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alinhamentos

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Ter | 31.07.12

Tirania cultural

fcrocha

Não sou contra as touradas, nem sou a favor. Diria que sou tauromaquicamente agnóstico. Quando ligo a televisão e está a dar uma tourada, mudo de canal. Não por ser contra, apenas porque não aprecio aquele género de programa. Eu não gosto de touradas, da mesma forma que também não gosto de telenovelas, nem dos programas do Goucha. Mas não sou contra nenhum deles.

 

O facto de eu não gostar de touradas não quer dizer que não reconheça que a tauromaquia é parte integrante do nosso património artístico e cultural.


Vem isto a propósito do ruído que se fez para tentar impedir uma tourada em Lousada.  As investidas que se fizeram contra a tourada foram claramente assentes em princípios ideológicos. Este tipo de manifestações são sinais de tirania cultural.

 

Impedir a realização de touradas é uma agressão à cultura e à liberdade.

 

 

Sex | 27.07.12

Dois galos para o mesmo poleiro

fcrocha

 

Primárias. Admito que me dá alguma satisfação assistir ao jogo partidário que se pratica neste tempo de pré-eleições autárquicas. Mas se há concelho onde isto será ainda mais estimulante é em Penafiel. Neste concelho, muito antes de se disputar a luta pela cadeira do poder na Câmara Municipal, vamos presenciar à luta pelo primeiro lugar na lista a apresentar a votos. É claro que me refiro à “Coligação Penafiel Quer”.

 

A sucessão. Na coligação de direita há dois sucessores naturais. Um deles é o herdeiro natural do PSD que é o deputado Mário Magalhães. Só que o poder em Penafiel não é do PSD, mas sim de uma coligação que tem um outro descendente natural: o vereador Antonino de Sousa. É o vereador que está há mais tempo em exercício de funções e que tem sido o braço direito de Alberto Santos. Os dois ambicionam ser candidatos.

 

Bicos de pé. Esta semana, o deputado Mário Magalhães fez chegar à caixa de correio dos penafidelenses um boletim onde narra toda a sua actividade durante um ano na Assembleia da Republica. O documento onde Mário Magalhães se intitula de “deputado por Penafiel” é uma cópia do que o social-democrata vai escrevendo no seu Facebook, acompanhado de muitas fotografias. O que leva um deputado da Nação (e não de Penafiel) eleito pelo distrito do Porto a enviar uma carta a todos os habitantes do concelho de Penafiel? A resposta é simples: exercer pressão sobre o seu partido e a tentativa de ampliar a sua notoriedade naquele concelho.

 

Pôr-se a jeito. Antonino de Sousa já há muito que se pôs a jeito para ser o candidato da coligação de direita. Começou por se afastar completamente das actividades partidárias do CDS-PP, numa tentativa de agradar aos social-democratas mais ortodoxos. Para além disso, teve a ajuda de Alberto Santos que lhe concedeu os pelouros com maior visibilidade e lhe tem dado oportunidade para brilhar em vários momentos relevantes para o Município.

 

Dividir para reinar. É do conhecimento público que Antonino de Sousa nunca acederá a integrar uma lista encabeçada por Mário Magalhães e que, nesse caso, avançará com uma candidatura independente. Se assim for, ao socialista André Ferreira bastar-lhe-á os mesmos votos que teve Sousa Pinto para ser o próximo presidente da Câmara Municipal de Penafiel.

Qui | 26.07.12

Tens lumes?

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Nem o estado do tempo ajuda o Miguel Relvas. Esta noite choveu bastante e parece que a próxima vai ser igual. Com toda esta chuva lá se vão os fogos florestais. Com os fogos florestais vão-se os motivos de reportagem das televisões. Toca a pegar fogo ao Relvas.

Sab | 21.07.12

Isto não é omitir, é enganar.

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Confesso que me dá uma certa tristeza a forma como a comunicação social nacional dá pouco, ou nenhum, relevo às coisas boas que se dizem sobre o nosso país.

 

Na passada quinta-feira, a agência internacional Reuters divulgou um texto que tinha por título: “Líder de Espanha podia aprender algumas lições de Portugal”. O mesmo texto, entre outras coisas, diz que a Espanha deveria retirar ensinamentos da forma como Vitor Gaspar gere as finanças do vizinho mais pequeno, que já leva um ano de intervenção externa.

