Alinhamentos: Inadequado, Desenquadrado e Desajustado

fcrocha

 

Inadequado. Será que os fins justificam os meios? A resposta a esta questão depende dos fins que pretendemos alcançar, sempre sem esquecer os meios utilizados para alcançar esses fins. O objectivo até pode ser o mais honroso, mas se usamos meios menos bons e menos nobres, então o fim não justiça os meios. Vem isto a propósito do facto de 12 generosas voluntárias da Cruz Vermelha de Vilela que, inspiradas no calendário do Bombeiros Voluntários de Setúbal, decidiram usar a sua sensualidade num calendário a que chamaram “Projecto sensualidade solidária”. Angariar fundos para a Cruz Vermelha Portuguesa é um fim muito nobre. Fazê-lo usando imagens sensuais das suas voluntárias é um meio que em nada dignifica a instituição e coisifica aquelas mulheres. Certamente que há outras formas de ajudar a instituição.

 

Desenquadrado. No passado sábado, ao final da tarde, passei no centro da cidade de Porto. Junto ao edifício da Câmara Municipal havia muito entusiasmo, com muitas pessoas na rua, apesar do frio que se fazia sentir. O motivo era animação de rua por causa do Natal que se aproxima. É certo que há muitas luzes nas ruas, grandes árvores de Natal, muitos pais-Natal, mas não há um único Presépio. Não há uma única alusão ao aniversariante do dia 25 de Dezembro. Celebrar a festa com esta grandiosidade, omitindo o verdadeiro motivo da celebração parece-me despropositado.  

 

Desajustado. A TAP tem 12 sindicatos. Um por cada quatro aviões que a companhia área possui. Só por aqui se percebe o quanto é instrumentalizada e dominada pelos sindicatos. Os funcionários desta empresa pública decidiram agendar uma greve para os dias em que mais pessoas precisam do serviço que prestam. Não ponho em causa o direito à greve. Mas esta greve prova bem a ideia estalinista que aqueles sindicatos têm sobre as empresas públicas e o quanto não é compatível com um regime democrático. A TAP é daquelas empresas que os sindicatos ajudam alegremente a destruir, fazendo greves “a torto e a direito”, usando e abusando da empresa como se fossem donos da mesma, prejudicando os utentes. A TAP já sobreviveu a várias crises, a vários governos, mas dificilmente sobreviverá aos poder dos sindicatos.

 

Qui | 11.12.14

Cinco perigos mortais da cultura de hoje.

fcrocha

 

 

O texto não é meu, foi escrito por Tom Hoopes e foi-me enviado hoje por um amigo. O autor acredita que “a história julgará severamente a nossa civilização” devido a cinco perigos culturais muito actuais. E eles são:

 

“1. O abandono da família por parte dos homens.

 

A família foi a maior invenção da história para trazer a paz, a estabilidade e a prosperidade aos seres humanos. […] O desprezo pelo modelo de família tradicional é um factor de crucial importância no aumento da pobreza. As famílias tendem a ficar presas num círculo vicioso em que os homens abandonam suas responsabilidades e, agindo assim, “convencem” a próxima geração a seguir os mesmos passos. Quando os homens abandonam suas famílias, os filhos acabam recebendo menos educação e ficando mais expostos ao crime e à violência. Será que a história vai nos marcar como a cultura que conseguiu extinguir a instituição da família?

 

  1. O extermínio dos mais frágeis

 

“Toda sociedade será julgada com base no seu modo de tratar os membros mais fracos", declarou o papa João Paulo II, numa afirmação absolutamente certa. Ficamos horrorizados com os pecados das sociedades do passado: torturas, punições assustadoras e perseguições raciais. As culturas do passado eram muito mais brutais do que a nossa, desde que não levemos em conta o aborto. E por quê? Os historiadores do futuro ficarão horrorizados ao documentar que a mesma civilização que conseguiu tantos avanços na compreensão e no tratamento da vida humana ainda no útero também matava um milhão de crianças não nascidas por ano. […]

 

  1. A epidemia de suicídios

 

