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alinhamentos

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Ter | 26.11.13

Um político inconveniente

fcrocha

Há pouco mais de dois anos, por altura do lançamento do livro “Inconveniências”, do Professor Fernando Sena Esteves, a personalidade mais ilustre da ficha técnica do nosso jornal, convidei o General António Ramalho Eanes para fazer a sua apresentação, uma vez que os une uma relação de amizade. Ramalho Eanes acedeu, sem hesitações, ao convite que lhe dirigi.


Nessa altura, tive o prazer de descobrir que por detrás daquela personagem aparentemente austera de militar e ex-Presidente da República existia um homem com um apurado sentido de humor, sensível e humanista. Na verdade, foi um dos momentos mais importantes que experimentei enquanto director do VERDADEIRO OLHAR.


António Ramalho Eanes detém um currículo admirável, mas naquele encontro mostrou-se um homem simples, despido de vaidades ou preconceitos. Aceitou deslocar-se a Penafiel sem qualquer exigência, recusando até a oferta de alojamento para aquela noite alegando que “até Lisboa é um instantinho”.


A homenagem pública que, na capital, recebeu esta semana mostrou-nos, na voz e nos argumentos de cada um dos que a quiseram fazer, que ainda há políticos de enorme dignidade, honestidade, integridade e patriotismo, e, portanto, merecedores de admiração e respeito.


Ao contrário de tantas outras personalidades que nestes tempos conturbados em que vivemos têm agido ao sabor dos interesses pessoais e partidários, seja a pedir demissões, ou eleições ou até a apelar à violência, o General António Ramalho Eanes tem falado sempre com ponderação e sentido de responsabilidade, transmitindo o que, na sua opinião, seria melhor para Portugal, mas sem retirar a esperança de dias melhores.


Quando foi Presidente da República, o então primeiro-ministro, Mário Soares, fez aprovar uma lei que retirava a Ramalho Eanes a pensão que lhe era devida, que promulgou sem hesitação. Catorze anos depois, uma decisão de um tribunal competente condenou o Estado a devolver as pensões indevidamente retiradas, num valor total de 1,3 milhões de euros. Mas Ramalho Eanes recusou receber esse dinheiro. E, a propósito disso, escreveu Fernando Dacosta o seguinte: “O acto do antigo Presidente ganha repercussões salvíficas da nossa corrompida, pervertida ética. Com a sua atitude, Eanes (que recusara já o bastão de marechal) preservou um nível de dignidade decisivo para continuarmos a respeitar-nos, a acreditar-nos – condição imprescindível ao futuro dos que persistem em ser decentes”.


Para muitos de nós, o General Ramalho Eanes representa a esperança. A esperança de que, apesar do pessimismo e da pouca sorte que tivemos com alguns políticos, Portugal é um país construído sobre uma base de gente honesta.


Qua | 20.11.13

Observar: Lago mudo

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Captei esta foto num dos pequenos lagos existentes no Parque da Cidade, no Porto. Observando-a, recordo-me de um verso de Fernando Pessoa:
“Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece."

 


Ter | 19.11.13

Um exemplo de despesismo

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Em 2006, o então Ministro da Justiça Alberto Costa, adjudicou sem concurso, o arrendamento dos edifícios onde funciona o Campus da Justiça, em Lisboa. Por ano, o Estado [que somos todos nós] paga uma renda de 15 milhões de euros. Ou seja, em 2016, quando terminarem os 10 anos do contrato de arrendamento, terão sido gastos em rendas qualquer coisa como 150 milhões de euros…e os edifícios continuarão a ser do actual proprietário.

Confesso que não percebo nada de construção civil, mas parece-me que 150 milhões de euros dariam para construir alguns bons edifícios que, depois de pagos, seriam propriedade do Estado.

Sab | 16.11.13

O execrável descaramento de Paulo Morais

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Na passada terça-feira, Paulo Morais, o imaculado transparente que diz umas coisas sobre corrupção e que depois de investigadas nunca deram em nada, lembrou-se de escrever um artigo no Correio da Manhã intitulado “Negócio da Fome”, onde afirma que quem ganha com a recolha de alimentos que se faz em Portugal são os hipermercados e o Governo.

 

Que este pateta [para não ter que lhe chamar um nome mais feio] ganhe a vida a acusar tudo e todos de corruptos, até suporto, é mais um a dizer asneiras pegadas. Já não é aceitável que diga que “os voluntários da Cruz Vermelha que participam na ‘Operação Sorriso’ cumprem a função (involuntária) de promotores de vendas do Continente”. Isto não é galhofar com a solidariedade, é não ter respeito para com os que se disponibilizam para fazer estas recolhas de alimentos e não ter consideração pelas milhares de famílias que delas beneficiam.

 

Provavelmente, este matemático e professor universitário (não sei se é abusivo chamar “professor universitário” a um senhor de que dá aulas na Lusófona) nunca deve ter contribuído em nenhuma dessas recolhas de alimentos, nunca deve ter feito voluntariado e, muito menos, jamais terá tido necessidade de recorrer a um banco alimentar para dar comer à família. Por isso, não sabe do que fala. Mas isso não o desculpa de escrever de forma tao leviana sobre um assunto tão sério.

Sex | 15.11.13

Cunhal e o comunismo.