 

Omitir da maioria dos portugueses estas pequenas lufadas de ar fresco é não ter respeito pelos sacrifícios que a maioria da população está a passar, roubando a esperança que nos faz acreditar que o resultado destes trabalhos reverterá em dias melhores.

 

Por certo, que se este texto da Reuters tivesse uma critica a Portugal, por mais pequena que fosse, seria noticia em todas as televisões e jornais nacionais.

 

 

Sex | 20.07.12

O príncipe da comunicação.

fcrocha

Como quase todos os portugueses, também fui dos que fiquei colado ao televisor a assistir às histórias que o Prof. José Hermano Saraiva contava. Ultimamente via-as, juntamente com o meu filho mais velho, na RTP2 e na RTP Memória. Ele, tal como eu, ficou rendido à forma como o historiador contava as mais heroicas histórias, assim como as mais nebulosas, da História portuguesa.

 

Este príncipe da comunicação conseguiu contar a História de tal forma que hoje faz parte da História de Portugal.

 


Qua | 18.07.12

Quando se diz tudo o que se pensa...

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O Senhor Bispo das Forças Armadas fala muito e, como fala muito, às vezes diz disparates. D. Januário Torgal Ferreira pode – e deve – criticar quem muito bem lhe apetecer. Pode dizer deste governo, a exemplo do que disse de outros, cobras e lagartos. Pode dizer, mas quando acusa os ministros de serem “profundamente corruptos”, tem que dizer quem e porquê. Quando se diz tudo o que se pensa, às vezes não se pensa no que se diz. A Igreja é feita de homens e, por isso, às vezes aparecem uns assim.

Ter | 17.07.12

Greves chiques

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Greves I. Primeiro foram esses pobres e desgraçados dos pilotos da TAP e dos controladores aéreos que têm como salário mensal médio nove mil euros. Agora, foram os médicos, outra espécie pobre e lastimosa que tem salários que vão dos dois mil aos cinco mil euros, só no serviço público. O que têm duas classes em comum? Ganhar mal? Desemprego? Não. As únicas coisas que têm em comum é que fazem parte daqueles portugueses que vivem com um emprego estatal, não sofrem do mal do desemprego e ganham muito acima da média dos portugueses.


Greves II. Afinal, porque é que os médicos fazem greve? O que a Ordem dos Médicos não disse, porque não lhes interessa, é que eles ganhavam, por cada hora extraordinária, 80 euros e o Ministro da Saúde decidiu reduzir esse valor para 30 euros. Para além de abater esse valor, o Ministro tem persistido em modelos de organização que reduzem o número de horas extras que os médicos fazem. Portanto, este é o verdadeiro fundamento pelo qual os médicos fazem greve. Para que se perceba como funcionava (e ainda funciona) o sistema nacional de saúde, há um médico no Algarve que recebeu 750 mil euros num ano.


Greves III. Afinal, fará algum sentido, num país que faliu e que só continua a pagar salários porque a Troika nos emprestou dinheiro, que os médicos aufiram 80 euros por hora extraordinária, quando há mais de um milhão de pessoas que ganham pouco mais do que isso por semana? Faz sentido, numa altura em que os sacrifícios tocam a todos, que os médicos e os pilotos da TAP sejam os únicos a não sofrer com isso? É triste que, enquanto uma grande parte da população luta contra empregos precários e desemprego, os médicos e os pilotos da TAP, que têm o lugar garantido e sem desemprego na sua profissão, se dediquem a fazer greves para manter os seus privilégios, prejudicando aqueles que já são muito lesados todos os dias. Decência, é o que lhes falta.

Seg | 16.07.12

Descubra as diferenças.

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Álvaro dos Santos Pereira licenciou-se em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e doutorou-se, também em Economia, pela Simon Fraser University, em Vancouver. Um dos seus primeiros actos públicos foi a quebra do formalismo no seu próprio tratamento, pedindo que fosse tratado simplesmente por Álvaro. Miguel Relva esqueceu-se de estudar para obter uma licenciatura e faz questão de ser tratado por “doutor”.