Os índices de suicídio têm aumentado ao longo do século XXI. Hoje, o gesto de acabar com a própria vida é a terceira principal causa de morte de jovens nos Estados Unidos. Em 2012, ainda nos EUA, o suicídio ultrapassou os acidentes de carro como a principal causa de morte por lesão e se tornou também a principal causa de morte entre os militares da activa. Há muitas teorias sobre o porquê deste fenómeno. Uma delas aponta para o crescente isolamento social: é cada vez menos comum as pessoas terem um confidente ou um grupo regular de amigos ou vizinhos com quem possam contar. E a solidão leva ao desespero. […]

 

  1. A sexualização infantil

 

Quanto mais as crianças usam os média modernos, mais elas são convencidas de que a sexualidade é a coisa mais importante que existe. As meninas, em especial, recebem esta mensagem desde muito jovens, através de peças de vestuário, bonecas e programas de televisão carregados de sensualidade, sem falar no conteúdo online disponível 24 horas por dia. O abuso sexual cometido contra crianças tem muito a ver com a sexualização infantil. [..]

 

  1. A coisificação da mulher

 

As gerações futuras vão se perguntar como, numa época de ênfase nos direitos e nas oportunidades para as mulheres, a nossa cultura definiu as mulheres tão disseminadamente como objectos de prazer. Uma das maiores máquinas de fazer dinheiro dentro da indústria do entretenimento é a pornografia. Nossa cultura está quase o tempo todo olhando para imagens sexuais, a maioria delas tendo as mulheres como objecto. As mulheres estão cada vez mais coisificadas, da "cultura do estupro" às imagens que nos rodeiam em quase todos os meios de comunicação. A epidemia de tráfico de seres humanos é o resultado triste, mas nem um pouco surpreendente, desta armadilha disfarçada de “liberdade”. É inegável a realidade: o grande ensaio da democracia ocidental trouxe-nos mais oportunidades e mais liberdade do que qualquer outro momento da história. Mas as fraquezas da nossa cultura actual são fatais. Sem Deus, ruiremos completa e estrondosamente.”

 

 

Qui | 04.12.14

Facilitar primeiro e comemorar depois

fcrocha

 

No dia em que escrevo este texto, celebra-se o Dia Mundial da Pessoa com Deficiência. Na região, todas as Câmaras Municipais celebraram o dia com alguma visibilidade. No entanto, são as mesmas autarquias que continuam a plantar sinais de trânsito, publicidade e árvores no meio dos passeios. As mesmas autarquias que, com pompa e circunstância, organizam actividade solenes para comemorar este dia, continuam a não ser capazes de construir passeios na maioria das suas freguesias. A região continua repleta de barreiras arquitectónicas.

 

A comunidade deve ser acessível a todos os seus membros. Os cidadãos com dificuldade de mobilidade têm de poder ser utentes de todas as estruturas existentes, caso o decidam. Com efeito, a comunidade só será acessível se todos os seus membros a puderem utilizar, movimentando-se no seu espaço e utilizando os seus serviços e equipamentos sociais com o máximo de autonomia possível.

 

A região vive hoje uma grave crise de mobilidade e precisa de definir com urgência uma política de mobilidade urbana que dê prioridade às pessoas, a todas as pessoas. É preciso garantir e ampliar a cidadania através de uma política de acessibilidade para as pessoas com mobilidade reduzida. Por isso, as Câmaras Municipais têm a obrigação de proporcionar aos cidadãos com necessidades especiais o máximo de autonomia na utilização dos espaços públicos e assegurar-lhes condições de mobilidade com segurança. Por exemplo, há escolas novas onde alunos e professores continuam a não ter acesso à biblioteca ou a outras áreas, simplesmente porque não se situam no rés-do-chão. Quase todas as sedes das Juntas de Freguesia da região não contemplam um acesso facilitado a um cidadão que se mova em cadeiras de rodas.

 

Deixo uma sugestão: para o ano, neste mesmo dia, os autarcas podiam aproveitar para o comemorar enunciando todas as medidas que tomaram para eliminar as barreiras que dificultam ou impedem a completa integração social das pessoas com deficiência.