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Esta semana fomos quase que invadidos na imprensa com a efeméride comunista da passagem dos 100 anos sobre o nascimento de Álvaro Cunhal. Não há televisão ou jornal que não tenha uma grande reportagem biográfica sobre o ex-líder comunista. Olhando para tudo isto, parece-me anedótica a forma como o jornalismo nacional transforma o totalitarismo vermelho numa grande democracia. Talvez por falta de memória jornalística, esqueceram-se de que Álvaro Cunhal lutou toda a sua vida contra a democracia. Por isso, parece-me oportuno recordar aquilo que não aparece nas biografias oficiais do Partido Comunista.

 

A primeira coisa que o PCP omite nas suas biografias é que Cunhal apoiou o pacto de não-agressão germano-soviético de 1939. A fazer prova disso estão os vários artigos de opinião que escreveu no jornal “O Diabo” em que defende que este pacto [entre a URSS e a Alemanha de Hitler] podia ser benéfico para a internacional comunista. Em 1940 chegou mesmo a escrever o seguinte: “Mas haverá alguma diferença entre a Alemanha do Sr. Hitler e a França do Sr. Daladier ou mesmo a Inglaterra do Sr. Chamberlain?”. Ora, quando Cunhal escreveu isto, já 15 anos antes Hitler tinha escrito o “Mein Kampf”, onde defendia a perseguição aos judeus.

 

Outro dado que não deve ser omisso e muito menos esquecido é que em 1956, no XX Congresso do PCUS, quando Krushchev apresentou um relatório a denunciar os crimes de Hitler, Estaline opôs-se ao relatório de Krushchev e Cunhal manifestou apoio a Estaline.

 

Outro dado importante é que, já depois do 25 de Abril de 1974, Álvaro Cunhal continuou a lutar contra a democracia. Como não conseguiu ganhar as eleições de 1975, avançou para o golpe do 25 de Novembro, que, se tivesse tido sucesso, teria transformado Portugal numa ditadura comunista.

  

Tentar branquear uma ideologia através da imagem simpática de um líder é pura má-fé. Importa recordar que todos os países que adoptaram o regime marxista tiveram e têm matanças eloquentes. A título de exemplo, a política perseguida por Mao Tsé-Tung para tornar a China num país “socialista” terá sido responsável pela morte de cerca de 65 milhões de pessoas. Esta semana, o jovem líder da Coreia do Norte mandou matar mais 80 pessoas porque tinham uma Bíblia em casa ou porque viam filmes sul-coreanos.

 

Um outro exemplo, já numa dimensão mais moderada, vem da Venezuela, onde estão muitos portugueses da nossa região: o Presidente Maduro mandou as tropas invadirem lojas e supermercados – num país que produz petróleo, não há sequer papel higiénico à venda.

 

Compreendo que os comunistas celebrem os 100 anos de Cunhal. Não compreendo que a imprensa nacional se esqueça de que no comunismo o totalitarismo é a regra.

 
Qua | 13.11.13

Observar: Quarto Crescente

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Na segunda-feira a lua encontrava-se em Quarto Crescente, o quer dizer que, desde que aconteceu a Lua Nova, ela deslocou-se 90º em relação à Terra. Este era o aspecto do semicírculo visto ontem à noite a partir da varanda da minha casa.

 

 

 

 

Qua | 06.11.13

A sério? Vai mesmo?

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Na semana passada, a imprensa nacional entrou numa histeria total com um suposto inquérito que o Papa Francisco ia fazer a todos os fiéis católicos. Uns jornais traziam em letras garrafais que “o Papa faz inquérito sobre homossexualidade, divórcio e natalidade”, outros escreveram que “o Papa quer acolher gays na Igreja” e até houve quem entrevistasse líderes de movimentos gays para saber a sua opinião. Mas, afinal, o que é que o Papa fez para merecer tanto alarido da imprensa nacional?

 

No início desta semana, o director de Imprensa da Santa Sé, o Padre Frederico Lombardi, desmentiu que alguma vez o Papa Francisco tenha proposto um questionário dirigido aos católicos de todo o mundo, consultando-os sobre as uniões homossexuais ou sobre as pessoas divorciadas. Isto suscitou, da nossa parte, as seguintes interrogações, que vão acompanhadas das respectivas respostas, que julgamos serem esclarecedoras:

 

1 – Então, o Papa Francisco não enviou um inquérito às paróquias e aos fiéis, tal como foi noticiado?

Não! O Papa Francisco enviou um documento preparatório aos bispos de cada diocese, para abordar questões pastorais e assistir espiritualmente, entre outros temas, as pessoas em situação familiar irregular.

 

2 – Mas esta sondagem que o Papa quer fazer vai alterar as posições da Igreja?

O Papa não vai fazer nenhuma sondagem de opinião. Isto é uma recolha que os bispos devem fazer para conhecer de forma abrangente a sensibilidade dos fiéis sobre esses temas. Faz parte do trabalho de preparação do Sínodo de 2014.

 

3 – Estas perguntas pressupõem uma mudança na doutrina?

A esta pergunta o Padre Frederico responde dizendo que “uma pergunta não é uma posição doutrinal da Igreja”.

 

4 – Todo este processo de consultas é revolucionário?

Também não. Antes de cada sínodo, os Papas consultam as conferências episcopais, tal como aconteceu desta vez.

 

Conclusão: em vez de informar, alguma comunicação social nacional tentou lançar a confusão junto dos leitores.