Qua | 11.07.12

Doutores e engenheiros

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Para chegar a José Sócrates, a Miguel Relvas apenas falta fingir que pratica jogging e estuda em Paris. No resto, as semelhanças arrepiam um céptico. O dr. Relvas manda no Governo. O dr. Relvas cuida das clientelas do principal partido do Governo. O dr. Relvas emite propaganda reformista enquanto manobra para que reforma alguma seja realizada. O dr. Relvas coloca frequentemente jornalistas na ordem e vale-se da honrada ERC e da apatia geral para escapar impune. O dr. Relvas vê o seu óptimo nome chamado a casos no mínimo pouco edificantes e no máximo criminosos. E o dr. Relvas dá-nos razões de sobra para acrescentarmos o título antes do nome por pura ironia.

À semelhança do eng. (se soubessem o gozo que esta abreviatura me dá) Sócrates, o dr. (idem) Relvas parece igualmente ter adquirido a licenciatura num vão de escada, ou pelo menos no topo de uma escada sem muitos degraus. Os pormenores do primeiro caso, incluindo o fax ao domingo, são já lendários. Os pormenores do segundo, agora divulgado, preparam-se para ingressar na lenda.

De acordo com a imprensa, o dr. Relvas frequentou, em 1984 e na prestigiada Universidade Livre, os cursos de História, de que concluiu uma disciplina (com dez valores), e de Direito, de que não concluiu nenhuma. Onze anos depois, inscreveu-se no curso de Relações Internacionais na Universidade Lusíada, sem sequer ter frequentado qualquer cadeira. Em 2006/2007, mudou-se para a Universidade Lusófona, que após uma aturada análise do percurso académico do dr. Relvas concedeu-lhe a equivalência num número indeterminado de disciplinas e a possibilidade de terminar o curso de Ciência Política e Relações Internacionais numa singela temporada. O dr. Relvas aproveitou a deixa, fez quatro disciplinas e, um belo dia de 2007, apareceu licenciado.

Espero ser redundante acrescentar que, por si, um diploma significa pouquinho. Só há duas atitudes mais saloias do que atribuir exagerada importância ao curso que se obteve legitimamente: pretender que se obteve um curso e "tirá-lo", visto que "tirar" é o termo, de forma ilegítima. Pelos vistos, o dr. Relvas escolheu a última hipótese, no que já começa a configurar uma tradição da nossa classe política e uma prova do respectivo, e ilimitado, provincianismo.

E se os provincianos com poder têm a desvantagem de atrasar uma sociedade, também têm a virtude de a transformar num divertimento para quem se dá ao luxo de contemplá-la à distância. Como o eng. Sócrates, o dr. Relvas diverte, quase tanto quanto o espectáculo dado pelos que se indignavam com a peculiar licenciatura do eng. Sócrates para hoje defenderem o direito do dr. Relvas à falcatrua e, em contrapartida, pelos que afiançavam a lisura curricular do eng. Sócrates para hoje exigirem a cabeça (simbólica, salvo seja) do dr. Relvas. É verdade que a direcção do PS preferiu o silêncio, à imagem da actual direcção do PSD aquando do "debate" sobreo "inglês técnico" do eng. Sócrates. Mas não se veja dignidade onde só existem interesses, privilégios e trapaças comuns. Estão bem uns para os outros, o "engenheiro", o "doutor", os séquitos de ambos, o ensino "superior" especializado em favores e, na medida em que toda a paródia resultará em nada, o país assim parodiado.

 

Por: ALBERTO GONÇALVES
DN 2012-07-08

Seg | 09.07.12

Rir para não chorar

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Numa reportagem que a SIC passou ontem à noite, Manuel Dias Loureiro, ex-Ministro de Cavaco Silva, disse [sem se rir] que o salário de ministro não dava quase para nada. E até deu um exemplo. Segundo Dias Loureiro, a salário que auferia enquanto ministro mal dava para pagar os vestidos que a sua mulher tinha que comprar para ir aos jantares oficiais.


Já agora, o Ministro Miguel Relvas já se demitiu ou não?

Dom | 08.07.12

Confundir a obra-prima do mestre com a prima do mestre-de-obras.

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Um politólogo não é um político. Ciência política e actividade política não são a mesma coisa. Investigar e metodizar a actividade política é radicalmente diferente de exercitar a actividade política. Isto para dizer que consinto que a experiência profissional seja tida em conta no acesso ao ensino superior, tal e qual como já acontece com acesso para maiores de 23 anos. Agora, outorgar um grau académico assente na sua experiência profissional é descredibilizar a ciência. Isto é confundir a obra-prima do mestre com a prima do mestre-de-obras.

Sab | 07.07.12

Trafulhice e doutorice

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Trafulhice. John Major sucedeu a Margaret Thatcher e foi primeiro-ministro inglês. Não era licenciado em nada, ninguém lhe exigiu uma licenciatura, nem os ingleses acharam que isso era importante para o desempenho das funções de primeiro-ministro. Tanto é que todos sabiam que o senhor não era licenciado e ninguém achou que isso era relevante. O que os britânicos não toleram é a trafulhice. Vem isto a propósito da licenciatura duvidosa do ministro Miguel Relvas. Já tivemos um primeiro-ministro que inventou uma licenciatura em engenharia tirada ao domingo, agora temos um ministro que frequentou apenas quatro “cadeiras” das 36 exigidas no curso e é licenciado. O problema não está no facto de o senhor ter ou não ter licenciatura. O problema é a trafulhice que esta gente faz para conseguir o canudo. E quem faz isto, faz muito mais com toda a certeza. Era conveniente recordar a Miguel Relvas que por muito menos demitiu-se o Presidente da Alemanha. Há pouco mais de um ano, um jornal alemão levantou a suspeita de que o então presidente alemão tinha plagiado uma parte da sua tese de doutoramento e, imediatamente, o senhor pediu a sua demissão. A permanência de Miguel Relvas no Governo vai descredibilizar o trabalho de outros ministros.


Doutorice. Toda a gente fala em tirar um curso. Os pais querem, à força toda, que o filho tire um curso. Que seja doutor. Os filhos vão todos para psicólogos, jornalistas, gestores e engenheiros de coisas estranhas. Quer dizer, eles não vão. Eles tiram esses cursos e depois para onde vão – mas vão mesmo – é para o desemprego. Na última Assembleia Municipal de Lousada, a vereadora Cristina Moreira, em jeito de lamento, lá foi dizendo que naquele concelho existem dezenas de ofertas de emprego que estão por preencher. Mas também disse que conseguiu que fossem leccionados alguns cursos profissionais na escolas do concelho e que não têm alunos, porque os pais não deixam os filhos frequentar esse tipo de cursos. Os números do desemprego revelam que um diploma na mão não é garantia de emprego certo, mas os pais continuam a apostar em licenciaturas que não servem para nada, hipotecando o futuro dos filhos. Saber escolher a profissão é o melhor trunfo para escapar ao desemprego.

Seg | 02.07.12

El Público

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Quem olhar para a primeira página de hoje do jornal Público fica confundido porque pensa que esta a ver o El Pais ou até que o Público tem uma edição espanhola.


A capa é usada quase na sua totalidade com uma foto da vitória da Espanha no Euro 2012, mas não existe uma única linha para dar conta da medalha de ouro de campeã europeia nos 10 mil metros de atletismo que a atleta Dulce Felix conseguiu. É que por azar (para o Público) a senhora até é portuguesa.

 


Dom | 01.07.12

Curso para todos, emprego para ninguém.

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Toda a gente fala em tirar um curso. Os pais querem, à força toda, que o filho tire um curso. Que seja doutor. Os filhos vão todos para psicólogos, jornalistas, gestores e engenheiros de coisas estranhas. Quer dizer, eles não vão. Eles tiram esses cursos e depois para onde vão – mas vão mesmo – é para o desemprego.

 

Vem isto a propósito da última Assembleia Municipal de Lousada, onde a vereadora Cristina Moreira, em jeito de lamento, lá foi dizendo que em Lousada existem dezenas de ofertas de emprego que estão por preencher. Mas também disse que conseguiu que fossem leccionados alguns cursos profissionais na escolas do concelho e que não têm alunos porque os pais não deixam os filhos frequentar esse tipo de cursos.

 

Os números do desemprego revelam que um diploma na mão não é garantia de emprego certo. Saber escolher a profissão é o melhor trunfo para escapar ao desemprego.